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19 de dez. de 2012

SÓ VOCÊ É CAPAZ DE LIMITAR SEU CRESCIMENTO


SÓ VOCÊ É CAPAZ DE LIMITAR SEU CRESCIMENTO



    A observação sistemática do comportamento dos indivíduos tem mostrado que conhecemos muito pouco a respeito do nosso próprio comportamento. Pelo fato de termos acesso privativo aos próprios pensamentos e sentimentos, acreditamos possuir conhecimentos profundos dos porquês nos comportamos de determinadas maneiras. Contudo, esse tipo de conclusão não tem recebido suporte científico. Freud foi um dos primeiros pensadores a apontar o quanto da motivação humana permanece obscura à própria pessoa e sugeriu que tornar consciente essas motivações seria um passo importante para o estabelecimento de uma vida saudável.
    O autoconhecimento é adquirido, aprimorado e influenciado de acordo com a observação, percepção e interpretação que o indivíduo faz dos eventos de sua de vida, de sua cosmovisão (a visão que ele tem do conexto em que vive, do mundo e das pessoas). O problema é que nem sempre as pessoas conseguem fazer essa auto-observação e isso pode gerar sofrimento por desconhecimento das razões de seu agir, pensar e sentir, e conseqüente sensação de vazio, raiva e frustração.
    A psicoterapia é um processo de autoconhecimento que promove um maior desenvolvimento da percepção que o indivíduo tem dele mesmo, de seus comportamentos, pensamentos e sentimentos. O desejo de conhecer mais sobre nós mesmos geralmente nos remete a experiências da infância, vividas com nossos familiares mais próximos. Muitas lembranças são prazerosas, algumas podem vir acompanhadas de dor e angústia. Portanto, este é um processo temido por muitos, e várias são as manobras que utilizamos para evitar contato com nosso mundo interior. No entanto, reflexão e autoconhecimento são armas poderosas para resolver conflitos emocionais.
    A maior vantagem do autoconhecimento é que ele permite que o indivíduo encontre as reais causas das suas dificuldades possibilitando-lhe tomar atitudes para transformá-las. Por ser um processo temido, várias são as manobras conscientes e inconscientes, utilizadas pelo ser humano para evitar o contato com seu mundo interior. Os caminhos de alienação de si próprio são os mais diversos. Alguns evitam encarar sua realidade trabalhando o tempo todo, outros adoecem, outros comem ou gastam compulsivamente. Tudo isso para não ter tempo de olhar para si mesmo. Pessoas que não refletem sobre sua própria vida, distanciam-se cada vez mais de seus reais sentimentos, agem automática e impulsivamente, caminhando sem saber para onde. Muitos preferem levar a vida sem muitos questionamentos, pois analisar as próprias atitudes e comportamentos demanda coragem, sobretudo, quando se constata a necessidade de mudança, é como mexer num vespeiro. Dessa forma, evitam entrar em contato com seus sentimentos mais profundos, até como forma de defesa, temendo machucar-se.O perigo é a pessoa colocar toda culpa de seus insucessos, frustrações e dificuldades fora delas, nos outros, nas situações e contingências da vida e se acomodarem, parar de lutar, de crescer, de progredir.Passam a esperar e exiger que os outros mudem.
    Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMA! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Sua vida não muda quando seu chefe muda, sua empresa muda, seus pais mudam, sua namorada muda. Sua vida muda quando você muda. Quando você toma as rédias de seu próprio destino. O que muda é a maneira de você encarar a vida.
   O autoconhecimento nada mais é do que o antigo axioma ensinado por Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo". Significa ter consciência de si mesmo, percepção dos próprios sentimentos, conhecer o sentido da própria vida, fazer uma avaliação realista das próprias capacidades e limitações de modo a desenvolver o auto-encontro gerador da auto-estima e autoconfiança. Inteligência emocional é justamente esta capacidade de percepção dos próprios sentimentos a partir da qual, aprendemos a lidar com eles, dominando-os quando negativos, desenvolvendo-los quando positivos, de modo a se conquistar o equilíbrio emocional. Esse equilíbrio nos permite a motivação para uma vida mais harmonizada.
    Pensadores, filósofos e pesquisadores têm debatido sobre a importância de o indivíduo conhecer a respeito do seu próprio comportamento, ou seja, como alcançar o autoconhecimento e o quanto este é relevante para a garantia de sua saúde mental. A Psicologia é uma área do conhecimento que busca encontrar a resposta para essas questões por meio de método científico. Por este motivo, quando se deseja alcançar um grau mais profundo de autoconhecimento, recomenda-se a psicoterapia. Este processo é um recurso relevante para a produção das mudanças desejáveis, um caminho para compreensão dos motivos conscientes e inconscientes que nos leva a agir desta ou daquela maneira.
                             Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                         Psicóloga Clínica

O USO INTELIGENTE DAS EMOÇÕES


O USO INTELIGENTE DAS EMOÇÕES



    Nossas emoções operam em diversos níveis e se manifestam através de uma mescla de reações físicas e psicológicas. É, também, o motor das nossas condutas, ao produzirem uma série de respostas resultantes da percepção que fazemos das situações que vivenciamos. Cada emoção corresponde a determinadas reações fisiológicas.
    O termo “emoções negativas” se refere às emoções que embora façam parte da natureza do homem, quando em excesso tornam-se desagradáveis, por exemplo, ansiedade, raiva, tristeza. Emoções positivas são aquelas que em condições normais geram uma experiência agradável, como alegria, felicidade, prazer, amor, etc. Com a tristeza temos a diminuição do ritmo respiratório; a sensação de vazio. A raiva, o medo, a ansiedade têm em comum a secreção do hormônio adrenalina, que dispara o coração, preparando a pessoa para luta ou fuga. Com alegria temos um aumento na produção de endorfinas, hormônios analgésicos e calmantes naturais, que nos dão a sensação de bem-estar e felicidade. Estes são exemplos do quanto às emoções podem interferir e/ou influenciar nosso estado de bem estar físico e mental, afetando nossos comportamentos e atitudes no cotidiano, na forma como reagimos aos fatos e circunstâncias do nosso dia-a-dia.
    A Inteligência Emocional nada mais é que o uso apropriado de nossas emoções. Refere-se, ainda, às habilidades que temos de relacionarmos com outras pessoas, tendo como características básicas a empatia e a habilidade social. Pessoas que não se relacionam bem socialmente, com familiares, cônjuges, colegas e amigos, necessitam desenvolver a Inteligência Emocional, o autoconhecimento e melhorar a auto-estima.
    Acredita-se, hoje, que os transtornos psicossomáticos ou psicofisiológicos como dores crônicas, algumas tipos de dor de cabeça, disritmias cardíacas, enfermidades digestivas, algumas dermatites, dentre tantos outros sintomas, podem ser produzidos por uma excessiva ativação das respostas fisiológicas de órgãos e sistemas (cardiovascular, respiratório, etc). Todo sentimento tem seu valor, porém, precisamos da emoção controlada, ou seja, o sentimento proporcional e adequado às circunstâncias.
    Quando emoções são abafadas demais surgem, o embotamento, a tristeza, a angústia, o medo, a insegurança. Quando intensas e persistentes, tornam-se patológicas, como na Depressão Maior, na Agitação Maníaca, nas Fobias, Obsessões, Compulsões e no Pânico.
    Inteligência Emocional é a capacidade de perceber e avaliar os verdadeiros sentimentos e emoções, de lidar com ambos, dominando-os ou adequando-os, quando negativos, desenvolvendo-os e dando-lhes direcionamentos corretos, quando positivos, de modo a se alcançar tanto quanto possível, o equilíbrio físico e emocional. É necessário, ainda, saber interagir com facilidade, lidar adequadamente com situações de estresse, enfrentar novos desafios, solucionar conflitos, estabelecer vínculos de cooperação e trabalho em equipe, ser mais assertivo (saber lutar pelos seus direitos, sem prejudicar terceiros).
    A boa noticia é que, podemos desenvolver todos esses recursos. Para estarmos produtivos intelectualmente, é importante, exercitarmos a memória, ler, pesquisar, decorar textos, viajar, aprender com novas culturas, estudar línguas, falar em público, escrever, produzir intelectualmente, etc.
    Para melhorar a Inteligência Emocional ou o (QE), são fatores imprescindíveis, o autoconhecimento, ou seja, a capacidade das pessoas conhecerem a si próprias; ter autocontrole – ou capacidade de gerir as próprias emoções, manter um estado de espírito positivo e humor estável; mobilizar recursos para a automotivação, realizar tarefas e ações necessárias para alcançar seus objetivos. Exercitar a empatia ou a habilidade de comunicação inter e intrapessoal com estabelecimento de vínculos afetivos gratificantes, bom nível de auto-estima e vida espiritual ativa.
                         Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                    Psicóloga Clínica

TDAH adulto e problemas conjugais



  _ “Amor, você está me ouvindo?”
_“Ah, o que foi que você disse? Desculpe estava distraído...”.
      Pronto, está instalada a discussão que pode incluir acusações como “você nunca me escuta”, “nada do que eu falo é importante para você”, “você não se importa comigo”, “você não me ama mais”.
      Seu marido se esquece do seu aniversário de casamento ou de lhe trazer a encomenda que você pediu do supermercado, mesmo que você tenha ligado para lembrá-lo? Se isto é freqüente no dia-a-dia é bom observar a causa deste esquecimento.
      Problemas com atenção podem resultar em incompreensão e mal entendidos em muitos adultos com TDA/H (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade. A causa pode ser um simples esquecimento, uma distração qualquer, cansaço, preocupação momentânea, estresse ou até uma recusa, mas se essa condição for freqüente ou comum, seu cônjuge pode ser um portador de TDA/H.
_“Amor, esqueci de lhe contar, de novo, deixei o Joãozinho me esperando na porta da escola”.
_“ah!... outra coisa, amor... perdi meu celular no banheiro do shopping”.
_“Você não tem jeito mesmo, qualquer hora você vai perder a cabeça. E a minha camisa você buscou?
_Qual camisa?’’
      Pronto, se instalou a confusão.
      Você pediu para o seu marido colocar o lixo na rua e ele se esqueceu porque no caminho distraiu e se lembrou de dar ração para o cachorro.
      Sua esposa é desligada, no mundo da lua, esquece o feijão no fogo, da reunião na escola do filho, de pagar uma conta que você lhe pediu, nunca sabe onde deixou a chave da porta, está sempre distraída?
      O Deficit de Atenção e Hiperatividade caracteriza-se pela falta de perseverança nas atividades que exigem um envolvimento cognitivo e por uma tendência a passar de uma atividade para outra sem acabar nenhuma, associadas a uma atividade global desorganizada, descoordenada e excessiva.
      Muitas vezes, os parceiros de pessoas diagnosticadas com TDA/H percebe o seu cônjuge com dificuldades de escutar e atender pedidos ou até com incapacidade de honrar compromissos e faz a idéia de que seu parceiro seja displicente, indiferente, irresponsável, não colaborador, folgado ou desinteressado.
      Por outro lado, se você é o cônjuge portador de TDA/H, você pode não entender por que o seu parceiro está sentido ou chateado com você e achar que tudo não passa de incompreensão, intolerância, implicância ou hostilidade.
      Se em casamentos no qual nenhum dos dois é portador de TDA/H a dificuldade de comunicação é um problema comum, imagine quando o marido ou a esposa simplesmente não consegue prestar atenção ao que o outro diz por muito tempo.
_“Amor, você está me ouvindo? _“Ah, o que é? Desculpe estava distraído...”.
      Quem não ficaria chateado se o parceiro se esquecesse sempre dos compromissos, datas, aniversários e mesmo do seu prato predileto?
      No caso, do portador de TDAH, não se trata de falta de interesse ou descaso, mas, sim, de uma deficiência, com explicações biológicas.
      Inúmeros estudos científicos já demonstraram que o TDA/H sofre forte influência genética e está relacionado a uma alteração de neurotransmissores em determinadas regiões cerebrais, sobretudo daquelas responsáveis por funções executivas (Lóbolo Frontal) responsável por atividades de planejamento, organização, manejo do tempo, memória, capacidade de pensar antes de agir, controle das emoções, etc.
      O objetivo fundamental das funções executivas é fazer com que o indivíduo tome decisões acertadas tenha iniciativa, atitude e motivação para atingir os objetivos planejados.
      Se para os parceiros a convivência com o portador de TDA/H é desconfortável, para os portadores a situação também não é simples. Eles fazem um esforço sobre-humano para vencerem suas limitações e freqüentemente se sentem frustrados e deprimidos por não conseguirem corresponder às expectativas do parceiro.
      O adulto TDA/H carece de compreensão e tratamento para adquirir recursos que o ajudem a se lembrar das coisas. Pressão e critica agravam ainda mais suas dificuldades. Paciência e flexibilidade são atitudes essenciais para quem é parceiro de um porador de TDA/H.
                               Dra Edna Paciência Vietta 
                                       Psicóloga Clínica

SINTOMAS DO TDA/H EM ADULTOS


SINTOMAS DO TDA/H EM ADULTOS



      A existência da forma adulta do TDA/H foi oficialmente reconhecida apenas em 1980 pela Associação Psiquiátrica Americana. E, desde então inúmeros estudos têm demonstrado a presença do TDAH em adultos. Acredita-se que em torno de 60% das crianças com TDA/H mantêm o quadro na vida adulta, porém com sintomas em menor número.
      O TDA/H é uma disfunção crônica, herdada na grande maioria das vezes, daí sua presença desde a infância. Não surge na vida adulta, sempre esteve presente só não foi detectado ou adequadamente tratado.
      Na vida adulta suas manifestações são dificilmente diagnosticadas como TDAH, sendo muitas vezes tratado por seus sintomas de forma isolada como: distúrbios da ansiedade, depressão (distimia), irritabilidade, agitação, nervosismo, intolerância. Sintomas característicos de adultos com TDAH são: dificuldade de organizar e planejar atividades do dia a dia, dificuldade em priorizar atividades. Tendem a ficar “estressados” quando se vêem sobrecarregados, assumem vários compromissos diferentes ao mesmo tempo, por não saberem por onde começar. Deixam trabalhos pela metade, interrompem o que estão fazendo para começar outra coisa, só voltando ao trabalho anterior bem mais tarde ou então se esquecendo dele. Têm dificuldades para realizar tarefas sozinhos e precisam ser lembrados pelos outros o que tem para fazer. Têm dificuldade em assistir uma palestra, ler um livro, sem que sua cabeça “viaje” para bem longe perdida num turbilhão de pensamentos. Mostra dificuldades em manter a atenção no diálogo com as pessoas, parecendo não escutar o que os outros dizem, ignorando o que diz seu interlocutor.
      As características do déficit de controle dos impulsos em adultos com Distúrbio de Déficit de Atenção se apresentam da seguinte forma: age por impulso em relação a compras, decisões, em assuntos importantes, em rompimento de relacionamentos, e por vezes se arrependendo em seguida; apresenta reações em curto-circuito, com rápidas e passageiras explosões de raiva, tipo "pavio curto"; é hiper-sensível à provocação, crítica ou rejeição; é impaciente e tem grande dificuldade de esperar; mostra baixa tolerância à frustração; mau humor fácil.
      As conseqüências existenciais do portador de Déficit de Atenção, principalmente em adultos, seriam: adiamento crônico de tarefa ou compromisso, ou seja, dificuldade de iniciativa ou atitude de procrastinação; alcoolismo e abuso de drogas; baixa auto-estima e um sentimento crônico de incapacidade e pessimismo; tempo excessivo na execução de algum trabalho, devido em parte ao sentimento de insuficiência; depressões freqüentes; difícil sociabilidade, dificuldade em manter relacionamentos duradouros; mau desempenho profissional, apesar de bom potencial; tendência a culpar as outras pessoas por suas dificuldades e erros.
      O portador de TDAH tem dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta e por isso podem ser considerados “egoístas”. Na verdade necessitam de cuidados e tratamento. São pessoas de bom nível intelectual, geralmente com alguns talentos significativos.
                                 Profa.Dra.Edna Paciência Vietta 
                                           Psicóloga Clínica

TDAH- UM TRANSTORNO CAMUFLADO




    Nossa experiência como psicoterapeuta tem nos mostrado que a maioria dos adultos com características de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) buscam ajuda na psicoterapia quando apresentam Transtornos de Ansiedade (Fobia Social, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Pânico, Depressão), Transtorno Bipolar (transtorno de humor depressão e/ou euforia), alcoolismo, dependência química, e outros quadros.
    O TDAH em adultos tem sido visto como uma doença camuflada, devido ao fato de os sintomas serem mascarados, ocorrendo problemas de relacionamento afetivo e interpessoal, falta de organização, problemas de humor, abuso de substâncias, ou seja, problemas caracterizados por comorbidades (presença simultânea de dois ou mais transtornos num mesmo período de tempo).
    Estudos demonstram que o portador de TDAH apresenta o distúrbio desde a infância, ou seja, o distúrbio esteve sempre presente, persistindo na vida adulta com comprometimento significativo na vida acadêmica, profissional, conjugal, familiar e social. As queixas apresentadas pelo portador de TDAH estão geralmente impregnadas de fatos e acontecimentos que nada mais são que prejuízos ou conseqüências advindas do fato de o transtorno não ter sido tratado na infância. Essas queixas se manifestam através de crises conjugais, divórcios, dificuldades em se fixar no emprego, incapacidade de terminar o que começam (o sujeito requer pressão para concluir tarefas), dificuldades em estabelecer prioridades, desorganização e procrastinação, estão sempre em busca de novidades e grandes emoções, trocam de tarefas continuamente, ou seja, tem necessidade de variar. São pessoas desatentas, com dificuldades em se definir por uma profissão, desmotivadas, inconstantes nas relações, fazem muitos planos, mas não concluem nada, muito potencial, às vezes, até muita criatividade, mas, pouca realização, dificuldade de concentração, descontrole financeiro (gastos excessivos), impulsividade, sensações subjetivas de inquietação, impaciência, baixa tolerância à frustração, baixa auto-estima, hipersensibilidade às críticas; irritabilidade, preocupação excessiva, dificuldades para pensar e se expressar com clareza.
    Apesar de serem identificadas numerosas semelhanças entre as características de comportamento nas crianças e em adultos com TDAH, foram feitas várias distinções. Uma delas é a redução em níveis globais de hiperatividade entre adultos. Adultos com TDAH não se dão conta quanto a suas dificuldades de atenção, mesmo porque sempre foram dispersos e desatentos, erram repetidamente, perdem coisas, têm dificuldades para se lembrar o que acabam de ler, necessitam perguntar várias vezes a mesma coisa e evitam leitura que não seja de seu interesse específico. São também, capazes de dormir ou desligar diante de assuntos que não lhe interessam diretamente. Preferem atividades rápidas e trabalhos práticos. Muitas vezes se dedicam às atividades que exige pouca atenção e concentração, mostrando uma clara dificuldade para conseguir o mínimo de concentração suficiente para manter qualquer tarefa.
  O diagnóstico é basicamente clínico sendo de grande importância a história da pessoa a ser investigada cuidadosamente, através de entrevistas com um ou mais membros da família, pois é bastante comum a falta de atenção desses pacientes até mesmo para o próprio comportamento.
    A vida escolar deve ser bem examinada, no entanto, embora não raro a pessoa bem dotada intelectualmente possa compensar o déficit da atenção e ter bom rendimento nos estudos. O transtorno nem sempre impede de forma absoluta a concentração, alguns indivíduos são capazes de um bom desempenho na área do trabalho, porém à custa de muito esforço compensatório, estabelecimento de algumas estratégias de funcionamento e de alto grau de interesse, enquanto em todos os outros momentos, a atenção pode falhar de forma significativa.
    Para o diagnóstico, é importante lembrar que o TDAH é uma condição que acompanha a pessoa desde a infância, ou seja, ninguém fica TDAH depois de adulto.
    Cabe lembrar ainda, a possibilidade de uma gama variável de intensidade do quadro clínico, indo desde casos leves ou discretos até casos graves com intenso comprometimento funcional.
    No caso de adultos casados, com freqüência algumas intervenções necessitam ser realizadas com o cônjuge. Existem também várias recomendações que podem ser fornecidas ao paciente, de acordo com cada caso em particular, que amenizam suas dificuldades no dia-a-dia. A terapia recomendada é associação de Técnicas Cognitivo-Comportamentais e tratamento medicamentoso. 
                                      Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                     Psicóloga Clínica

DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE


DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE




    O Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) foi descrito pela primeira vez, em 1902, e já recebeu diversas denominações ao longo de todos esses anos. As mais conhecidas foram: Síndrome da criança Hiperativa, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético.
    O TDAH na infância em geral se associa as dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como hiperativas, desligadas, “avoadas”, tumultuam a sala de aula, não se concentram na leitura, vivem no mundo da lua. Têm grandes dificuldades de fazer os deveres de casa sozinha, se distraem com facilidade, dão muito trabalho na escola, fazendo desses momentos verdadeiras batalhas entre mãe e filho. .No entanto, quando estão fazendo algo que é do seu interesse, como ver TV, jogar videogame, etc., são capazes de ficar hiperconcentradas, a ponto de não escutar quando são chamadas. Em geral são muito desorganizadas com seus pertences e na maneira como tentam fazer as coisas. Por isso estão freqüentemente perdendo objetos, como lápis, livros. Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.
    O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e se não tratado freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a vida.. Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho.. São pessoas inquietas (que só relaxam dormindo), nunca acabam o que começam, vivem mudando de emprego, de interesses e atividades, não se detendo em nenhuma. Apresentam dificuldades em avaliar seu próprio comportamento e o quanto isto afeta os demais à sua volta. A pessoa deve apresentar essas características constantemente, como um padrão de comportamento são “egoístas”, sempre voltados para si mesmo. Quem convive com essas pessoas costumam dizer que elas sempre se comportaram assim Para confirmação deste diagnóstico é imprescindível a avaliação de especialistas.
    Para se falar em Déficit de Atenção é necessário que esses sintomas tenham aparecido desde a infância. Quer dizer, se alguém passou a apresentar essas características depois de adolescente ou adulto, não se trata de Déficit de Atenção, mas provavelmente de algum outro transtorno.
    No adulto, o tratamento medicamentoso associado à abordagem psicoterápica cognitivo-comportamental ajuda a controlar o transtorno. Na criança, o tratamento é mais complexo e envolve freqüentemente equipe multidisciplinar com aplicação de medidas pedagógicas e comportamentais.
    A história de vida dos adultos é marcada por insucessos acumulados ao longo dos anos. Mau desempenho na escola, repetência, suspensões, problemas no trabalho e na organização das atividades, dificuldade na escolha da profissão, conflitos conjugais, separação. Em longo prazo, geram sentimentos de fracasso, baixa auto-estima e dificuldades para lidar com situações emocionais.
    É típico do TDAH estar associado a outras doenças,ou seja, a presença de comorbidades.
    Nas crianças, além da ansiedade, pode aparecer transtornos de conduta que não decorrem só da distração. São comuns, mas não condição determinante a presença de dificuldades de aprendizado específicas como dislexia (dificuldade para compreender o que lê), disgrafia (dificuldade para escrever), discalculia (dificuldade para fazer cálculos).
    Nos adolescentes, o problema maior é a tendência ao abuso de drogas. Não existe uma explicação clara para o fato. Os estudos mostram, porém, que a partir da adolescência o uso de drogas nos portadores de TDAH é mais freqüente se comparados com os indivíduos sadios.
                Profa. Dra. Edna Paciência Vietta.
Psicóloga Clínica 

PERCEPÇÕES E EQUÍVOCOS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS.



    Todas as relações humanas envolvem emoções e sentimentos. Nossos sentimentos, experimentados diante dos fatos e das pessoas, sejam eles empáticos, apáticos ou antipáticos, dependerão dos valores, crenças e interpretações que fazemos da realidade. Nem sempre nossas emoções e sentimentos são conscientes, corretamente percebidos, nem dirigidos á pessoas nomeadas, geralmente expressam sensações ou percepções subjetivas, direcionadas àquilo que as pessoas nos representam. Por exemplo, alguém nos parece simpático familiar ao primeiro contato, neste caso é possível que estejamos identificando a pessoa com alguém significativo para nós. Quando alguém nos parece antipático à primeira vista, há grande chance de que tal pessoa expressa o que não aceitamos em nós mesmos e que nos incomoda quando visto e identificado como negativo no outro. É possível que, em dado momento, nossas percepções se aproximem ou até mesmo coincida em certo grau com a realidade, mas, ainda assim, haveremos de contar sempre com alguma representação interna a distorcê-la ou modificá-la.
    É através de nossas emoções que construímos nossas percepções das coisas, pessoas, eventos, e de nós mesmos e interpretamos o mundo que nos cerca.
    Vivemos num mundo onde a agitação e correria do dia-a-dia nem sempre nos proporciona condições de utilizarmos com precisão todo os recursos dos nossos sentidos, visão, audição, olfato e tato, e as conseqüências disto são os equívocos que fazemos quando avaliamos, julgamos ou atribuímos às pessoas, certos atributos e valores de forma inconsistente, precipitada ou, quando o fazemos na base de muita emoção. Em outras palavras, nossos sentidos nos transmitem informações fundamentais, todavia, não as recebemos como as detectamos, ou seja, da forma, como nos são apresentadas, pois antes que isso aconteça, ocorre em nosso cérebro um complexo processo de elaboração, onde estímulos detectados são elaborados e transformados de modo a apresentar-nos um resultado inteligível.
    O processo perceptivo é complexo e depende tanto dos sistemas sensoriais como do cérebro. Alguns fatores exercem influências na resultante desta dinâmica, modificando, distorcendo ou adequando nossas percepções à realidade, entre eles, a familiaridade dos fatos, antecedentes, expectativas, repetição de eventos ou estímulos, estados emocionais, associações, sugestionabilidade, crenças e valores, intenções, interesses pessoais, julgamentos, estereótipos, preconceitos, dependendo dos modelos mentais ou padrões de pensamento que adquirimos ao longo da vida.
    Para o processamento e interpretação dos dados, o homem utiliza algumas estratégias. Portanto, a percepção que temos das coisas e as impressões que temos ou fazemos das pessoas nem sempre é o espelho da realidade. Erros perceptivos podem nos levar a equívocos e incompreensões. Assim, diante da atribuição de um comportamento de uma pessoa, reagimos de diversas formas: 1) através da censura, rejeição, desafeto, indiferença; 2) aprovação, aceitação e afetividade. Nas primeiras somos receptivos, acolhedores, informais, permissivos, carinhosos. Na segunda, rejeitamos, mantemos distância, colocamos barreiras, evitamos intimidades, somos hostis ou agressivos, etc.
    É fácil perceber que a percepção envolve toda a personalidade, a história de vida pessoal, a afetividade, desejos, paixões e preconceitos e se constitui a maneira fundamental e peculiar de seres humanos se situarem no mundo. Podemos perceber as coisas de diversas maneiras dependendo da predisposição, do estado de espírito, da conveniência, etc.
    Percebemos as coisas e os outros de modo positivo ou negativo. Desse modo, o ser humano pode praticar muitos equívocos no relacionamento. Quando isto acontece, surgem conflitos que podem abranger todas as áreas da vida das pessoas, com prejuízos na vida afetiva, conjugal, familiar, profissional e social. Se esses equívocos tornam-se freqüentes podem ser indicativo de algum problema psicológico.
   Na neurose as pessoas apresentam com muita freqüência distorções deste tipo. A psicoterapia é um recurso que pode ajudar às pessoas a se libertarem da angústia permanente e dos prejuízos que este estado condição possa ocasionar.
  Mediante o autoconhecimento o ser humano vai gradativamente aperfeiçoando sua personalidade, tomando consciência de suas virtudes e defeitos, valores, crenças e preconceitos. Sentimentos positivos e construtivos passam operar em sua vida, melhorando sua percepção e conseqüentemente a forma de interpretar a realidade, o mundo, identificar seus sentimentos e a lidar melhor com suas emoções, reconhecendo suas atitudes e comportamentos, melhorando suas relações interpessoais.
                    Profa. Dra. Edna Paciência Vietta Psicóloga
                                       Psicóloga Clínica

A RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE, DEPRESSÃO E OBESIDADE


A RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE, DEPRESSÃO E OBESIDADE




Por que, mesmo sem comer de forma exagerada, ganhamos peso?
    Você sabia que a gordura localizada no abdômen pode não ser apenas a diferença entre calorias ingeridas e calorias gastas? A maioria dos profissionais da saúde costuma dizer que são dois os fatores que levam às pessoas a ganhar peso: comer muito e se alimentar de forma errada.
    De alguns anos para cá, no entanto, vários estudos científicos publicados em revistas importantes demonstram que pessoas que sofrem de estresse, angústia, ansiedade e depressão ganham peso mais facilmente. Pesquisas recentes têm mostrado que o estresse pode fazer o corpo armazenar o excesso de calorias na região do abdômen, principalmente em mulheres. O causador disto é o cortisol, um hormônio ligado a diversas regulagens de funções metabólicas no organismo liberado em grande quantidade como reação ao estresse. Os pesquisadores já sabiam que o cortisol estava ligado à obesidade, mas o estudo mostra que há uma diferença clara entre homens e mulheres. No caso das adolescentes, as diferenças fisiológicas (como a liberação do estrogênio) e comportamentais (como uma maior propensão a alterações do apetite) se refletem de forma diferente do gênero masculino na hora de lidar com a ansiedade. Outra novidade é que “depressão, cortisol e obesidade também podem estar relacionados no caso de adultos”.
    Esses novos dados levam a implicações de se começar a tratar a depressão o mais rápido possível para se evitar a obesidade e suas conseqüências. Portanto, estresse engorda, sim. Mas não é como se pensava somente um reflexo psicológico de compensação oral, como se costumava dizer. Há um aumento de apetite, fruto de uma reação combinada de agentes químicos desencadeada pela tensão. Mas, que agente químico é esse? Esse agente é o Cortisol, um hormônio que possui várias funções no organismo e que em alguns casos é bem-vindo, já que em situações súbitas de perigo é capaz de nos deixar em “estado de alerta”, em condições de agir com a rapidez necessária. O problema, como quase tudo, é o excesso.
    O cortisol, quando em excesso, inibe a leptina, substância reguladora do apetite e que age no hipotálamo. E quando há maior liberação de cortisol no organismo? Quando há estresse físico e mental. Portanto, de nada adianta regimes malucos ou excesso de dietas se você estiver insatisfeito com a vida.
    A insatisfação e a infelicidade também dificultam o processo de emagrecimento, pois isto também gera estresse, mesmo que inconscientemente.
    O cortisol permite também uma maior retenção de líquidos e maior síntese e acúmulo de gordura. Dessa forma, os dois fatores combinados - o apetite maior e o metabolismo propício ao acúmulo de gordura levam à obesidade. Sabe-se que as glândulas suprarenais, sob situações de estresse são estimuladas a produzirem alguns hormônios, entre eles o cortisol. Ele aumenta o apetite e estimula a produção de células de gordura e as torna mais infladas, além de inibir a queima das que estavam estocadas. Por isso pessoas muito aflitas para emagrecer não conseguem fazê-lo, justamente por causa da ansiedade. Uma das explicações para esse fenômeno talvez seja a elevação dos níveis de cortisol. É fato conhecido que quem usa remédio à base de cortisona costuma ganhar peso, recentemente se descobriu que a quantidade desse hormônio está aumentada em pessoas que têm alterações emocionais. Neurotransmissores que ativam o cérebro, também influência o comportamento alimentar. Quando encontrado em níveis baixos no cérebro, pode causar sintomas de tristeza e depressão, sem contar que aumenta a compulsão pela comida, principalmente de carboidratos.
    Algumas mulheres que sofrem de tensão pré-menstrual (TPM), por exemplo, apresenta níveis baixos de serotonina (neurotransmissor) durante esse período, o que pode transformá-las em verdadeiras chocólatras. Sua função no sistema nervoso central e seus efeitos nas alterações comportamentais estão sendo objeto de muitos estudos e pesquisas. Depressão, ansiedade, comportamento compulsivo, agressividade, problemas afetivos e aumento do desejo de ingerir doces e carboidratos também foram relacionados a esta substância. 
                                                Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                                           Psicóloga Clínica

CIÚMES: PROVA DE AMOR, OU BAIXA AUTOESTIMA




   
Auto-estima é a sensação de valorização que a pessoa tem de si mesma. É um conjunto de crenças e opiniões que cada um faz de si próprio, através de um processo de auto-avaliação de seus atributos pessoais, reais ou imaginários, inatos ou adquiridos durante toda vida, sobretudo, na infância. Estas crenças se referem a qualidades, habilidades, competências, dons do sujeito, que podem fazer sentir-se mais ou menos valorizado. Nesta perspectiva a pessoa pode incluir em seu repertório emocional uma gama de sentimentos e afetos relacionados a si mesma, tais como, “me odeio”, “me amo”, “me desprezo”, “me admiro”, etc. Esses sentimentos acarretam atitudes positivas ou negativas na vida das pessoas. Por exemplo, de atitude positivas: o cuidar-se.
    A auto-estima promove e estimula a boa alimentação, exercícios físicos, disposição, lazer, relaxamento, otimismo, busca de conhecimento, de cultura e informação, progresso na carreira, atualização, experiências, realização profissional, higiene pessoal, hábitos saudáveis (dormir o suficiente, comer com moderação, abolir vícios, evitar excessos), cuidar da aparência (cabelos, pele, dentes, unhas, roupas, adornos, etc) seguir corretamente prescrições médica, enfim, cuidar da saúde física e emocional. Exemplo de atitudes Negativas: atitudes e posturas habituais de baixa-estima podem se manifestar por: severa e excessiva autocrítica, estado contínuo de insatisfação, incapacidade de sentir prazer, oscilação de humor, desânimo, pessimismo, hostilidade, irritabilidade a flor da pele, tendências defensivas, hipersensibilidade às críticas, sentir-se exageradamente atacado, ferido, magoado, supervalorização de sentimentos negativos, pessimismo, ausência de vaidade, relaxamento da aparência, entre outras, já que estas pessoas vivem provocando a confirmação ou o sentimento de serem rejeitadas. Outros indicativos de baixa auto-estima são a dependência afetiva e o sentimento doentio de ciúmes.
    Nossa vivência profissional tem comprovado que as manifestações doentias de ciúme são muito mais freqüentes do que se possa imaginar, o que nos leva a destacá-lo neste artigo. Só para dar alguns exemplos, citamos: maridos que se tornam controladores e violentos por suspeitarem de infidelidade de suas companheiras, mulheres ou maridos alterados, hostis, exigentes e possessivos com cônjuges. Pais que rejeitam os filhos, como se estes fossem uma ameaça à sua estabilidade conjugal; esposas que não suportam ver o sucesso de seus maridos; mães que agem com as filhas como se concorrentes ou rivais, irmãos que passam a vida disputando a atenção dos pais a qualquer preço, homens e mulheres que perdem o controle, se agridem verbal e fisicamente, se destroem, se humilham, se desprezam e se matam, em nome de um sentimento que chamam de amor.
    A desvalorização de si mesmo é uma das causas de rompimentos afetivos e conflitos conjugais. Pessoas seguras de si, de seu valor pessoal, profissional e social, costumam lidar bem com seus sentimentos, não se deixando levar por eles, conseguindo mesmo revertê-los em proveito próprio, aumentando e aprofundando seus vínculos com a pessoa amada.
    O ciúme se manifesta tanto no homem como na mulher e se torna problemático mais perigoso e mais difícil de ser debelado quando não houver justificativa real, quando aparece sem razão ou por causa infundada, isto é, se não existir uma causa concreta que o justifique.
    O ciumento é também egoísta porque quer tudo só para si, tornando-se egoista. Não empresta, não divide, não colabora. Julga-se no direito de ter o controle das pessoas, os horários aonde vai, com quem conversa, com quem anda, enfim, reduz a vida alheia a uma escravidão. Isso é doença, não é amor. Esse ciúme em excesso sufoca o ente querido e torna o amor em desprazer. No ciúme doentio a pessoa torna-se possessiva.
    A insegurança é outra causa que gera ciúmes. Esse sentimento tem por base o medo de perder algo que se possui, no caso o ente querido. Quando algo ameaça a convivência, ou alguém se sente rejeitado por parte de quem ama, é fácil o sentimento de perda se manifestar.
   O ciumento é uma pessoa insegura, sempre desconfiada, porque pensa que, em todo tempo está sendo perseguido. Pessoas inseguras, ciumentas, cerceiam a liberdade do companheiro, controla seus passos, invade sua privacidade, desrespeitando, enfraquecendo e destruindo os vínculos afetivos. Ninguém consegue suportar ser vigiado e controlado o tempo todo, agredido e humilhado em sua suscetibilidade a não ser, que por alguma razão patológica, também, necessite deste controle. Nesse caso, diríamos tratar-se de co-dependência ou portador de algum traço masoquista.
   Ciúme patológico é um sentimento que machuca, magoa, destrói, anula e afeta o equilíbrio emocional, tanto do ciumento, quanto de sua vítima. Ele é decorrente do desejo de posse da pessoa amada, insegurança, baixa autoestima, sentimento de inferioridade, falta de amor próprio, e tem origem na suspeita ou certeza de infidelidade. Dependendo do grau que atinge pode tornar-se obsessão. Em Otelo (de Shakespeare) temos um exemplo clássico da atitude inadequada diante desse sentimento, onde o ciúme supera a razão, e de suas conseqüências trágicas. Otelo é convencido por um amigo, de que Desdêmona, sua esposa, o estaria traindo. Cego de ciúmes mata a esposa. Depois de matá-la, acaba descobrindo seu engano e então, culpado, suicida.
   É difícil se considerar ciúmes, um sentimento bom ou normal. Quando presente, ainda que em dose mínima, se alimentado, pode ser transformado em sentimentos de posse, insegurança, rejeição, ódio, rancor, mágoa, vingança, tornando-se, um tormento na vida de muitos casais e infelicidade de muitas famílias. Profa. Dra Edna Paciência Vietta Psicóloga
                              Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                          Psicóloga Clínica

O HOMEM E SUA NATUREZA RELIGIOSA




    O Homem tem a capacidade inata de procurar explicação de fenômenos sobrenaturais e isso o difere dos animais. O Homem primitivo não tinha como entender eventos mais complexos, como a erupção de um vulcão, um eclipse, um raio, uma doença. O Homem moderno busca explicações, que lhe sejam compreensíveis mesmo que a razão científica, ainda que provisória, não lhe confira a certeza dos fatos. A prova da existência de Deus foi até bem pouco tempo, assunto evitado no meio científico. Falar sobre a influência da Fé e da Religião na saúde das pessoas era até então tabu no ambiente acadêmico, no entanto, hoje, a ciência deixa de lado todos os preconceitos e torna o tema uma exigência imprescindível na formação de profissionais da saúde e no entendimento, cura e reabilitação do ser humano.
    Nos últimos anos, cientistas de diferentes áreas, sobretudo, das neurociências, se debruçam sobre a questão da existência de Deus e chegam a conclusões surpreendentes: a interferência de um ser Divino, muito poderoso seria uma explicação eficiente para aplacar a necessidade de entender o que não se consegue explicar com o conhecimento comum.
    A cada dia descobrem-se evidências de que os sistemas religiosos ajudam a manter comunidades unidas e a construir vínculos familiares e sociais mais duráveis, promovendo uma maior cooperação social e o fortalecimento das relações humanas.
    “Todo homem é um ser religioso que tem dentro de si uma força que o impele para Deus”. Carl Gustav Jung (1875-1961), renomado psiquiatra e psicólogo suíço se referiu a esse desejo profundo de buscar e adorar uma força e um poder superior quando escreveu em seu livro The Undiscovered Self’ (O Eu e o Inconsciente), que “essa manifestação pode ser observada em toda a história da humanidade”.
    Pesquisas provam que a busca religiosa realizada pelas pessoas, têm como objetivo ou intenção encontrar paz, saúde e salvação.
    As pessoas querem viver a dignidade humana em sua profunda espiritualidade. O sagrado tem como fundamento, os mais altos valores da vida humana. O anseio é encontrar a paz de espírito, a maior riqueza, e um dos caminhos para alcançar a felicidade.
    Aléxis Carrel (1873-1944), renomado cientista francês, prêmio Nobel de Medicina em 1912, declarou magistralmente: “só a religião propõe solução completa para o problema humano”. Entenda-se a religião não a crendice nem a superstição. A crendice deturpa o conceito de religião e pode levar pessoas aos desequilíbrios emocionais e a doenças.
    Há certo consenso entre cientistas sociais, filósofos e psicólogos de que a religião é um importante fator de significação e ordenação da vida, de seus reveses e sofrimentos. Ela é condição fundamental nos momentos de maior impacto para os indivíduos, como perda de pessoas queridas, doença grave, incapacitação e morte. Por ser um elemento constitutivo da subjetividade e fonte de significado do sofrimento, tem sido considerado objeto indispensável na interlocução com a saúde e os transtornos mentais.
    Para médicos, psicólogos e demais pesquisadores no campo da saúde e dos transtornos emocionais e mentais, a religião, como fenômeno humano recorrente, constitutivo da subjetividade, não poderia nem deveria ser negligenciada nem passar despercebida. No entanto, infelizmente, esta condição ainda passa como algo de menor importância. Há, ainda, muita negação mútua da interface da relação entre religião e ciência, entre a crença e a cura dos males do corpo e da mente.
    Felizmente, algumas posições mais recentes têm contraposto tal dicotomia à perspectiva de abordar a crença e a cura de forma articulada. Crer, ter fé, é algo fundamental para as pessoas, não apenas por seu aspecto intelectual ou interno ao campo subjetivo, mas, sobretudo, porque crer implica uma dimensão plena dirigida ao mundo externo; ter fé é sempre invocar concretamente o poder do sobrenatural ou do mundo espiritual para os eventos e as experiências da vida diária.
                        Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                       Psicóloga Clínica

DISTIMIA: MAU-HUMOR PODE SER DOENÇA




    Descrita pela primeira vez nos anos 80, a DISTIMIA foi reconhecida pela medicina como uma forma crônica de depressão leve. O portador de Distimia passa, às vezes, a vida toda sendo considerado pelos outros como sendo “baixo astral”, melancólico, mal-humorado. Distímicos são pessoas que não têm muita tolerância para com as imperfeições dos outros. Possuem baixa auto-estima e são extremamente autocríticas, têm habilidades sociais pouco desenvolvidas, podendo se prejudicar pelas dificuldades de relacionamentos com colegas de escola, de trabalho, familiares, namorados, companheiros ou cônjuge. Dado seus comportamentos negativistas, rígidos, ranzinzas, acabam recebendo tratamento pejorativo, refletindo em estímulos negativos e reforçando, ainda mais, sua visão negativa do mundo.
    Várias são as causas deste transtorno, entre elas, podemos citar: relacionamentos familiares complicados na infância; pais abusivos, agressivos, ausentes, distímicos. Em famílias que tenham mais membros que sofram de Depressão, Pânico, e outros distúrbios que interferem no metabolismo de certas substâncias cerebrais, abuso de álcool, tranqüilizante e/ou drogas ilícitas, reações de estresse extremo, etc.
    O distímico só enxerga o lado negativo do mundo, são sistemáticos, é o tipo de pessoa que não manifesta alegria por muito tempo, que se queixa da sogra, do chefe, do cachorro, do vizinho. Aborrecem-se quando chove, faz sol, calor, frio, da rotina, enfim é um eterno insatisfeito. Tudo é motivo para reclamação, nervosismo e irritação. Essas pessoas são hipersensíveis e se ofendem com muita facilidade, parecem sempre tensas, contidas, na defensiva, de difícil relacionamento. Reconhecem sua inconveniência quanto à rejeição social, mas não conseguem se controlar. Suas reações são imprevisíveis. Nunca se sabe como agir com elas, daí serem muitas vezes rejeitadas evitadas. Não se sentem doentes, mas sim, prejudicadas, rejeitadas, incompreendidas, injustiçadas. A desculpa recai sempre no ambiente, nas pessoas a sua volta, nas circunstâncias, etc. É comum, a queixa vir de um cônjuge, namorado, ou familiar, geralmente por afetá-lo, ou ser parte de seu problema (conviver com uma pessoa distímica).
    O distímico é bastante resistente a tratamento, só buscando ajuda quando sua depressão passa a incomodá-lo, o que geralmente acontece quando esta, já se tornou grave. São pessoas que superestimam os aspectos negativos dos acontecimentos. Qualquer tarefa será sempre considerada “cavalo de batalha”. Tudo é feito por obrigação, nada por prazer. O sentimento de infelicidade o domina o tempo todo. Vivem irritadas, às vezes, fazem grosserias, magoando ou ofendendo pessoas, brigando por qualquer motivo.
    A pessoa distímica passa a maior parte do dia de mau-humor (ou humor deprimido), além disso, pode sentir cansaço, baixa energia, desânimo, preocupação excessiva, insônia ou sonolência, falta ou excesso de apetite, sensação de inadequação, queixas físicas (náusea, vômito, cefaléia, enxaqueca), dificuldade em tomar decisões, falta de concentração, etc. Como os sintomas são relativamente atípicos, a DISTIMIA pode ser confundida com um traço de personalidade, ou natureza da pessoa.
    Embora, trata-se de depressão leve, isso não significa ser menos grave, já que estas pessoas apresentam sofrimento razoável, sentem-se rejeitadas, deslocadas, além de correrem 30% mais riscos de desenvolverem quadros depressivos graves, como Transtorno de Pânico, Dependência de álcool e drogas ilícitas, idéias suicidas, daí ser sempre prudente consultar um especialista. Este transtorno atinge pelo menos 180 milhões de pessoas no mundo e 5% da população geral ao longo da vida, acometendo duas a três vezes mais mulheres do que homens.
    Normalmente, os sintomas aparecem no início da vida adulta perdurando por vários anos, às vezes, a vida toda. Quando não tratada, a depressão interfere de modo significativo na qualidade de vida das pessoas.
    A diferença entre o distímico e outros mal-humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas mudam de humor quando obtém a solução, enquanto o distímico, segue procurando justificativas para continuar mal-humorado. É bom esclarecer que nem todo mal-humorado pode ser considerado distímico. Só podemos afirmar que mau-humor é doença quando estiver acompanhado dos sintomas mencionados e for percebido de forma constante por longo tempo. É importante saber que o distímico não consegue se curar sozinho. A boa notícia é que a doença tem cura quando adequadamente tratada.
                                    Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                 Psicóloga Clínica

UM NOVO PARADIGMA? PARA ONDE CAMINHAMOS?




    Após as duas Guerras Mundiais, a humanidade passou por um profundo processo de mudança de paradigma e transformações na cultura.
    As promessas de um mundo melhor calcado na razão foram frustradas pela industrialização descontrolada, pelas sucessivas agressões à natureza e a consciência dos perigos do seu aproveitamento desmedido, pelo consumismo desenfreado, dentre outros. O homem passou a abandonar a razão em prol do afeto. Ao mesmo tempo, o pensamento perdeu seu fundamento de certeza. A verdade passou a ser tida como alcançável somente em um contexto parcial e localizado.
    Na realidade, a razão moderna não conseguiu eliminar a experiência religiosa da vida das pessoas. Ao contrário do que poderia se esperar, a pós-modernidade permitiu uma inusitada expansão e diversificação de expressões religiosas e formas de religiosidade.
    A pós-modernidade representa uma frustração com o discurso iluminista e suas grandes idéias, que, apesar dos grandes avanços científicos que proporcionaram, mostraram-se incapazes de pôr fim às mazelas da sociedade e de produzir um estado de permanente bem-estar, edificado pela razão humana. “O pós-modernismo está associado à decadência das grandes idéias, valores e instituições ocidentais – Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Totalidade, Ciência, Sujeito, Consciência, Produção, Estado, Revolução, Família”.
    Um estado de fluidez se apossou das certezas que nos foram legadas pelo período anterior da história, e toda a sua segurança cedeu lugar a um estado de coisas no qual não mais existem verdades definitivas. Já não ousamos imaginar a realidade construída sobre um único fundamento ou sobre verdades imutáveis. Vivemos no reino do fragmento.
    O mundo mudou. Para muitos estudiosos a era moderna ou modernidade terminou ou deu lugar a outro paradigma a pós-modernidade. Em quase todos os círculos acadêmicos e em outras esferas, os novos fenômenos sociais, as rápidas transformações e a grande expectativa do século XXI à nossa volta, temos uma certeza, a de que uma nova Era teve início - A Era pós-moderna.
   odemos perceber que aconteceram mudanças significativas em nosso mundo. Vivemos em um mundo pós-moderno e com ele o desafio de entender estas mudanças e suas influências no modo: como as pessoas pensam, sentem e agem. Essas mudanças foram tão abrangentes e com evidentes reflexos nos valores que permeiam a ética e a moral.
   No campo da ética, vence o individualismo. Valorizam-se mais o que se pode ganhar do que o que se pode fazer para melhorar a vida de todos. A dimensão espiritual também sofre o impacto desse rearranjo contemporâneo. Igrejas transformam-se em verdadeiras máquinas do sistema capitalista. Surgem as mais diversas expressões religiosas, que oferecem conforto, consolo e promessas de melhores dias a seus devotos, em um festival de "filosofias" para todos os gostos, combinadas a valores da modernidade.
    Tal contexto parece indicar uma total reorganização da humanidade, provavelmente tão ou mais importante que a sofrida na transição da Idade Média para a Idade Moderna.
    Vivemos numa época complexa e com características inéditas na história da humanidade. Na tentativa de apreensão e compreensão dessa realidade, teóricos de diversas áreas do conhecimento humano, como filósofos, sociólogos, antropólogos, teólogos, psicólogos, historiadores e outros têm se dedicado ao estudo dessas transformações.
   Os pós-modernistas são convictos de que vivemos uma fase onde surgirão novos paradigmas, e, portanto, o surgimento de uma nova cosmovisão.
    Cosmovisão, basicamente, é a forma como enxergamos o mundo. O nosso sistema pessoal de crenças, valores e sentimentos. São os critérios aos quais nos baseamos para compreender tudo que está ao nosso redor. A nossa concepção de realidade. Estamos todos sendo moldados por essa estrutura para nos adaptarmos a esse novo paradigma configurado pela sociedade pós-moderna. Pasmos, com tantas mudanças estamos alheios, olhando a paisagem com um binóculo, enquanto, dominados achamos que estamos construindo uma nova cosmovisão. Não sejamos ingênuos.
                                Profa. Dra Edna Paciência Vietta
                                            Psicóloga Clínica

DEPRESSÃO: UM TRANSTORNO AFETIVO




Depressão é um Transtorno Afetivo (ou do Humor), caracterizada por uma alteração psíquica e orgânica global, com conseqüentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida. Se a depressão é uma doença afetiva é importante saber o que se entende por afeto? Afeto é a parte de nosso psiquismo responsável pela maneira de sentir e perceber a realidade. A afetividade é, portanto, a parte psíquica responsável pelo significado sentimental de tudo aquilo que vivemos. Se as coisas que vivenciamos estão sendo agradáveis, prazerosas, sofríveis, angustiantes, se causam medo ou pânico, se dão satisfação, prazer, etc. Todos esses valores são atribuídos pela nossa afetividade. É através do Afeto que o mundo no qual vivemos chega até nossa consciência com o significado emocional que tem para nós.
A depressão é uma doença que envolve nossa afetividade com repercussão no organismo todo, comprometendo o físico, o humor e, em conseqüência, o pensamento de seu portador. Ela altera a maneira como a pessoa vê o mundo, como percebe a realidade, como interpreta as coisas, como manifesta e interpreta suas emoções e como manifesta disposição e o prazer pela a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta, como dorme, como se sente em relação a si próprio, com o ambiente em que vive e as pessoas ao seu redor.
A Depressão é, portanto, uma doença afetiva ou do humor, e não simplesmente estar na "fossa" ou em "baixo astral" passageiro. A depressão é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter. Não é falta de pensamentos positivos ou de condições que possam ser superadas apenas pela força de vontade ou decisão.
A Depressão, de um modo geral, resulta numa apatia geral, afetando a parte psíquica, as funções mais importantes da mente humana, como a memória, o raciocínio, a criatividade, vontade, o amor e o sexo. Assim, tudo parece ser difícil, problemático e cansativo para o deprimido.
O paciente com depressão apresenta variação de humor e de comportamento, perda de interesse pelas atividades diárias, tristeza, permanente desânimo, ansiedade e irritabilidade. Além disso, torna-se pessimista e apresenta dificuldade para tomar decisões. Também sofre alterações fisiológicas, como cansaço, diminuição da libido, insônia ou excesso de sono, perda ou aumento de apetite, distúrbios digestivos, falta de memória, redução de concentração e da capacidade produtiva. Diante deste quadro é possível entender o sofrimento da pessoa deprimida, todo seu desespero em muitas vezes não ser compreendida em suas queixas, como se a pessoa deprimida pudesse por si só controlar seus sintomas por esforço ou decisão. Da mesma forma, como cada um de nós reage diferente aos sentimentos, cada um terá uma maneira pessoal de manifestar sua Depressão. Há pessoas que ficam caladas diante das suas preocupações, outras choram, outras contam suas dificuldades para todo mundo, outras sentem dor de estômago, alguns têm aumento da pressão arterial, se tornam queixosas, pessimistas, irritáveis, mau humoradas enfim, cada um reagirá diferentemente diante de suas emoções.
Na Depressão Típica falta energia para tolerar e conviver com o próximo, falta tolerância para aceitar o jeito de ser dos outros, falta ânimo para resolver problemas da vida, falta otimismo para acreditar que as coisas estão bem.
Ainda não são conhecidas todas as causas da Depressão, porém, pesquisas nessa área sugerem fortemente influências bioquímicas importantes para a regulação de nosso estado afetivo, além da influência de fatores genêticos e não apenas a conseqüência de experiências de vida atuais ou do passado, como se pensava antes.
A depressão envolve um mal funcionamento cerebral, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores responsáveis pelo controle do estado de humor.
O tratamento da depressão é, portanto, e natureza medicamentosa e psicoterápica. Através desta última ajuda-se a pessoa a conhecer e a lidar melhor com seus sentimentos e emoções. Através desse autoconhecimento é esperado que a pessoa passe a melhorar sua relação com a realidade e consigo mesma.
                                          Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                       Psicóloga Clínica

ANSIEDADE NO MUNDO PÓS-MODERNO


ANSIEDADE NO MUNDO PÓS-MODERNO





O mundo Pós-Moderno tem sido definido como a Idade da Ansiedade, devido à relação entre esse estado psíquico e o ritmo de vida imprimido pelas sociedades industriais. Nessas sociedades o ser humano é cobrado e pressionado a ser competitivo e consumista de modo que o homem no mundo atual é por si só, fator preditivo para o surgimento da ansiedade, estando todos os seres humanos suscetíveis a ela.
O período em que vivemos tem se estruturado com algumas características bem marcantes: o Materialismo, que associa reconhecimento pessoal através do dinheiro que se tem; o Hedonismo, com a busca de sensações novas e excitantes; a Permissividade, que cria um clima de impunidade e individualismo; o Relativismo, que em articulação com a permissividade predispõe à criação de éticas subjetivas e individuais e o Consumismo, que associado ao materialismo nos fala de uma nova forma de liberdade - a de consumir.
A Pós-Modernidade traz como efeitos colaterais pelo menos dois grandes males relacionados a ritmo de vida: intolerância e ansiedade. A intolerância está geralmente relacionada à espera. Somos cobrados e estimulados a dar conta de nossas tarefas em uma velocidade muito grande, somos presas da intolerância diante da espera. Esta intolerância piora muito as relações humanas, tornando-nos vítimas da pressa. Esta demanda tão incisiva relacionada ao cumprimento de metas, e à velocidade de desempenho tem sido apontada como uma das principais causas de ansiedade no homem pós-moderno.
Ansiedade, é uma característica biológica do ser humano que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, taquicardia, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc.
A ansiedade sempre esteve presente em toda a existência humana, porém somente nos últimos anos vem tomando maior significância para os pesquisadores, que visam à investigação dos efeitos desse estado sobre o organismo e o psiquismo humano.
Ansiedade é um estado interior de pressa permanente. Ocorre como uma necessidade de resolver logo todas as dificuldades, de fazer tudo imediatamente, como se tudo fosse urgente ou indispensável. A pessoa ansiosa quer terminar tudo rapidamente, “tudo para ontem”. Assim, o ansioso nunca consegue relaxar, pois está sempre inquieto, apressado, está sempre vivendo coisas que ainda estão por vir, de forma antecipada. Dessa forma, não consegue viver o presente; nunca está inteiramente envolvido naquilo que está fazendo. Com o tempo este sentimento torna-se tão intenso, que começa a causar incômodo. No entanto, não podemos dizer que a ansiedade seja de tudo mal, na verdade, na dose certa, ela é necessária e até mesmo útil, para nos mobilizar recursos para o enfrentamento do dia a dia, podendo ser considerada como um sinal de alerta, que adverte sobre possíveis perigos e ameaças iminentes.
É importante diferenciarmos a ansiedade recorrente do dia a dia, dos Transtornos de Ansiedade, onde estão inclusos: Ataque de Pânico, com ou sem Agorafobia (ansiedade de estar em lugares onde uma saída emergencial seria difícil; fobia específica (por exemplo, medo de insetos, animais, sangue, avião, elevador); Fobia Social (ansiedade provocada pela exposição a certas situações); Transtorno Obsessivo Compulsivo (mais conhecido como TOC, ocorrem obsessões e/ou compulsões); Transtorno de Estresse Pós Traumático (revivência de eventos traumáticos); Ansiedade Generalizada (ansiedade e preocupações persistentes); Transtorno de Ansiedade de separação; Transtornos de Ansiedade devido a condições médicas; Transtorno de Ansiedade induzido por substâncias.
Transtornos de Ansiedade compreendem os quadros em que há a presença de ansiedade acentuada, que desempenha papel fundamental nos processos comportamentais e psíquicos do indivíduo, causando-lhe prejuízos em seu desempenho profissional e/ou acadêmico e nas relações sociais.
Para definir se o estado ansioso é normal ou patológico, deve-se avaliar a intensidade e freqüência com que ocorre, duração, e a interferência com o desempenho social e profissional do indivíduo. Dessa forma, a ansiedade patológica se diferencia da ansiedade normal, pois paralisa o indivíduo, trazendo-lhe prejuízos e não permitindo sua preparação para lidar com situações de ameaças.
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

16 de dez. de 2012

TDAH e co-morbidade

                                                     

Esquecimentos, problemas com memória, distração...  Até pouco tempo atrás, quando alguém "aparentemente normal" não conseguia se concentrar, lembrar do que devia ser feito, perder prazos ou concluir tarefas, pensava-se tratar de desinteresse, falta de esforço, ociosidade, vagabundagem, desleixo, indolência, preguiça, até mesmo malandragem. Hoje, sabe-se que muitas destas pessoas podem sofrer do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Estima-se que cerca de quatro milhões de adultos no Brasil são vítimas do TDAH. Esse distúrbio, que associa a desatenção e a impulsividade com a hiperatividade, é capaz de afetar a qualidade de vida, trazer problemas de relacionamento na vida pessoal, conjugal e profissional tanto em adultos quanto em crianças. Se não tratada adequadamente na infância pode trazer sérios problemas para a vida adulta entre elas a co-morbidade (outras disfunções que acompanham o TDAH).
Co-morbidade é um termo utilizado para descrever a ocorrência simultânea de dois ou mais problemas de saúde em um mesmo indivíduo. Esse é um fenômeno freqüente na prática clínica, e sua identificação é um fator importante que afeta tanto o prognóstico dos pacientes como a conduta terapêutica.
São as co-morbidades que dão o colorido especial a cada portador de TDAH, muitas vezes dificultando ou mascarando seu diagnóstico. Na vida adulta de um TDAH, as co-morbidades são muito freqüentes, atingindo mais de 50 % dos portadores, muitas vezes com mais de uma co-morbidade. O TDAH pode vir acompanhado de: Transtorno de Ansiedade, Transtorno de Aprendizado, Transtorno Depressivo, Transtorno de Humor Bipolar, Transtorno Opositivo - Desafiador, Transtorno de Conduta entre outros.
O TDAH se caracteriza pela tríade: Hiperatividade, Impulsividade e Desatenção. Os três sub-tipos podem se combinar de várias maneiras com qualquer uma das co-morbidades.
As pessoas com TDAH apresentam, ainda, uma maior tendência em abusar de drogas. O índice pode chegar a 50%. No caso do tratamento de dependentes químicos, é fundamental investigar se há diagnóstico de TDAH. A presença de TDAH dobra o risco para o desenvolvimento de abuso/dependência de substâncias ao longo da vida, e ambos os transtornos influenciam-se mutuamente, o que traz implicações para o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento de ambos os transtorno. A pessoa pode utilizar-se de bebidas alcoólicas, maconha e tranqüilizantes como forma de anestesiar seus pensamentos negativos, sua depressão, sua agitação e sua ansiedade crônica.
Estudos epidemiológicos realizados em crianças portadoras de TDAH documentam incidências elevadas de distúrbios psiquiátricos co-mórbidos, incluindo Transtornos Disruptivos de Comportamento (Transtorno Opositivo Desafiador, Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade Anti-social); Transtorno de Aprendizagem Escolar, Distúrbio da linguagem: Transtorno de Ansiedade: Transtorno do Humor e Transtorno de Tics.
Além desses, outros transtornos podem também serem observados com certa freqüência como, por exemplo, o transtorno alimentar por conta da compulsão que acomete a maioria dos portadores de TDAH.
Outros transtornos bastante comuns nesses pacientes são as fobias pelo medo de cometerem gafes, de serem criticados, ridicularizados, medo dos famosos "brancos", esquecimentos, ou por outras situações que os exponham de maneira negativa, por exemplo, na fobia social (medo de estabelecer relações sociais, falar em público), ou outras fobias como medo de avião, elevador, sangue, tempestade. Sendo comum a baixa auto-estima, a depressão e até mesmo o Pânico.
Na Adolescência e na idade Adulta os sintomas do TDAH se modificam, a hiperatividade não se apresenta mais tão visível passando a ser mais uma sensação de inquietude. No entanto, a desatenção persiste quase inalterada, embora facilmente disfarçada. Dirigir veículos, por exemplo, pode se tornar uma atividade de risco para os portadores de TDAH, que não toleram esperar, por serem muito acelerados e impulsivos apresentam dificuldades em respeitar regras e sinais de trânsito, tornando-se, por vezes, imprudentes e, portanto, mais vulneráveis á acidentes.
Por tudo isso, se faz importante o tratamento precoce. No caso do TDAH adulto é aconselhável o diagnóstico correto e o tratamento adequado tanto em relação ao TDAH, quando às co-morbidades.

              Prof. Dra. Edna Paciência Vietta
                             Psicóloga Clínica

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta