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29 de abr. de 2012


“A Ciência sem fé é Manca. A religião sem a ciência é cega”


A Modernidade é o momento histórico que sucedeu o Período Medieval cuja base foi o poder do clero, o predomínio da religião (das crenças nos fenômenos sobrenaturais) sobre qualquer outro tipo de conhecimento ou da razão.
A Modernidade nos livrou das trevas, do fanatismo, do autoritarismo eclesiástico e da perseguição, mas nos levou para o outro extremo parao domínio da razão e da ciência sobre a religião e o direcionamento para o mundo materiaql.
Pode se dizer que na Modernidade houve um desencantamento do conhecimento, onde o divino, a fé e os fenômenos sobrenaturais deixaram de compor a base do conhecimento, sendo substituídos pela razão pura, na busca da ordem e do progresso
A Modernidade se baseou na razão, na ciência, na matemática, no absoluto, assinalando que todas as descobertas científicas seriam verdades absolutas. Só seria verdadeiro aquilo que tivesse comprovação. Portanto, quando a Ciência nasce a religião perde o valor.
A Modernidade tirou Deus do centro do universo e colocou o homem, os valores deixaram de vir do plano transcendental e passaram a ser ditados pela vida terrenaQuando o homem tira Deus do centro de sua vida, precisa ter a certeza de que terá imediatamente algo a ser colocado nesse lugar. Algo que possa suprir todas as suas necessidades e assegurar sua sobrevivência. Algo que pudessem garantir alívio e soluções efetivas, concretas para todos os seus problemas. Algo que fosse maior que o medo de arriscar essa troca. Isso também exigia fé, só que na razão. 
Na verdade a evolução não é só o produto da nossa curiosidade em descobrir como as coisas são, mas, também, produto do medo de enfrentar a dor, o sofrimento, a culpa e a morte.
Na modernidade a racionalidade substitui Deus e a Ciência se torna a senhora todo-poderosa capaz de encontrar soluções para todas as aflições humanas. Tudo poderia ser explicado e controlado por ela.
Mas, as conseqüências dessa mudança de paradigma se fizeram sentir nos trágicos acontecimentos do século XX, colocando em xeque o mundo do progresso, do conhecimento, da ciência e da razão que culminaram com o grande colapso gerado pelas guerras, revoluções, estragos ambientais, mortes e conflitos marcados pelo terrorismo, suicídio em massa, novas doenças como a AIDS, Alzheimer, Pânico, só para citar alguns exemplos.
Com tantas conseqüências negativas, o homem despertou a consciência e passou a ter mais dúvidas que certezas, a humanidade passou a ter novos questionamentos e reflexões profundas sobre os destinos do Homem e o futuro do Planeta.
É certo que a Ciência e a Tecnologia trouxeram evolução, propiciando sofisticados meios diagnósticos e tratamentos cada vez mais aperfeiçoados. Indiscutivelmente, a humanidade se beneficiou dos avanços da Ciência e da Tecnologia (Tomografias, Ultrasonografia, Vidiocirurgias, Ressonância Magnética, nanotecnologia). Um tumor antes não operável pode, hoje, ser extirpado por um procedimento cirúrgico, invasivo. Os remédios são suficientes para controlar as moléstias infecto-contagiosas e degenerativas, porém o homem ainda carece de sabedoria; não consegue viver em harmonia com a natureza e respeita a vida.
O homem Pós-moderno descobriu que a Ciência resolve muitas coisas, mas não dá conta de tudo.
Há uma dimensão da vida humana que permanece indecifrável a despeito da razão e de todo conhecimento – a Transcendência do ser humano. Esta só é acessível pela fé. A modernidade se esqueceu das dimensões do espírito, da alma.
Aos poucos o homem Pós-moderno sente a necessidade de resgatar seus valores.
“A verdade, já dizia Agostinho, só pode ser garantida por algo acima dos homens e das coisas: somente através de Deus”. Por isso, é preciso render-se à fé, que permite resgatar a dignidade da razão: É preciso “compreender para crer e crer para compreender.”

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
       Psicóloga Clínica



Envelhecer com qualidade de vida


Até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos. Entre 1980 e 2000 a população com 60 anos ou mais cresceu 7,3 milhões, totalizando mais de 14,5 milhões em 2000. Em todo o mundo, a proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária.
Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é meta fundamental para indivíduos nessa faixa etária. Além disto, o envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas – amigos, colegas de trabalho, vizinhos, membros da família e Igreja. Esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de mão-dupla, com indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são princípios relevantes para o envelhecimento ativo.
Os fatores psicológicos, que incluem a inteligência e capacidade cognitiva (por exemplo, a capacidade de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e perdas), são indícios fortes de envelhecimento ativo e longevidade.
Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas (inclusive a rapidez de aprendizagem e memória) diminuem, naturalmente, com a idade. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. Freqüentemente, o declínio no funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de prática), doenças (como depressão), fatores comportamentais (como consumo de álcool e medicamentos), fatores psicológicos (por exemplo, falta de motivação, de confiança e baixas expectativas), e fatores sociais (como a - solidão e o isolamento), mais do que o envelhecimento em si.
Outros fatores psicológicos que são adquiridos ao longo do curso da vida têm uma grande influência no modo como as pessoas envelhecem. A auto-eficiência (crença na capacidade de exercer controle sobre sua própria vida) relacionada às escolhas pessoais de comportamento durante o processo de envelhecimento. Saber superar adversidades se adaptar às mudanças e às imitações normais do processo de envelhecimento. Homens e mulheres que se preparam para a velhice e se adaptam a mudanças fazem um melhor ajuste em sua vida depois dos 60 anos..
Envelhecer é uma evolução normal da vida e esta fase pode e deve ser vivida com qualidade. Precisamos mudar o conceito de velhice de acordo com as mudanças ocorridas neste século. A velhice é mais relativa hoje do que antes. Que é ser velho?  Como conceituar essa fase, no mundo de hoje? Se em todo momento acrescenta-se mais anos em nossas vidas. O que vai definir tal condição são as perspectivas futuras, é o quanto podemos ainda estabelecer metas, construir projetos. Não envelheça entes do tempo. É importante cuidarmos para não nos tornarmos pessoas amargas, mau humoradas, exigentes, críticas, ranzinzas, intolerantes, pouco flexíveis, autoritárias, pouco acessíveis ao diálogo. Temos que cuidar para não ficarmos de mal com a vida. Infelizmente, algumas pessoas, inconformadas com esta condição, age de forma negativa, se isolando, não se relacionando bem com as pessoas, tornando o convívio familiar difícil e intolerável. Outras, ao contrário, tornam-se, pessoas disponíveis, simpáticas, úteis, dinâmicas e produtivas, carinhosas, otimistas, abertas a novas perspectivas, com as quais é gostoso conviver. Essas últimas são pessoas que seguem suas vidas de forma natural e acompanham a evolução com sabedoria, buscando sempre se adaptar as mudanças. Com qual das duas você se identifica?  Você se sente participativo? Você está preste a se aposentar? Ou já se aposentou? É hora de recomeçar. Estabeleça novas metas, aventure-se, siga adiante, a vida não para. Aproveitar a vida é vivê-la bem, portanto, se dê oportunidade de ser feliz e realizar seus sonhos. Se adapte as transformações do mundo moderno, procure estar sempre atualizado, conquiste novos espaços. Aprenda a se conhecer melhor e a reconhecer e trabalhar suas emoções e sentimentos. Melhore sua auto-estima. O autoconhecimento é um processo que poderá levá-lo a descobrir em você, novos talentos. Não permita que a ociosidade, o desânimo, o pessimismo, o medo, tristeza o leve ao estresse, à ansiedade, à depressão, ao pânico, ou até mesmo a doenças físicas, mentais, psicossomáticas, ao alcoolismo e outras dependências. Procure cuidar de sua saúde física e emocional.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
             Psicóloga Clínica

Na culpa, somos nosso maior algoz. 


“A principal e mais grave punição para quem cometeu uma culpa é sentir-se culpado”. (Sêneca)                                                                                                                                             

Nunca será demais falarmos sobre este sentimento. Ele é um dos maiores problemas do ser humano quando em excesso ou em deficiência e causa de muitos sintomas e patologias. No primeiro caso ela nunca vem só, e nos leva a grandes sofrimentos, ao arrependimento e a autopunição, no segundo, torna-se um perigo, pois faz os outros sofrerem, é o caso do sociopata ou psicopata, pela ausência de remorso, por perversão, frieza e indiferença.
A culpa pode ser provocada por uma conduta negligente ou imprudente, com ou sem propósito de lesar, mas com algum dano real ou imaginário. Pode ser provocada por  atitudes conscientes ou inconscientes. Pode, também, ser induzida por um ato intencional, nesse caso, é responsável por grande sofrimento psicológico e/ou físico (produzindo sintomas ou doenças psicossomáticas), um tipo de tortura que a própria pessoa se impõe, por ter cometido erro, falha, injustiça, maldade, etc.
São inúmeros os sentimentos e situações que podem provocar esse mal estar, entre eles podemos citar: raiva, ódio, ciúmes, inveja, egoísmo, ingratidão, negligência, traição, criticar os outros, magoar, colocar a culpa nos outros, julgar mal as pessoas, ser intolerante com alguém, chantagear, humilhar, competir de forma desleal, não assumir responsabilidades, desconfiar sem motivos, desobedecer ou transgredir: leis, normas, regulamentos, princípios morais, éticos, religiosos, dar falso testemunho, agredir psicológica ou fisicamente, ou atos como: comer demais, gastar sem necessidade, matar, roubar, etc. 
Por trás de nossa tristeza, frustração, insatisfação, tédio, angústia, está à culpa como verme que corrói e mina a alegria de viver, destruindo a auto-estima. Quanto maior a expectativa a nosso respeito; quanto maior nossa exigência e perfeccionismo em relação às nossas condutas; quanto mais incoerência houver entre nossos sentimentos e nossas ações, maior nosso sentimento de culpa. O erro faz parte da evolução natural de todo ser humano. Aprendemos e amadurecemos também através dos erros que cometemos no passado. Assim, todas às vezes que sentirmos culpa, devemos nos questionar: o porquê deste sentimento? Se ele é procedente? Que posso fazer para remediar? O que posso tirar de aprendizado desta experiência?
Devemos assumir a responsabilidade pelos nossos atos e procurarmos corrigir as nossas falhas. Somos seres humanos imperfeitos. A culpa não assumida é uma atitude inconseqüente, coloca o culpado no lugar de vítima, isentando-o transitoriamente da responsabilidade do seu ato, mas o persegue eternamente, por outro lado, o impede do aprendizado dele decorrente. A culpa é uma maneira de nos vingarmos a nós mesmos e, às vezes, de forma perversa, provocando acidentes, envolvendo-nos em conflitos, impondo-nos sacrifícios, perda de liberdade, produzindo sintomas e doenças, por exemplo, Depressão, Anorexia Nervosa (distúrbio da alimentação, recusa de alimentos, perda de peso, medo de engordar), Bulimia (auto-indução de vômitos como forma de emagrecimento, chegando mesmo a níveis preocupantes como o estado de inanição e à morte), depressão, insônia, solidão, alcoolismo, droga-adição, alguns tipos de Câncer, problemas de pele, etc.
Com a culpa vem o remorso. Sentir remorso faz parte de nosso aprendizado, por que não é errado errar. O remorso é um aviso que algo está para ser corrigido.
A conscientização da culpa deve levar a pessoa a uma reavaliação de conduta e não a uma vida amargurada e doentia. Não é saudável viver alimentando o diálogo contínuo de autopunição, acusando os outros e a si mesmos o tempo todo. Este é o recurso para concretizar o jogo preferido dos neuróticos, a autopunição. A culpa excessiva é, também, uma defesa para que não se assumir a condução do próprio destino, a responsabilidade pela própria vida, ou seja, o compromisso de mudança, o crescimento e aperfeiçoamento pessoal.
É preciso admitir, somos seres imperfeitos, limitados e susceptíveis de cometermos falhas, mas, também, dotados do livre-arbítrio para sermos melhores.

             Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                               Psicóloga

Procrastinar versus Postergar 

  
Procrastinar é sinônimo de deixar para amanhã, “empurrar com a barriga”, postergar, adiar. No entanto, a quem diga que Postergar e Procrastinar, etimologicamente, tem significados opostos. Postergar significa deixar pra trás. E procrastinar quer dizer adiar, ou seja, jogar pra frente.
Procrastinação é o ato de esquivar-se de uma tarefa que necessita ser realizada. É o mau hábito de deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. Isto pode nos levar a ter sentimentos de culpa, desajuste, depressão e baixa autoestima. Pode causar ainda, preocupação, irritabilidade, sensação de fracasso, expectativa ruim, mal-estar e angústia inexplicável.  As conseqüências desse mau hábito podem ser danosas, como o insucesso profissional e a frustração nos assuntos e negócios particulares: perdas de oportunidades financeiras, afetivas.
Embora a procrastinação possa ser vista como uma forma de preguiça, ela surge por razões variadas, incluindo: fuga de experiências negativas, falta de capacitação, medo de comentários e avaliações de terceiros, hostilidade à tarefa ou à pessoa que a solicitou, pessimismo, depressão, passividade ou acomodação, medo de rejeição, baixa tolerância às frustrações, sentimento de injustiça, sobrecarga de responsabilidade e pressão.
A causa da postergação pode ser por perfeccionismo, nesse caso, o postergador pode pensar que não fez o melhor que poderia fazer, ou achar, por exemplo, que seu trabalho nunca está suficientemente bom para ser entregue. Pode ficar paralisado pensando nos aborrecimento que terá na execução de uma tarefa tediosa e cansativa. Pode sentir-se esmagado pela complexidade e tamanho da tarefa e com medo de falhar. Como resultado, gasta muito de seu tempo angustiado com o que tem a fazer, ao invés de agir. Se tiver dificuldade de concentração: pode ficar sonhando, flutuando no espaço, navegando pela Internet sem propósito, etc, ao invés de se dedicar a alguma tarefa. Geralmente não sabe administrar com inteligência o tempo, não sabe estabelecer prioridades ou esta inseguro quanto a elas. Como resultado, se dedica a tarefas menos importantes, sem objetivos, metas e planejamento. Pode ser que a falta de disciplina e de organização o impeça de produzir.
Ainda, podemos dizer que a imaturidade é fator preponderante para a atitude de procrastinar ou postergar, não se descartando também, a presença de certos Transtornos Mentais como: Depressão, TDAH, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Fobia Social, e outros problemas emocionais como: dificuldades financeiras, conflitos no trabalho, desmotivação, problemas familiares ou amorosos, ou mesmo físicos como, por exemplo, anemias, depressões, problemas hormonais.
Na verdade, todos nós queremos evitar a dor ou o incomodo de fazer algo que sentimos ser maçante, injustificado, difícil, complicado, ou até mesmo, emocionalmente doloroso. Por isso, adiar tarefas, planos e sonhos são muito mais comuns do que se pensa.
 A procrastinação pode aparecer ainda como uma manifestação contra excesso de autoridade, ou seja, contra tudo aquilo que é imposto, seja por superiores, pais, professores, chefes, onde não há espaço para argumentos. Enfim, há vários motivos pelos quais procrastinamos: baixo nível de energia, alto nível de stress, saúde debilitada, medo, receio, preguiça, até mesmo rebeldia, quando algo nos é imposto como obrigação.
Há Vários tipos de procrastinador: Procrastinador emocional: o que não consegue fazer nada que não atenda suas aspirações de satisfação imediata. Procrastinador estressado: O que fatalmente provoca acúmulos, adiamentos, delongas. O grande problema do estressado é não confiar em suas próprias habilidades. Procrastinador confuso aquele que é incapaz de priorizar tarefas e ações. Procrastinador atemporal: o que não tem noção de tempo. Procrastinador preguiçoso: o que acha que nada é mais importante do que seu conforto. Procrastinador folclórico: o que se orgulha de ser o que deixa pra depois só para ser diferente.
O problema com a procrastinação é que ela se auto-alimenta. Quanto mais adiamos algo, mais resistentes ficamos. Até que adiar deixa de ser uma opção e somos obrigados a correr atrás do prejuízo.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
      Psicóloga Clínica



Tricotilomania: que mania é esta? 





A tricotilomania foi descrita pela primeira vez em 1889, por Hallopeau, sendo atualmente classificada entre os transtornos de hábito e de controle de impulsos. Caracteriza-se por comportamento recorrente de arrancar os próprios cabelos, aumento da tensão imediatamente antes de arrancar (quando a pessoa tenta resistir ao comportamento), e sentimento de prazer, satisfação ou alívio após arrancá-los. Consiste num descontrole recorrente, resultando em perda capilar perceptível.
Os locais de onde os cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.
O ato de arrancar cabelos pode ocorrer em breves episódios ao longo do dia, ou em períodos menos freqüentes, porém mais prolongados, que podem se estender por horas. Algumas pessoas apresentam outros comportamentos associados como: brincar ou esfregar com o polegar e o indicador os cabelos que arrancam, morder a raiz do cabelo, e outras manias como, cutucar a pele ou roer unhas (onicofagia). Circunstâncias estressantes freqüentemente aumentam esse comportamento, mas ele também pode ocorrer em estados de relaxamento e distração, (por ex., assistindo televisão ou lendo um livro.
            Como qualquer outro comportamento desviante, a tricotilomania se apresenta em diversos graus, revelando-se desde pequenas falhas nos cabelos ou áreas de alopecia até a calvície total. Na maioria das vezes, este comportamento começa na infância ou adolescência. As justificativas da pessoa portadora de tal distúrbio são: sensação irresistível de coceira, impossibilidade de resistir ao impulso, ansiedade antes de começar o ato e a sensação de alívio da ansiedade, após arrancar fios de cabelo.
Pessoas com tricotilomania sentem-se envergonhadas pelo seu comportamento e sua aparência, por isso, tendem esconder o quanto possível o problema de sua família e amigos, ou negam o comportamento, daí ser de difícil diagnóstico. Vergonha e desconforto podem ter repercussões graves na auto-estima, na carreira e na vida social do portador, embora este procure disfarçar recorrendo a penteados elaborados, apliques,  perucas, bonés e chapéus.
            O aspecto mais complicado deste distúrbio é a ingestão de partes do cabelo, como as raízes, ou do cabelo inteiro, podendo levar ao desenvolvimento de "bolos" de cabelos no estômago ou intestinos, o que é raro, mas perigoso. Á tricotilomania é mais comum do que se pensa, é um transtorno como outro qualquer, só que um pouco mais esquisita e de tratamento demorado. A causa é desconhecida. Familiares destes pacientes apresentam maior incidência de distúrbios de ansiedade, Tricotilomania, Distúrbio Obsessivo-compulsivo, Síndrome de Tourette, Síndrome do Pânico e Depressão. Provavelmente existe uma combinação de fatores genéticos que provocam a disfunção de Neurotransmissores, associada a problemas emocionais que desencadeiam os sintomas.
Fatores psicológicos e emocionais a serem levados em conta são: emoções desagradáveis, solidão, ansiedade, tensão, raiva, tristeza, rejeição, culpa, carência afetiva. Fatores ambientais como, atividades sedentárias e contemplativas, durante as quais as mãos estão livres e/ou a mente desocupada são agravantes.
Nestes casos, culpar a pessoa por arrancar cabelos é o mesmo que culpar um asmático por não conseguir respirar. Crítica, raiva e acusações não vão diminuir o problema e podem aumentar a vergonha, a depressão, a ansiedade e a baixa auto-estima que freqüentemente acompanham e intensificam a compulsão.
O tratamento mais indicado é a terapia cognitivo-comportamental associada à terapia medicamentosa, com resultados há longo prazo. O diagnóstico não é confirmado se o ato de arrancar os cabelos for explicado pela presença de transtorno mental (por ex., em resposta ao delírio ou alucinação) ou se por condição médica geral (por ex., inflamação da pele ou outras condições dermatológicas). O distúrbio pode causar prejuízos significativos no funcionamento afetivo, profissional, ocupacional e social do indivíduo. Os jovens são os mais atingidos por este transtorno. Por se tratar de patologia com sinais evidentes e repercussão na auto-estima, não deve ser negligenciada, já que é causa de grande desconforto e de perdas consideráveis.


                          Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                   Psicóloga Clínica



DISTIMIA

Distimia 

Descrita pela primeira vez nos anos 80, a DISTIMIA foi reconhecida pela medicina como uma forma crônica de depressão leve. O portador de Distimia passa, às vezes, a vida toda sendo considerado pelos outros como sendo “baixo astral”, melancólico, mal-humorado. São pessoas que não têm muita tolerância para com as imperfeições dos outros. Possuem baixa auto-estima e são extremamente autocríticas, têm habilidades sociais pouco desenvolvidas, podendo se prejudicar pelas dificuldades de relacionamentos com colegas de escola, de trabalho, familiares, namorados, companheiros ou cônjuge. Dado seus comportamentos negativistas, rígidos, ranzinzas, acabam recebendo tratamento pejorativo, refletindo em estímulos negativos e reforçando, ainda mais, sua visão negativa do mundo.

Várias são as causas deste transtorno, entre elas, podemos citar: relacionamentos familiares complicados na infância; pais abusivos, agressivos, ausentes, distímicos. Em famílias que tenham mais membros que sofram de Depressão, Pânico, e outros distúrbios que interferem no metabolismo de certas substâncias cerebrais, abuso de álcool, tranqüilizante e/ou drogas ilícitas, reações de estresse extremo, etc. O distímico só enxerga o lado negativo do mundo, são sistemáticos, é o tipo de pessoa que não manifesta alegria por muito tempo, que se queixa da sogra, do chefe, do cachorro, do vizinho. Aborrecem-se quando chove, faz sol, calor, frio, da rotina, enfim é um eterno insatisfeito. Tudo é motivo para reclamação, nervosismo e irritação. Essas pessoas são hipersensíveis e se ofendem com muita facilidade, parecem sempre tensas, contidas, na defensiva, de difícil relacionamento. Reconhecem sua inconveniência quanto à rejeição social, mas não conseguem se controlar. Suas reações são imprevisíveis. Nunca se sabe como agir com elas, daí serem muitas vezes rejeitadas evitadas. Não se sentem doentes, mas sim, prejudicadas, rejeitadas, incompreendidas, injustiçadas. A desculpa recai sempre no ambiente, nas pessoas a sua volta, nas circunstâncias, etc. É comum, a queixa vir de um cônjuge, namorado, ou familiar, geralmente por afetá-lo, ou ser parte de seu problema (conviver com uma pessoa distímica).

O distímico é bastante resistente a tratamento, só buscando ajuda quando sua depressão passa a incomodá-lo, o que geralmente acontece quando esta, já se tornou grave. São pessoas que superestimam os aspectos negativos dos acontecimentos. Qualquer tarefa será sempre considerada “cavalo de batalha”. Tudo é feito por obrigação, nada por prazer. O sentimento de infelicidade o domina o tempo todo. Vivem irritadas, às vezes, fazem grosserias, magoando ou ofendendo pessoas, brigando por qualquer motivo. A pessoa distímica passa a maior parte do dia de mau-humor (ou humor deprimido), além disso, pode sentir cansaço, baixa energia, desânimo, preocupação excessiva, insônia ou sonolência, falta ou excesso de apetite, sensação de inadequação, queixas físicas (náusea, vômito, cefaléia, enxaqueca), dificuldade em tomar decisões, falta de concentração, etc. Como os sintomas são relativamente atípicos, a DISTIMIA pode ser confundida com um traço de personalidade, ou natureza da pessoa. Embora, trata-se de depressão leve, isso não significa ser menos grave, já que estas pessoas apresentam sofrimento razoável, sentem-se rejeitadas, deslocadas, além de correrem 30% mais riscos de desenvolverem quadros depressivos graves, como Transtorno de Pânico, Dependência de álcool e drogas ilícitas, idéias suicidas, daí ser sempre prudente consultar um especialista. Este transtorno atinge pelo menos 180 milhões de pessoas no mundo e 5% da população geral ao longo da vida, acometendo duas a três vezes mais mulheres do que homens. Normalmente, os sintomas aparecem no início da vida adulta perdurando por vários anos, às vezes, a vida toda. Quando não tratada, a depressão interfere de modo significativo na qualidade de vida das pessoas. A diferença entre o distímico e outros mal-humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas mudam de humor quando obtém a solução, enquanto o distímico, segue procurando justificativas para continuar mal-humorado. É bom esclarecer que nem todo mal-humorado pode ser considerado distímico. Só podemos afirmar que mau-humor é doença quando estiver acompanhado dos sintomas mencionados e for percebido de forma constante por longo tempo. É importante saber que o distímico não consegue se curar sozinho. A boa notícia é que a doença tem cura quando adequadamente tratada.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Solidão e Pós-Modernidade


 Para Bauman (1992), a Modernidade foi o momento de desenvolvimento de uma ordem racional e de uma liberdade individual até então não alcançada. O indivíduo pós-moderno vive intensamente o mito da liberdade individual. Ele nunca foi tão livre em suas escolhas privadas e públicas, mas também nunca foi tão solitário. (Cova, 1997). A solidão é um fenômeno psicológico com implicações profundas de ordem espiritual, podendo vir acompanhado de inquietação, desânimo, ansiedade, sensação de isolamento e desejo de ser útil a alguém. Ela agrega sentimento de perda e a sensação de que a vida perde propósito e sentido, independentemente de existir ou não isolamento social. Para a Filosofia o grande desafio é transformar a solidão em aliada de nossa realização pessoal. De acordo com a Filosofia o ser humano nasce só, sua dor e prazer ele os tem no recôndito do seu ser, e finalmente morre só. Para a Sociologia a solidão é o resultado da produção social do individuo “Ego-centrado” e “Individualista”, que ao firmar sua individualidade, firma também a fragmentação do universo social e o isolamento. Para a psicanálise a solidão é considerada um mecanismo de defesa, e encontra-se intimamente ligado às doenças mentais, isto é, aos sintomas neuróticos e psicóticos. A solidão é uma experiência dolorosa que tem assolado pessoas de todas as idades, raças, camadas sociais e crenças, já tendo sido considerado o grande mal deste século. O diagnóstico é do psicólogo americano John T. Cacioppo, diretor do Centro de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade de Chicago (EUA) e autor do livro “Solidão: A Natureza Humana e a Necessidade de Vínculo Social”. Nessa obra o autor destaca como a vida moderna facilita a crescente falta de vínculos sociais. O sentimento é acompanhado de uma sensação de abandono, desamparo e angústia. Essa ausência de conexões com o mundo faz com que a pessoa se esqueça dos benefícios que a solidão pode trazer para suas vidas. Especialistas alertam: "um pouco de solidão pode ser benéfico, e até necessário". Alguns indivíduos podem sentir-se pressionados pelo ritmo de convivência imposto pelos tempos pós-moderno, e que, nesse caso, uma dose segura de solidão ajuda a superar a sensação de desconforto. "O isolamento moderado contribui para a reflexão". Nesta perspectiva podemos compreender a solidão como um estado de consciência no qual nos voltamos para nós mesmos e analisamos nossa vida, nossas relações, sem o peso da culpa, pautada numa análise não crítica, sem julgamentos ou culpas, num movimento de reflexão sobre o que fizemos e as conseqüências de nossas ações. Dessa forma, a solidão pode ser uma oportunidade de autoconhecimento, de descobrirmos do que gostamos, queremos ou precisamos, bem como, dos recursos de que dispomos para alcançar nossos objetivos. É um modo de nos defrontarmos com o tumulto da pós-modernidade. De acordo com estudiosos no assunto, o perigo é quando a opção pelo isolamento se manifesta sob formas patológicas, acompanhada de depressão, pânico e vícios, danosos à vida em sociedade. A solidão é um processo necessário para que possamos desenvolver nossa individualidade. O grande paradoxo é que também precisamos nos relacionar com os outros para nos individualizarmos. Esse é o grande dilema da vida pós- moderna, pois a sociedade atual instrumentaliza o homem, supondo dar todos os recursos para uma vida plena, porém, ao mesmo tempo, torna suas relações efêmeras. O resultado é um individualismo cada vez maior. A Pós-modernidade caracterizou a “sociedade da solidão”, uma solidão nova, intermediada por tecnologia. Um processo em que os indivíduos passam a viver isolados em seus quartos, conectados com seus computadores, enquanto seus familiares estão na sala contígua interligados a outros computadores por meio da internet. Essa nova configuração cria o espaço para a exacerbação de uma postura individualista apontando o EU como principio e fim de todas as coisas. O EU se vê prisioneiro de uma armadilha que revela sua condição de ser solitário. A Pós-modernidade engloba uma sociedade de denominações diversas: sociedade das mídias, sociedade da informação, sociedade high-tech, sociedade eletrônica. A dinâmica social dessa sociedade é marcada pela ênfase nas novas tecnologias da informação e possui características que nos levam a entender as novas formas de sociabilidade do “sujeito pós-moderno. O indivíduo é levado à solidão e lhe são fornecidos mecanismos que fazem com que acredite piamente em uma interação social, mesmo que essa só ocorra por meio de dispositivos técnicos, de forma virtual. Profa. Dra. Edna Paciência Vietta Psicóloga Clínica









Emoções a flor da pele 


 A ciência ainda não encontrou respostas exatas para muitos problemas de saúde humana. No entanto, é impossível desprezar a observação clínica quanto à influência do emocional em algumas doenças. Fatos circunstanciais levam a acreditar que efetivamente, em certas situações, estados emocionais específicos tiveram pelo menos uma estreita relação com a doença.
A conexão corpo-psique deve começar a ser entendida através do conceito de emoção. Há um plano psíquico e outro somático pelo qual podemos perceber qualquer manifestação emocional. Juntos formam uma unidade funcional. Não existe emoção que não seja manifestação fisiológica e psíquica simultaneamente. Toda emoção acompanha-se de alterações do fluxo sangüíneo, alterações elétricas na superfície da pele, mudanças respiratórias, bioquímicas, posturais, que envolvem o corpo em seus diversos sistemas e aparelhos. Ao mesmo tempo apresentam-se como vivência psíquica, que permite a quem as sente reconhecer o que está sentindo; se raiva, medo, tristeza, alegria. Portanto, a pele tem relação estreita com a nossa mente e reflete o que se passa em nosso interior, na medida em que é especialmente sensível às nossas emoções.
É sabido que, fortes emoções podem resultar em náuseas, vômitos, diarréia, desmaios, crises hipertensivas, derrames cerebrais ou infartos do miocárdio. Esses fenômenos são exemplos claros da ligação entre a mente e o corpo,  facilmente observáveis, sugerindo ou mesmo confirmando que mente e corpo funcionam em conjunto.
Embora a medicina ocidental tenha procurado menosprezar a ação da mente sobre o corpo, o "rubor" da pele, em situações de constrangimento ou embaraço, a sensação de frio nas mãos em situação percebida como ameaçadora, a palidez da pele em ocasiões de susto ou o aumento do suor em momentos de tensão sempre indicou haver alguma ligação entre o que ocorria nos pensamentos e o que a pele manifestava. O aparecimento de coceiras sem causa aparente, em fases de maior preocupação, ou mesmo doenças como dermatites, urticárias, alergias, psoríase e pelada, indicam o que pode a mente provocar na pele.
Aproximadamente um terço dos pacientes de clínicas dermatológicas, apresentam alguma forma de patologia psiquiátrica, variando desde transtornos de ansiedade e humor até as várias apresentações de transtornos do espectro obsessivo-compulsivo.
Estudos na área de dermatologia dão conta que 40% dos pacientes que procuram médicos desta especialidade têm algum problema emocional.
Há certas dermatoses que apresentam ligação estreita com estados emocionais, pelo menos numa significativa porcentagem de pessoas. A psoríase é o exemplo mais marcante. Observa-se, com freqüência, que os pacientes com psoríase têm um alto nível de ansiedade. O vitiligo é outra dermatose sobre a qual o estresse exerce importante influência. A dermatite Atópica, um tipo de alergia, que pode aparecer logo aos primeiros meses de vida, também contém um componente emocional intenso. Outras doenças da pele como a dermatite seborréica, a neurodermite, a hiperidrose axilar e palmoplantar, a alopécia areata e, possivelmente, a dermatite artificial (auto-escoriação) e a tricotilomania (arrancamento compulsivo de cabelos e pêlos) onicofagia (roer as unhas) são quadros em que a relação mente-pele é evidente, em maior ou menor grau. O fato de as emoções afetarem a pele não é coincidência, uma vez que depois do cérebro, a pele é o órgão com o maior número de terminações nervosas do corpo, Isso quer dizer que a pele está intimamente ligada ao sistema nervoso central e, conseqüentemente, às emoções.
Esses quadros, que derivam do envolvimento entre a mente e a pele, são designados distúrbios psicodermatológicos. Os distúrbios psicológicos mais comumente envolvidos com dermatoses são: estresse, ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo e estresse pós-traumático.
Há tempos cientistas observam uma associação entre stress crônico e danos ao cromossomo. Sabe-se que o stress pode ser o responsável pelo envelhecimento precoce. Entretanto, pouco se sabia sobre como esse processo acontece. Agora, pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, descobriram um dos mecanismos que ajudam a explicar a relação: a adrenalina, hormônio liberado quando uma pessoa é tomada pela tensão, pode diminuir a quantidade de uma proteína chamada P53, responsável por proteger o genoma.

                                Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                                 Psicóloga/Psicoterapeuta








Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta