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19 de dez. de 2012


CIÚMES: PROVA DE AMOR, OU BAIXA AUTOESTIMA




   
Auto-estima é a sensação de valorização que a pessoa tem de si mesma. É um conjunto de crenças e opiniões que cada um faz de si próprio, através de um processo de auto-avaliação de seus atributos pessoais, reais ou imaginários, inatos ou adquiridos durante toda vida, sobretudo, na infância. Estas crenças se referem a qualidades, habilidades, competências, dons do sujeito, que podem fazer sentir-se mais ou menos valorizado. Nesta perspectiva a pessoa pode incluir em seu repertório emocional uma gama de sentimentos e afetos relacionados a si mesma, tais como, “me odeio”, “me amo”, “me desprezo”, “me admiro”, etc. Esses sentimentos acarretam atitudes positivas ou negativas na vida das pessoas. Por exemplo, de atitude positivas: o cuidar-se.
    A auto-estima promove e estimula a boa alimentação, exercícios físicos, disposição, lazer, relaxamento, otimismo, busca de conhecimento, de cultura e informação, progresso na carreira, atualização, experiências, realização profissional, higiene pessoal, hábitos saudáveis (dormir o suficiente, comer com moderação, abolir vícios, evitar excessos), cuidar da aparência (cabelos, pele, dentes, unhas, roupas, adornos, etc) seguir corretamente prescrições médica, enfim, cuidar da saúde física e emocional. Exemplo de atitudes Negativas: atitudes e posturas habituais de baixa-estima podem se manifestar por: severa e excessiva autocrítica, estado contínuo de insatisfação, incapacidade de sentir prazer, oscilação de humor, desânimo, pessimismo, hostilidade, irritabilidade a flor da pele, tendências defensivas, hipersensibilidade às críticas, sentir-se exageradamente atacado, ferido, magoado, supervalorização de sentimentos negativos, pessimismo, ausência de vaidade, relaxamento da aparência, entre outras, já que estas pessoas vivem provocando a confirmação ou o sentimento de serem rejeitadas. Outros indicativos de baixa auto-estima são a dependência afetiva e o sentimento doentio de ciúmes.
    Nossa vivência profissional tem comprovado que as manifestações doentias de ciúme são muito mais freqüentes do que se possa imaginar, o que nos leva a destacá-lo neste artigo. Só para dar alguns exemplos, citamos: maridos que se tornam controladores e violentos por suspeitarem de infidelidade de suas companheiras, mulheres ou maridos alterados, hostis, exigentes e possessivos com cônjuges. Pais que rejeitam os filhos, como se estes fossem uma ameaça à sua estabilidade conjugal; esposas que não suportam ver o sucesso de seus maridos; mães que agem com as filhas como se concorrentes ou rivais, irmãos que passam a vida disputando a atenção dos pais a qualquer preço, homens e mulheres que perdem o controle, se agridem verbal e fisicamente, se destroem, se humilham, se desprezam e se matam, em nome de um sentimento que chamam de amor.
    A desvalorização de si mesmo é uma das causas de rompimentos afetivos e conflitos conjugais. Pessoas seguras de si, de seu valor pessoal, profissional e social, costumam lidar bem com seus sentimentos, não se deixando levar por eles, conseguindo mesmo revertê-los em proveito próprio, aumentando e aprofundando seus vínculos com a pessoa amada.
    O ciúme se manifesta tanto no homem como na mulher e se torna problemático mais perigoso e mais difícil de ser debelado quando não houver justificativa real, quando aparece sem razão ou por causa infundada, isto é, se não existir uma causa concreta que o justifique.
    O ciumento é também egoísta porque quer tudo só para si, tornando-se egoista. Não empresta, não divide, não colabora. Julga-se no direito de ter o controle das pessoas, os horários aonde vai, com quem conversa, com quem anda, enfim, reduz a vida alheia a uma escravidão. Isso é doença, não é amor. Esse ciúme em excesso sufoca o ente querido e torna o amor em desprazer. No ciúme doentio a pessoa torna-se possessiva.
    A insegurança é outra causa que gera ciúmes. Esse sentimento tem por base o medo de perder algo que se possui, no caso o ente querido. Quando algo ameaça a convivência, ou alguém se sente rejeitado por parte de quem ama, é fácil o sentimento de perda se manifestar.
   O ciumento é uma pessoa insegura, sempre desconfiada, porque pensa que, em todo tempo está sendo perseguido. Pessoas inseguras, ciumentas, cerceiam a liberdade do companheiro, controla seus passos, invade sua privacidade, desrespeitando, enfraquecendo e destruindo os vínculos afetivos. Ninguém consegue suportar ser vigiado e controlado o tempo todo, agredido e humilhado em sua suscetibilidade a não ser, que por alguma razão patológica, também, necessite deste controle. Nesse caso, diríamos tratar-se de co-dependência ou portador de algum traço masoquista.
   Ciúme patológico é um sentimento que machuca, magoa, destrói, anula e afeta o equilíbrio emocional, tanto do ciumento, quanto de sua vítima. Ele é decorrente do desejo de posse da pessoa amada, insegurança, baixa autoestima, sentimento de inferioridade, falta de amor próprio, e tem origem na suspeita ou certeza de infidelidade. Dependendo do grau que atinge pode tornar-se obsessão. Em Otelo (de Shakespeare) temos um exemplo clássico da atitude inadequada diante desse sentimento, onde o ciúme supera a razão, e de suas conseqüências trágicas. Otelo é convencido por um amigo, de que Desdêmona, sua esposa, o estaria traindo. Cego de ciúmes mata a esposa. Depois de matá-la, acaba descobrindo seu engano e então, culpado, suicida.
   É difícil se considerar ciúmes, um sentimento bom ou normal. Quando presente, ainda que em dose mínima, se alimentado, pode ser transformado em sentimentos de posse, insegurança, rejeição, ódio, rancor, mágoa, vingança, tornando-se, um tormento na vida de muitos casais e infelicidade de muitas famílias. Profa. Dra Edna Paciência Vietta Psicóloga
                              Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                          Psicóloga Clínica

Um comentário:

Unknown disse...

Qual a maneira de se "tratar" como voltar a ter os sentimentos normalizados,a auto-estima de volta?

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta