Maconha uma droga nada inocente
O
abuso das drogas vem aumentando significantemente desde a metade do século XIX,
causando grande mal à humanidade. Várias são as razões que explicam este
fenômeno: fácil acesso às drogas, expansão das comunicações, fatores
socioeconômicos, migração, rápida urbanização e mudanças de atitudes e valores
na sociedade (Vilela, 2011).
Segundo
a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância
não produzida pelo organismo que tem a propriedade de alterar sobre um ou mais
de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. Uma droga não é
por si só boa ou má. Existem substâncias que são usadas com a finalidade de
produzir efeitos benéficos, como tratamento de doenças, e são consideradas
medicamentos (SENAD, 2011).
Drogas
Lícitas são aquelas comercializadas de forma legal, podendo ou não estar
submetidas a algum tipo de restrição. Como por exemplo, álcool (proibido para
menores de 18 anos) e alguns medicamentos que só podem ser adquiridos por meio
de prescrição médica especial.
Droga
Ilícita é qualquer substância proibida por lei. O consumo de drogas ilícitas vem
crescendo absurdamente nos últimos anos e tornou-se motivo de preocupação
constante da sociedade brasileira.
A
adolescência é um período marcado por inúmeras transformações e conquistas
importantes. No entanto, fatores como o uso de drogas podem transformar o
adolescente em um adulto problemático com seqüelas irreversíveis para o
desenvolvimento de sua vida futura. O consumo de drogas nesta fase pode trazer
sérias conseqüências físicas e/ou psíquicas para o desenvolvimento, como
déficits cognitivos, envolvimento em acidentes e infrações, dificuldades nos
estudos, permanência no emprego, ociosidade, etc.
Segundo
Silva e Matos (2004), a falta de relações afetivas genuínas e de apoio familiar,
pressão do grupo, violência doméstica, familiares dependentes químicos, baixa
autoestima, são fatores estritamente relacionados à causa da dependência
química. Acrescentaríamos nesta lista: o TDAH (Transtorno de Déficit de
Atenção), TB (Transtorno de Humor Bipolar) também como fatores de risco.
A
droga mais popular e presente no universo adolescente é a maconha. Pesquisa
realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) revela que 01 em cada
10 adolescentes que usa maconha é dependente e mais de 60% dos usuários
experimentou a substância antes de 18 anos.
A
maconha não é uma droga inocente como muitos jovens imaginam, ela é um
alucinógeno, uma droga psicoativa perturbadora do sistema nervoso central. Um
gatilho para o desenvolvimento de psicopatologias psiquiátricas como
Esquizofrenia Transtorno Bipolar, Fobia Social, Pânico,
etc.
A
maconha vem sendo usada inadvertidamente há séculos, em função principalmente de
suas propriedades sedativas e da capacidade de induzir sensações de bem-estar,
relaxamento. Uma série de estudos indica que a potência negativa desta droga vem
aumentando e, com isso, causando maiores prejuízos à saúde mental daqueles que a
consomem (UNODC, 2012).
A maconha é a substância proibida por lei mais
usada em nosso país. Cerca de 1,5 milhões de adolescentes e adultos usam maconha
diariamente no Brasil. O dado faz parte do II Levantamento Nacional de Álcool e
Drogas (LENAD).
Estudo
apresentado em 2012, pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), 3,4
milhões de pessoas entre 18 e 59 anos usaram a droga no último ano e 8 milhões
já experimentaram maconha. Estes dados parecem sugerir que a disponibilidade da
maconha esteja crescendo, inclusive entre os jovens, que vem utilizando esta
substância de forma compulsiva, não obstante seus efeitos nocivos à
saúde.
A
forma mais comum de consumo de maconha é o fumo. Eventualmente, pode ser
misturada a chás e alimentos, misturados com tabaco, cocaína ou
crack.
Fumar
maconha produz mudanças bastante rápidas no humor, percepção de tempo, memória e
outros aspectos da função cerebral. Os efeitos mais desejados por seus usuários
são: sensação de euforia, relaxamento e bem-estar geral. (Washton & Zweben,
2009). No entanto, nem todos os efeitos da maconha são agradáveis. Ansiedade,
apatia, comer compulsivo (larica), embotamento, sonolência, disforia,
isolamento, persecutoriedade, só para citar alguns, são os efeitos indesejáveis
mais comuns. Sintomas psicóticos, paranóia, delírios e alucinações, também podem
ocorrer com o uso de altas doses (Figlie et al. 2010). Tenho observado na
clínica que a maconha, (embora se negue) vicia sim, além de ser uma porta para
uso de outras drogas mais pesadas.
Profa Dra Edna Paciência
Vietta
Psicóloga
Clínica