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11 de mar. de 2013

A Tampa e o Balaio


                                       


                                                                 A Tampa e o Balaio
Temos observado na clínica, com certa freqüência que alguns pacientes apresentam um padrão repetitivo de comportamento afetivo no qual a escolha do parceiro ou parceira determina sempre relacionamentos complicados.
Estes pacientes apresentam características de pessoas co-dependentes, inseguras, críticas, desconfiadas, ciumentas, possessivas e pessimistas, não necessariamente todas essas característica, mas a maioria destas. Conversando com elas logo identificamos queixas do tipo “isso só acontece comigo”, “só atraio pessoas problemáticas”. Em situações de escolhas ou decisões tais pessoas dizem se sentir reduzidas a poucas alternativas do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Seus relacionamentos são instáveis, baseados na desconfiança, apresentam uma espécie de atração por pessoas complicadas, geralmente muito parecidas em termos de carência afetiva ou com problemas análogos ou com o seu oposto.
Nos contatos do dia-a-dia, tudo favorece para que as atividades desenvolvidas por tais pessoas não aconteçam na normalidade, em outras palavras, há sempre algo dificultando ou impedindo seu desempenho normal. Sem se dar conta, uma palavra basta para gerar em torno delas, polêmicas, conflitos e auto-reprovação do tipo: “isso só acontece comigo”, “só podia ser comigo”, “porque não calei a minha boca”, “só arranjo confusão”, etc
Essas pessoas chegam a desenvolver um tipo de relacionamento onde impera a dominação/submissão, coação/hostilidade, chantagem/vitimação. O relacionamento se torna um tipo de teste. O outro tem sempre que estar dando provas de amor. O padrão é sempre o mesmo, e a pessoa não percebe sua carência, imaturidade, insegurança, ciúme, pessimismo, baixa auto-estemas. Habitualmente são pessoas teimosas, persistentes em seus erros, inflexíveis em suas posturas e opiniões, sempre se achando com a razão, às vezes, agressivas, descontroladas, muitas vezes impulsivas quando não arrogantes (não necessariamente com todos esses quesitos). Por seu comportamento excêntrico acabam sendo discriminados, isolados dos demais, aborrecidos, mal humorados, sendo geralmente escolhidos como “bodes expiatórios” de grupos em seu entorno.
Na verdade, boa parte da população busca parcerias neste tipo de relacionamento. A situação se agrava quando esse tipo de relacionamento se concretiza na escolha amorosa, ou seja, pessoas se unem onde ambas apresentam esse mesmo padrão de comportamento. Quando isso acontece fica claro a busca de satisfação de necessidades mútuas doentias de ambos. É comum casais neste padrão perceber sua incongruência, porém, persistirem num relacionamento destrutivo. Esta situação chega a tal ponto de se desenvolver uma relação tipo sado-masoquista onde um sente prazer em magoar o outro.
Na vida dessas pessoas, chamadas co-dependentes, encontram-se geralmente histórias de pais ausentes, carências afetivas na infância, ambientes familiares hostis, conflitos freqüentes entre os pais, crianças que receberam mensagens dúbias como “te amo por isso te maltrato”, ”te faço sofrer, mas um dia você vai me agradecer”.
O co-dependente apresenta dificuldade em refletir sobre seus sentimentos: medo de amar e de se doar verdadeiramente, medo de perder o afeto das pessoas, de ser abandonado, de ter solidão.
Neste tipo de relacionamento todos sofrem. A dinâmica familiar se estabelece de forma doentia, numa espécie de simbiose.
O co-dependente se sente incompleto, busca no outro o que lhe falta e geralmente consegue o seu intento, é o popular “a tampa e o balaio” Vivem um “amor bandido” e vão se tolerando entre tapas e beijos, até que o relacionamento se desgasta e ai ou se separa ou vive no tormento.
É possível evitar tudo isso? Na verdade muitos relacionamentos acabam sendo desastrosos se a pessoa não tem autoconhecimento, é preciso primeiramente se cuidar emocionalmente, entendendo em que base faz suas escolhas. Para isso se faz imprescindível o autoconhecimento. A psicoterapia pode beneficiar na quebra destes padrões de repetição, interrompendo a ocorrência de comportamentos repetitivos que impedem o desenvolvimento saudável.  
                                        Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                            Psicóloga Ribeirão Preto

Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta