PERCEPÇÕES E EQUÍVOCOS NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS.
Todas as relações humanas envolvem emoções e sentimentos. Nossos sentimentos, experimentados diante dos fatos e das pessoas, sejam eles empáticos, apáticos ou antipáticos, dependerão dos valores, crenças e interpretações que fazemos da realidade. Nem sempre nossas emoções e sentimentos são conscientes, corretamente percebidos, nem dirigidos á pessoas nomeadas, geralmente expressam sensações ou percepções subjetivas, direcionadas àquilo que as pessoas nos representam. Por exemplo, alguém nos parece simpático familiar ao primeiro contato, neste caso é possível que estejamos identificando a pessoa com alguém significativo para nós. Quando alguém nos parece antipático à primeira vista, há grande chance de que tal pessoa expressa o que não aceitamos em nós mesmos e que nos incomoda quando visto e identificado como negativo no outro. É possível que, em dado momento, nossas percepções se aproximem ou até mesmo coincida em certo grau com a realidade, mas, ainda assim, haveremos de contar sempre com alguma representação interna a distorcê-la ou modificá-la.
É através de nossas emoções que construímos nossas percepções das coisas, pessoas, eventos, e de nós mesmos e interpretamos o mundo que nos cerca.
Vivemos num mundo onde a agitação e correria do dia-a-dia nem sempre nos proporciona condições de utilizarmos com precisão todo os recursos dos nossos sentidos, visão, audição, olfato e tato, e as conseqüências disto são os equívocos que fazemos quando avaliamos, julgamos ou atribuímos às pessoas, certos atributos e valores de forma inconsistente, precipitada ou, quando o fazemos na base de muita emoção. Em outras palavras, nossos sentidos nos transmitem informações fundamentais, todavia, não as recebemos como as detectamos, ou seja, da forma, como nos são apresentadas, pois antes que isso aconteça, ocorre em nosso cérebro um complexo processo de elaboração, onde estímulos detectados são elaborados e transformados de modo a apresentar-nos um resultado inteligível.
O processo perceptivo é complexo e depende tanto dos sistemas sensoriais como do cérebro. Alguns fatores exercem influências na resultante desta dinâmica, modificando, distorcendo ou adequando nossas percepções à realidade, entre eles, a familiaridade dos fatos, antecedentes, expectativas, repetição de eventos ou estímulos, estados emocionais, associações, sugestionabilidade, crenças e valores, intenções, interesses pessoais, julgamentos, estereótipos, preconceitos, dependendo dos modelos mentais ou padrões de pensamento que adquirimos ao longo da vida.
Para o processamento e interpretação dos dados, o homem utiliza algumas estratégias. Portanto, a percepção que temos das coisas e as impressões que temos ou fazemos das pessoas nem sempre é o espelho da realidade. Erros perceptivos podem nos levar a equívocos e incompreensões. Assim, diante da atribuição de um comportamento de uma pessoa, reagimos de diversas formas: 1) através da censura, rejeição, desafeto, indiferença; 2) aprovação, aceitação e afetividade. Nas primeiras somos receptivos, acolhedores, informais, permissivos, carinhosos. Na segunda, rejeitamos, mantemos distância, colocamos barreiras, evitamos intimidades, somos hostis ou agressivos, etc.
É fácil perceber que a percepção envolve toda a personalidade, a história de vida pessoal, a afetividade, desejos, paixões e preconceitos e se constitui a maneira fundamental e peculiar de seres humanos se situarem no mundo. Podemos perceber as coisas de diversas maneiras dependendo da predisposição, do estado de espírito, da conveniência, etc.
Percebemos as coisas e os outros de modo positivo ou negativo. Desse modo, o ser humano pode praticar muitos equívocos no relacionamento. Quando isto acontece, surgem conflitos que podem abranger todas as áreas da vida das pessoas, com prejuízos na vida afetiva, conjugal, familiar, profissional e social. Se esses equívocos tornam-se freqüentes podem ser indicativo de algum problema psicológico.
Na neurose as pessoas apresentam com muita freqüência distorções deste tipo. A psicoterapia é um recurso que pode ajudar às pessoas a se libertarem da angústia permanente e dos prejuízos que este estado condição possa ocasionar.
Mediante o autoconhecimento o ser humano vai gradativamente aperfeiçoando sua personalidade, tomando consciência de suas virtudes e defeitos, valores, crenças e preconceitos. Sentimentos positivos e construtivos passam operar em sua vida, melhorando sua percepção e conseqüentemente a forma de interpretar a realidade, o mundo, identificar seus sentimentos e a lidar melhor com suas emoções, reconhecendo suas atitudes e comportamentos, melhorando suas relações interpessoais.
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta Psicóloga
Psicóloga Clínica
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