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3 de ago. de 2012




Perfeccionismo: virtude ou defeito 

Realizar atividades laborais com dedicação, responsabilidade e correção dentro dos padrões desejados é dever de todos. Fazer o que há de melhor dentro das condições e possibilidades é responsabilidade social de cada um. Se empenhar para obter melhores resultados e contribuir para a melhoria da qualidade do que se faz é ético, moral e saudável. É natural buscar-se a satisfação e o reconhecimento que uma tarefa bem-feita proporciona. Estabelecer critérios pessoais de qualidade e trabalhar firme para atingi-lo é fator indispensável para a sobrevivência no competitivo mercado de trabalho de hoje. Perder o controle nessa procura tornando o que é desejável em atitude perfeccionista a ponto de se tornar escravo de suas próprias exigências, transformando-se num eterno insatisfeito com resultados, já é sintoma de doença.
É lógico que sem o cuidado insistente com a qualidade, as coisas não saem bem feitas, de acordo com o padrão de quem é criterioso e exigente com o que faz. Perfeccionistas geralmente são pessoas responsáveis, entusiastas, competentes e comprometidas. São capazes de assumir várias atividades ao mesmo tempo, sem prejuízo da qualidade. Esse é o pólo positivo e que realmente faz a diferença nas conquistas e no mercado de trabalho. O problema está no equilíbrio vital do comportamento perfeccionista, pois quando o limite de suas energias é ultrapassado aparecem prejuízos significativos para a sua saúde física e mental. Portanto, o problema não está propriamente em possuir essas características que são reconhecidamente ingredientes importantes para o sucesso profissional, mas em dar-lhes contornos excessivos que, não raro, adquirem conotações patológicas, transformando-se em verdadeiros empecilhos à conclusão de qualquer atividade ou projeto.  Apesar de serem ingredientes importantes do sucesso profissional, quando em excesso o detalhismo e o perfeccionismo tendem a se transformar em empecilho ou obstáculos ao bom desempenho laboral.
Diante de um mundo tão exigente, as pessoas de um modo geral, têm exigido o máximo de si mesmo. O perfeccionismo, freqüentemente, é visto em nossa sociedade como desejável ou mesmo necessário para o sucesso. Porém, quando não adequadamente controlado pode ser indicativo de uma personalidade rígida, inflexível, intransigente, intolerante, extremamente ambiciosa, ou até mesmo obsessiva. Por conta de serem detalhistas, perdem muito tempo, desgastando-se mais que os outros, na realização de uma mesma tarefa, sentindo-se com freqüência frustradas.
Diante da busca pelo sucesso, desenvolvem uma característica de auto-exigência, muitas vezes, cruel, uma espécie de tirania dos deveres. Nesta tirania, refazem tanto seu trabalho que acaba perdendo em originalidade.
O perfeccionismo manifesta-se como um jogo de pensamentos e de comportamentos circulares, com desafios e exigências cada vez maiores, visando alcançar objetivos muitas vezes, irrealistas e/ou excessivamente elevados. Isto pode levar a resultados de auto-derrota, à frustração e impotência, quando o custo/benefício entre energias gastas e tempo despendido em determinada tarefa não for compensatório. Padrões de exigência irrealísticos são, por definição, impossíveis de serem alcançados.
O perfeccionismo pode transformar em empecilho e atrapalhar o sucesso das pessoas quando relacionado a sentimentos como: baixa auto-estima, medo de rejeição, intolerância a critica, necessidade de aprovação, carência afetiva, medo do fracasso, auto-depreciação, ansiedade, O perfeccionista pode adotar posição radical, tudo ou nada, 8 ou 80, onde não cabe meio-termo. Este tipo de comportamento pode acarretar conflitos pessoais, conjugais, familiares e profissionais, sobretudo, pela dificuldade de convivência com os demais, pois passa a exigir o mesmo comportamento das pessoas, não aceitando as coisas de outra maneira que não a sua.  Além disso, pesquisadores da atualidade buscam compreender os elementos constituintes do perfeccionismo e sua possível relação com patologias como Distúrbios Alimentares, Depressão, Transtorno de Ansiedade, Comportamentos Obsessivo-compulsivos e até Comportamentos Suicidas.
Seu perfeccionismo está sob controle? Você coloca a maioria de suas metas tão absurdamente altas para você mesmo que torna os fracassos inevitáveis? Seu perfeccionismo lhe acarreta conflitos emocionais interferindo em sua saúde física e emocional? O indivíduo com personalidade perfeccionista pode mudar sua conduta, porém, para isso é preciso se engajar num processo de autoconhecimento e admitir que necessite de ajuda.

    Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
              Psicóloga Clínica

2 de ago. de 2012






Estresse: o fantasma do mundo moderno.


O ser humano sempre teve que assegurar sua própria sobrevivência, lutando ou fugindo dos perigos iminentes. Na vida moderna nossa sobrevivência continua sendo uma luta diária. O mundo muda ao longo dos séculos, embora semelhantes, as causas do estresse continuam as mesmas, persistindo como condição de enfrentamento intrínseco e natural da humanidade. O bombardeio de informações, a violência urbana, as drogas, as desigualdades sociais, as doenças, os conflitos, as guerras, tudo leva ao universo do estresse. Até bem pouco tempo a humanidade vivia sem o recurso do fax, do telefone celular, do computador, da internet. De repente, o homem se dá conta das transformações ocorridas e se surpreende a cada dia, tendo que se adaptar às novas condições de vida. Há uma maior exigência interna e externa para a adaptação do ser humano às condições da vida atual.




A necessidade de conseguir mais dinheiro, atingir níveis de conforto e status social elevado, conquistar e manter-se num bom emprego, prover a família com bens materiais estimulado pela mídia, competir por melhores oportunidades profissionais, viver a maior parte do dia no trabalho e longe da família, alimentar-se de forma irregular e desequilibrada, são apenas alguns fatores que, certamente, colaboram para o estresse no mundo contemporâneo.




A evolução tecnológica e científica mudou também o estilo de vida do homem moderno, impondo-lhe novas atitudes e comportamentos. Difícil é saber até que ponto e, em que sentido esta evolução contribuiu para melhorar ou piorar a qualidade de vida do homem na terra, embora se cogite que, dificuldades ou aspectos negativos possam ocorrer por conta da forma como o homem se utiliza destas conquistas. De outra perspectiva, sem nenhum pessimismo, numa visão crítica, sabe-se que o crescimento econômico, alicerçado no consumismo e na competição desenfreada gerou muitas frustrações, fracassos, mal-estar social, vazio existencial, enquanto o sofrimento humano gerou na pós-modernidade novas formas de patologias psíquicas de âmbito mundial; Anorexia Nervosa, Bulimia, Fobias, Pânico, Alzheimer, só para citar algumas. A compulsão por comprar, tornou-se uma forma de completude entre a ameaça do esvaziamento interior, a falta de sentido de vida, a angústia, a depressão, enquanto a competição gerou insegurança, medos, fobias, dependências, alcoolismo.




A sobrecarga de agentes estressores pode ser considerada importante fator para o mal-estar da civilização moderna. Essa sobrecarga é um estado no qual as exigências do ambiente excedem às nossas capacidades de adaptação. Acresce-se ainda, a urgência de tempo para execução de tarefas, responsabilidades e preocupações excessivas além dos problemas do dia-a-dia, também assoberbados pela vida moderna. Estes últimos, relacionados à falta de segurança e estabilidade, com repercussão nas relações familiares, educação dos filhos (preocupação com violência e drogas) e a falta de descanso e lazer. A falta de estímulo, o sentimento de inutilidade, a falta de sentido de vida, a solidão, o isolamento, a rotina, também podem resultar em estresse.


O estresse não se manifesta com a mesma intensidade para todas as pessoas, ele se instala com manifestações que podem variar de leves, moderadas ou intensas, dependendo do tipo, intensidade, freqüência da exposição ao fator estressante e das diferenças individuais. Para que um evento se torne estressante é necessário que o mesmo, seja percebido como tal. Assim, o modo de ser de uma pessoa, seu estilo de vida, suas crenças e valores, seus hábitos, sua personalidade, interferem na eclosão e intensidade do estresse. Dependendo da intensidade, o estresse pode causar grande sofrimento e provocar desgaste físico e mental, deterioração e envelhecimento precoce, interferir na imunidade do organismo, predispondo-o a doenças ou agravando condições de enfermidades já instaladas.


Perturbações psicossomáticas, desencadeadas nestas condições como, enxaqueca, fibromialgia, hipertensão essencial, úlcera duodenal, obesidade, artrite reumatóide, doença coronariana, e outros sintomas como: diarréia, taquicardia, falta de ar, cansaço, insônia, dificuldades de concentração, dificuldades sexuais, podem ser consideradas como produtos deste fantasma do mundo moderno, quando avaliações médicas criteriosas e exames clínicos, não forem suficientes para determinar sua etiologia.






Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                         Psicóloga Clínica

Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta