Perfeccionismo:
virtude ou defeito
Realizar
atividades laborais com dedicação, responsabilidade e correção dentro dos
padrões desejados é dever de todos. Fazer o que há de melhor dentro das
condições e possibilidades é responsabilidade social de cada um. Se empenhar
para obter melhores resultados e contribuir para a melhoria da qualidade do que
se faz é ético, moral e saudável. É natural buscar-se a satisfação e o
reconhecimento que uma tarefa bem-feita proporciona. Estabelecer critérios
pessoais de qualidade e trabalhar firme para atingi-lo é fator indispensável
para a sobrevivência no competitivo mercado de trabalho de hoje. Perder o
controle nessa procura tornando o que é desejável em atitude perfeccionista a
ponto de se tornar escravo de suas próprias exigências, transformando-se num
eterno insatisfeito com resultados, já é sintoma de doença.
É
lógico que sem o cuidado insistente com a qualidade, as coisas não saem bem
feitas, de acordo com o padrão de quem é criterioso e exigente com o que faz.
Perfeccionistas geralmente são pessoas responsáveis, entusiastas, competentes e
comprometidas. São capazes de assumir várias atividades ao mesmo tempo, sem
prejuízo da qualidade. Esse é o pólo positivo e que realmente faz a diferença
nas conquistas e no mercado de trabalho. O problema está no equilíbrio vital do
comportamento perfeccionista, pois quando o limite de suas energias é
ultrapassado aparecem prejuízos significativos para a sua saúde física e
mental.
Portanto,
o problema não está propriamente em possuir essas características que são
reconhecidamente ingredientes importantes para o sucesso profissional, mas em
dar-lhes contornos excessivos que, não raro, adquirem conotações patológicas,
transformando-se em verdadeiros empecilhos à conclusão de qualquer atividade ou
projeto. Apesar de serem ingredientes importantes do sucesso profissional,
quando em excesso o detalhismo e o perfeccionismo tendem a se transformar em
empecilho ou obstáculos ao bom desempenho laboral.
Diante
de um mundo tão exigente, as pessoas de um modo geral, têm exigido o máximo de
si mesmo. O perfeccionismo, freqüentemente, é visto em nossa sociedade como
desejável ou mesmo necessário para o sucesso. Porém, quando não adequadamente
controlado pode ser indicativo de uma personalidade rígida, inflexível,
intransigente, intolerante, extremamente ambiciosa, ou até mesmo obsessiva. Por
conta de serem detalhistas, perdem muito tempo, desgastando-se mais que os
outros, na realização de uma mesma tarefa, sentindo-se com freqüência
frustradas.
Diante
da busca pelo sucesso, desenvolvem uma característica de auto-exigência, muitas
vezes, cruel, uma espécie de tirania dos deveres. Nesta tirania, refazem tanto
seu trabalho que acaba perdendo em originalidade.
O
perfeccionismo manifesta-se como um jogo de pensamentos e de comportamentos
circulares, com desafios e exigências cada vez maiores, visando alcançar
objetivos muitas vezes, irrealistas e/ou excessivamente elevados. Isto pode
levar a resultados de auto-derrota, à frustração e impotência, quando o
custo/benefício entre energias gastas e tempo despendido em determinada tarefa
não for compensatório. Padrões de exigência irrealísticos são, por definição,
impossíveis de serem alcançados.
O
perfeccionismo pode transformar em empecilho e atrapalhar o sucesso das pessoas
quando relacionado a sentimentos como: baixa auto-estima, medo de rejeição,
intolerância a critica, necessidade de aprovação, carência afetiva, medo do
fracasso, auto-depreciação, ansiedade, O perfeccionista pode adotar posição
radical, tudo ou nada, 8 ou 80, onde não cabe meio-termo. Este tipo de
comportamento pode acarretar conflitos pessoais, conjugais, familiares e
profissionais, sobretudo, pela dificuldade de convivência com os demais, pois
passa a exigir o mesmo comportamento das pessoas, não aceitando as coisas de
outra maneira que não a sua. Além disso,
pesquisadores
da atualidade buscam compreender os elementos constituintes do perfeccionismo e
sua possível relação com patologias como Distúrbios Alimentares, Depressão,
Transtorno de Ansiedade, Comportamentos Obsessivo-compulsivos e até
Comportamentos Suicidas.
Seu
perfeccionismo está sob controle? Você coloca a maioria de suas metas tão
absurdamente altas para você mesmo que torna os fracassos inevitáveis? Seu
perfeccionismo lhe acarreta conflitos emocionais interferindo em sua saúde
física e emocional? O indivíduo com personalidade perfeccionista pode mudar sua
conduta, porém, para isso é preciso se engajar num processo de autoconhecimento
e admitir que necessite de ajuda.
Profa. Dra. Edna Paciência
Vietta
Psicóloga Clínica