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11 de jan. de 2012

O que é Transtorno Mental. 

        Muitas pessoas me perguntam o que é, e como se desencadeia o transtorno mental. Neste questionamento parece implícito certo receio das pessoas em vir a ser portadoras deste tipo de enfermidade. Na realidade, o medo advém do fato de se perceber o quão tênue é a separação entre o normal e o patológico. Esse medo advém também do fato da doença mental ter sido percebida e interpretada de diversas maneiras ao longo da história e comumente ter sido tratada de formas cruel.
      Durante longos séculos a “loucura” recebeu explicações sem nenhuma base científica, sendo considerada através de abordagens metafísicas, mágicas ou religiosas. Muitas culturas atribuíam a doença mental a possessões demoníacas, castigo dos deuses, e não raramente essas pessoas eram castigadas e suas famílias estigmatizadas pelas comunidades as quais pertenciam. Isto reforçou preconceitos e estigmas. Primeiramente devemos entender porque falamos em transtornos mentais e não em doenças mentais? Em medicina, são consideradas doenças as alterações da saúde que tem uma causa determinada, com a ocorrência de alterações físicas detectáveis.
      O termo transtornos, por outro lado, é reservado para designar agrupamentos de sinais e sintomas associados a alterações de funcionamento sem origem conhecida. Os transtornos mentais, em geral resultam da soma de muitos fatores como: Alterações no funcionamento do cérebro; Fatores genéticos; Fatores da própria personalidade do indivíduo; Condições de educação; Ação de um grande número de estresses; Agressões de ordem física e psicológica; perdas, decepções, frustrações e sofrimentos físicos e psíquicos que perturbam o equilíbrio emocional. Assim, podemos então afirmar que os transtornos mentais não têm uma causa precisa, específica, mas que são formados por fatores biológicos, psicológicos e sócio-culturais. É fato reconhecido que fatores genéticos e ambientais convirjam para este tipo de adoecimento. A hereditariedade é um aspecto importante a ser considerado, já que muitos desses pacientes apresentam histórico familiar de distúrbios mentais e, portanto, uma predisposição genética. Entretanto, é comum que os transtornos mentais na família se manifestem de forma diferente, por exemplo, um pode manifestar em Depressão, o outro em Transtorno do Pânico e um terceiro em Transtorno Bipolar. Em relação a este aspecto o questionamento é como se poderia explicar o fato de que certos familiares com a mesma carga genética não adoecerem, enquanto outros desenvolvem transtornos mentais graves. A resposta seria que, embora a genética seja importante, ela não é o fator preponderante. Estão em jogo aí outros fatores como ambientais, educação, temperamento, personalidade, hábitos de vida, traumas, estrutura mental, que podem tanto atuarem como proteção ou fator desencadeante da doença mental. 
      É importante esclarecer que um comportamento anormal ou um curto período de anormalidade do estado afetivo não significa, em si, a presença de distúrbio mental ou de comportamento. Para serem categorizadas como transtornos, é preciso que essas anormalidades sejam persistentes ou recorrentes e que resultem em certa deterioração ou perturbação do funcionamento pessoal, em uma ou mais esferas da vida. 
     Diferentes modos de pensar e se comportar, entre diferentes culturas, podem influenciar a maneira pela qual se manifestam os Transtornos Mentais. Assim, as variações normais determinadas pela cultura não devem ser rotuladas como Transtornos Mentais, da mesma forma como, também, não podem ser tomadas como indicações de distúrbio mental as crenças sociais, religiosas e/ou políticas. Assim, podemos dizer que transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na vida familiar, na vida social, na vida pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica, na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral. É aí que entram dois conceitos importantes, a resiliência e a vulnerabilidade da pessoa ao estresse, ou seja, sua incapacidade de resistir às pressões, traumas e desgostos da vida, aos quais todos nós estamos expostos.
      Finalmente temos os chamados fatores de proteção, ou seja, aqueles que agem contra as condições estressantes, "fortalecendo" o indivíduo contra os transtornos mentais: os fatores de apoio social, que se referem sobretudo ao meio ambiente e à rede social da pessoa. 

                        Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                  Psicóloga Clínica
Culpa ou neurose? 

      A noção de culpabilidade é extremamente complexa porque envolve diversos aspectos, entre eles: o filosófico, teológico e o psicológico. A angústia e a culpa são fatores dominantes na vida dos seres humanos. No enfoque psicanalítico, podemos dizer que existe uma dicotomia entre o que o indivíduo gostaria de ser - Eu ideal – e o que realmente ele é – Eu real – acarretando, desta forma, o sentimento de culpa pelo fato de ser o que não se é – culpa existencial. No aspecto religioso, esse sentimento de culpa parece originar-se do não cumprimento das regras advindas das leis morais “divinas”.
     A idealização do ser humano, como ser correto, perfeito e virtuoso, é desmistificada. O homem é tomado como um pecador, ou seja, aquele que cometeu um ato contrário à verdade, ferindo a si e/ou ao próximo, acarretando-lhe a culpa e a necessidade de se redimir para livrar-se desse mal. 
      No enfoque psicanalítico, o sentimento de culpa expressa um conflito existente entre o Id e o Superego, tendo como mediador o Ego, que deve serviço a três grandes senhores: o mundo externo, a libido do Id e a severidade do Superego. O Id deseja uma determinada coisa e o Superego (valores dos pais e da cultura incorporados durante a infância) opõe-se ao cumprimento de tais desejos. Esse conflito estrutural a que chamamos de culpa é totalmente inconsciente; conseqüentemente dele, surge como sintomatologia psicopatológica à necessidade de punição ou de castigo.
     Existem em algumas pessoas sentimentos de culpa que não correspondem à angústia e à consciência do pecado, isto é, não há uma culpa objetiva. Esses sentimentos são objeto de estudo da psicoterapia. O sentimento patológico de culpa difere do sentimento do pecado.
     Para Freud, o sentimento de culpa tem origem na infração às leis inconscientes do Superego, portanto, a sua raiz está no próprio inconsciente e no doente, que desconhece sua a causa de sua angústia, projetando-a sobre faltas reais ou imaginárias. O remorso pelo pecado real é bem definido, límpido, destacando-se com nitidez para a consciência. 
     Assim diante dessas colocações, nota-se que se distingue sentimento de culpa e pecado por infrações inconscientes e conscientes, respectivamente. Desta forma, a religião é um recurso para aperfeiçoamento do homem e da salvação de sua alma. O neurótico corre o grave risco de criar uma falsa espiritualidade, uma falsa moralidade, que o impedirá de desfrutar de uma vida boa, voltada para a busca do progresso com vista a perfeição. Ele é guiado por motivações inconscientes de caráter egocêntrico, isto é, mais do que ao serviço do próximo e dos valores, funciona ao serviço do eu. O neurótico confunde o ideal perfeito com a impecabilidade, ama apenas o eu idealizado e ilude-se julgando amar o próprio ideal, sem encontrar paz e equilíbrio. Tem uma religião exclusivamente de temor angustioso de Deus e por isso é duro, rígido para com os outros, a quem procura se impor. Mostra sentimentos de culpabilidade independentes do mal realmente cometido e, assim, angustia-se por faltas sem importância, abandona-se facilmente à tristeza e aos sentimentos de insuficiência. O fato que todas as psicoterapias reconhecem uma estreita relação entre as neuroses e a vida moral do sujeito. Assim, do ponto de vista da psicanálise, quanto ao controle instintual, da moralidade, pode-se dizer que o Id é totalmente amoral; o Ego se esforça por ser moral e o Superego é super-moral e pode tornar-se tão cruel quanto somente o Id pode ser. Daí, ser importante, o reconhecimento da própria culpa, como fruto de uma autocrítica e reconhecimento da falta. Pois neste sentido, o homem toma consciência da ruptura existente entre o que desejaria ser - Eu-Ideal - e o que realmente é - Eu-Real.
      O remorso surge como uma primeira tentativa para aliviar essa dor, podendo levar o homem à harmonia interior ou ao desespero. É importante distinguir entre o remorso advindo do pecado e a angústia advinda do sentimento de culpa, pois, o esclarecimento do homem quanto as suas transgressões internas e/ou externas pode propiciar maior compreensão de si, de seu funcionamento psíquico e a busca de novos caminhos para o aperfeiçoamento de suas virtudes.

                        Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                    Psicóloga Clínica
A verdade está no meio termo 

 "A principal coisa na vida é não ter medo de ser humano" ( Pablo Casals) 

      O psiquiatra argentino Hugo Marietán define a pessoa perfeccionista como aquela que se esforça para melhorar o êxito de seu objetivo seguindo um padrão ideal. São pessoas que tendem dar importância exagerada a tudo e nunca se sentem satisfeitas. Ocupam-se mais do que necessário em pequenas tarefas e tendem a ficar com a sensação de que poderiam ter feito ainda melhor.
      Se você for um perfeccionista, é provável que tenha aprendido cedo na vida que as pessoas sempre o avaliariam pelo quanto você realizaria ou conseguisse produzir. A partir daí você passou a acreditar que só será aceito se produzir com perfeição. Em conseqüência, você aprendeu a avaliar-se somente na base da aprovação das outras pessoas. Assim sua auto-estima pode estar sendo baseada primeiramente em padrões externos. Isto pode deixá-lo vulnerável e excessivamente sensível às opiniões e as criticas dos outros. Na tentativa de proteger-se de possíveis críticas, você pode concluir que ser perfeito é sua única alternativa. 
     O perfeccionismo ao qual nos referimos é aquele que nos desgasta, levando-nos a uma série de problemas em nível pessoal, conjugal, social, profissional, etc, está relacionado a arrogância e ao medo de errar, ou seja, para o perfeccionista tudo deve ser perfeito, ele não admite erro, mudanças. Geralmente, defende sua posição analisando somente a dicotomia perfeição-displicência. É 8 ou 80. Sim ou não. Para o perfeccionista não tem meio termo. É tudo ou nada. Não raro, está mais preocupado em manter as aparências, em se mostrar superior. Nesta conotação o perfeccionista jamais admitirá que sua verdadeira preocupação seja com a opinião alheia, há um medo de que suas falhas sejam expostas, de que descubram que ele é tão normal quanto qualquer ser humano. O ideal é encontrar um equilíbrio. 
      O perfeccionista espera que todos ao redor sejam perfeitos e se incomoda quando não consegue aplicar aos outros suas regras de disciplina. À primeira vista o perfeccionismo parece ser algo positivo, pois ele pode ser usado como uma força propulsora para o bem. As pessoas de seu convívio, muitas vezes, não conhecem suas expectativas, o que gera tensão com familiares, amigos e colegas, além de um grande sentimento de raiva. Em geral, o perfeccionista é detalhista, meticuloso e caprichoso em suas ações. 
   A sociedade normalmente valoriza alguns traços comuns ao perfeccionista, como, por exemplo, a responsabilidade, a pontualidade, o esmero e assim por diante. No passado, o perfeccionismo era até visto como um aspecto positivo e acreditava-se que ele contribuiria para o sucesso profissional das pessoas. Contudo, o problema do perfeccionismo vem à tona quando o seu possuidor não atinge o alvo proposto para si mesmo. Além do mais, a busca do resultado perfeito pode interferir negativamente nas realizações profissionais do perfeccionista, pois se gasta tanto tempo em revisões que a produtividade fica comprometida. O universo pessoal do perfeccionista pode ser tomado por frustrações contínuas, o que o conduz a um estado de tristeza, culpa e até mesmo autodesprezo.
      Há dois tipos de perfeccionistas. O primeiro é o introspectivo, ou seja, aquele que apresenta pouca auto-estima e confiança própria e para quem qualquer erro equivale à desaprovação dos outros. O segundo é o extrospectivo, ou seja, aquele que não apresenta baixa auto-estima, porém, não confia nas habilidades ou capacidades dos outros ao seu redor. Logo, este segundo tipo não consegue delegar e exige sistematicamente das outras pessoas a perfeição que requer de si mesmo. 
     Muitos de nós somos perfeccionistas, ou seja, queremos fazer o certo com exagerada preocupação em não falhar em nada. A busca da perfeição é diferente de ser perfeccionista. Estar sempre buscando melhorar é muito bom, mas admitir que somos imperfeitos é sermos humildade, é saber que podemos errar. O homem Ansioso pode desenvolve um transtorno Obsessivo-compulsivo no qual o perfeccionismo é um dos mais incômodos sintomas. Em psicologia a verdade, ou, o equilíbrio está no meio termo.

                                 Profa Dra Edna Paciência Vietta
                                          Psicóloga Clínica
O Homem moderno e seu estilo de vida: entre o “Ter e o Ser”

 "O Homem , na ânsia de ter, se esqueceu de ser" (Seneca) 

      O mundo moderno, obcecado pela tecnologia, produtividade, consumismo e bens materiais, privilegia os valores da matéria e do corpo em detrimento dos valores da alma. Por isso, é um mundo onde existe pouca ou nenhuma paz. Daí tanta inquietação, tanta pressa, tanto estresse, tantos conflitos. 
      A partir do pensamento de Erich Fromm poderíamos considerar a história da humanidade como o embate simbólico entre o “Ser” e o “Ter”, dois verbos que, apesar da proximidade fonética, evidenciam, entretanto, um enorme distanciamento valorativo. Em nossa sociedade tecnocrática, “Ter” se tornou uma disposição hegemônica, comandando as nossas ações e valores através do postulado de que uma pessoa pode ser avaliada por aquilo que ela possui e não por aquilo que ela “é”, isto é, por suas qualidades singulares
      Há quem afirme a era moderna como a idade da Ansiedade, associando a este acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da modernidade; sociedade industrial. Sentiríamos muito menos sofrimento e inquietações se conseguíssemos o equilíbrio para racionalizar o grau de importância que esses bens de consumo representam em nossas vidas... Consumir é uma forma de ter, e talvez a mais importante da atual sociedade abastada industrial. Consumir apresenta qualidades ambíguas: alivia ansiedades, porque o que se tem não pode ser tirado; mas exige que se consuma cada vez mais, pois o consumo anterior logo perde a sua característica de satisfazer.
      Os consumidores modernos podem identificar-se pela fórmula: Eu sou = o que tenho e o que consumo Vejamos: Você usa tudo que você possui? Dê uma olhada em sua casa, no seu guarda-roupas... você realmente utiliza tudo que compra? Necessita do que compra ou compra apenas para satisfação do seu Ego? Experimente quando se encontrar numa situação de "compra eminente", se questionar: Preciso realmente disto ou posso viver sem? Talvez você descubra que boa parte do que adquire é desnecessário. E na luta do "ter" em detrimento do "ser" acabamos por não valorizar o que temos. Com isto não queremos dizer que o ter seja desprezível senão que seja bem utilizável para o bem de todos. Um não precisa ser a negação do outro; quem é pode ter e quem tem pode ser. A pessoa pode ter e ser, ou ser e ter sem que haja, por isso, nenhum prejuízo, nem para o “ser” nem para o “ter”.
     Vivemos num momento de rápidas transformações fortes mudanças, de caráter ambiental, social, econômico, científico, cultural e tecnológico, entre outras. Estas mudanças podem nos provocar transformações internas (ex. orgânicas, emocionais, racionais). A escassez de paz, que a linguagem moderna traduz muitas vezes por estresse, é um perigo que compromete a saúde – física, psicológica e mental – e acarreta uma boa parte das doenças contemporâneas. 
      A vida mecanizada de hoje, particularmente nos grandes centros urbanos, tende a levar todas as coisas num ritmo frenético. Neste contexto, o autoconhecimento e a intuição podem ser de grande valia, auxiliando-nos na adaptação a este mundo mutante e no direcionamento de nossos potenciais, para que possamos realizá-los da forma mais completa. Buscando um contato maior conosco mesmo, é possível que consigamos conhecer e distinguir melhor nossas emoções (que afetam muito nossas decisões e resoluções de problemas) de nossas intuições, o que pode nos auxiliar a fazer melhores escolhas em nossa vida.    
      Precisamos aprender a dominar e acalmar nossos pensamentos. É preciso harmonizar nossa mente e conquistar uma vida calma e tranqüila. Uma mente sempre agitada irá desequilibrar todas as nossas ações, tornando-nos ansiosos, inquietos, irritadiços, compulsivos, expostos a todo tipo de conflito

                           Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                  Psicóloga Clínica
O Poder das Emoções: elas existem e são poderosas.

 Na vida, nada acontece por acaso, nem acidentes, nem sucessos ou insucessos, nem frustrações, nem mesmo doenças. Tudo tem uma causa, uma determinação, uma história, uma evolução. Tudo parece estar atrelado de alguma forma à nossas crenças, pensamentos, vontades, desejos, emoções, atitudes, comportamentos. Não estamos com isso, subestimando o fator circunstancial. Eles existem, e devem ser levados em conta. Nem todo acidentado o é, simplesmente porque o desejou. Não obstante, a pessoa emocionalmente perturbada, preocupada ou tensa, poderá estar mais distraída ao volante, se deprimida, mais lenta em seus reflexos, se ansiosa ou com raiva poderá imprimir no veículo maior velocidade ou ainda, se estressada, tensa ou culpada, praticar imprudências. Muitos acidentes acontecem após a vítima ter enfrentado problemas sérios de relacionamentos, onde se sentiu injusta, ingrata, infiel, ou deprimida, angustiada, magoada, ou, ainda, hostil, culpada, reprovada, merecedora de punição ou, sem motivos para continuar vivendo. Quando descobrimos a dinâmica mental (consciente ou inconsciente) que está por trás de cada evento, de cada sintoma ou doença, temos oportunidade de compreender melhor o poder das emoções e intervir preventivamente sobre elas. Nosso corpo é a expressão de nossas emoções e desejos. Logicamente, não descartamos outros fatores igualmente importantes na predisposição ou causa das doenças. Nosso interesse, no entanto, é focar, aqui, neste breve espaço, possíveis causas emocionais que interferem em certos acontecimentos, tipos de sintomas ou doenças, muitas delas frutos da observação e pesquisas do inconsciente. A Anorexia e a Bulimia, por exemplo, são transtornos alimentares em que seu portador volta para si toda raiva, negam a vida, consideram-se indignas de viver, de ser amadas, apresentam baixa auto-estima, não se sente uma pessoa boa o suficiente para desfrutar dos prazeres da vida. As alergias geralmente se manifestam em pessoas que reprimem sua agressividade, são hostis, porém contidas. Entre as doenças alérgicas, a asma brônquica é aquela em que a influência do emocional é mais evidente, estando ela relacionada à ansiedade e depressão. Pessoas exigentes consigo próprias e com os outros, podem apresentar-se ansiosas, ter sintomas obsessivos ou contrair doenças como artrite, fibromialgias, dores sem etiologia definida. A enxaqueca pode ser expressão da incapacidade ou impossibilidade de expressar a raiva. A desilusão, a raiva, a mágoa e o ressentimento podem ter expressão orgânica no caso de alguns tipos de câncer. A gastrite pode significar dificuldades em lidar com aborrecimentos, contrariedades, o popular “engolir sapos”. O medo, emoção antecipatória que em determinadas condições pode, também, ser chamado de fobia, é um sintoma de transtorno de ansiedade. Entre outros, a pessoa teme perder coisas, controle, poder, status, ficar sozinha, morrer, ser humilhada. O risco de ocorrência de Infarto de Miocárdio durante um episódio de raiva é nove vezes maior do que em algum outro momento da vida. Todas as emoções vêm acompanhadas por reações fisiológicas. Quando sentimos medo ou raiva, a carga de adrenalina aumenta e faz com que nosso coração dispare e o corpo entre em estado de alerta. Quando estamos felizes, nosso corpo produz mais endorfinas, que resultam em sensação de bem-estar. Reações emocionais como ira, hostilidade, medo, tristeza, depressão, ansiedade, apresentam correlatos de complicados mecanismos, que por influência do Sistema Nervoso, afetam as secreções glandulares, órgãos, tecidos, músculos e o sangue. Quando o organismo é continuamente sobrecarregado por tensões, a reação de estresse será seguida por depressão na esfera psíquica, por queda de resistência imunológica, dando origem à invasão microbiana, virótica ou mesmo “implosão, quando o organismo passa a atacar a si próprio, com as chamadas doenças autoimunes” (Esclerose Múltipla, Diabetes Mellitus insulino-dependentes, Artrite Reumatóide, Lupos Eritematoso Sistêmico etc.). A pele tem sido entendida por autores tradicionais da psicologia como o principal meio de contato do sujeito com o mundo. As Dermatoses são doenças da pele cujo componente emocional é fundamental. A Psoríase é um caso bastante evidente desta relação. Observa-se com freqüência que os seus portadores apresentam características emocionais bastante peculiares que interferem de modo decisivo na recidiva e/ou piora dos sintomas desta doença, sobretudo, no aumento e extensão das lesões. Tanto a falta de controle das emoções como a não expressão das mesmas, são fatores que aumentam a vulnerabilidade frente às distintas enfermidades. Profa. Dra. Edna Paciência Vietta Psicóloga

Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta