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24 de nov. de 2012


Neurose


A palavra “neurótico”, da maneira como costuma ser utilizada hoje, tem sentido impróprio e pode ser ofensiva ou pejorativa. Para muitas pessoas a palavra “neurose” pode ser utilizada como sinônimo de “loucura”. Mas isso não é verdade. A neurose além de doença é uma maneira de a pessoa ser e de reagir diante da vida. Essa maneira de ser, significa que a pessoa reage através de reações vivenciais diferente, das que normalmente as pessoas reagem; seja pelo fato dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem duradouras, ou ainda, pelo fato delas existirem mesmo sem causa aparente. As neuroses são fruto de tentativas ineficazes de se lidar com conflitos e traumas inconscientes. Nesse sentido, o que distinguiria a neurose da normalidade seriam a intensidade do comportamento e a incapacidade da pessoa resolver seus conflitos internos e externos de maneira satisfatória.
A neurose é uma doença causada por motivos inconscientes os quais geralmente garantem ganhos secundários, aparentemente vantajosos ao neurótico. Por exemplo, ser o centro das atenções familiares, obter o domínio do ambiente, evitar responsabilidades, camuflar inseguranças, medos, complexos, baixa auto-estima, etc.
As neuroses se manifestam por meio de sintomas inespecíficos e específicos. Os inespecíficos, ou acessórios, podem existir não só nas neuroses, mas também em outras doenças orgânicas ou psíquicas: depressão, hipocondria, irritabilidade, insônia, dores de cabeça, vertigens, paralisias, cegueira, convulsões etc. Apesar de acessórios, são muito freqüentes nas neuroses, e às vezes dominam o quadro clínico, de modo a mascarar ou encobrir os sintomas específicos.
Os sintomas específicos, ou essenciais, realmente típicos das neuroses, são angústia, fobias, obsessões, conversões (somatizações) e certas inibições, como a impotência sexual.
Em relação à ansiedade, a preocupação e o medo podem causar numerosos distúrbios em muitos indivíduos. Uma neurose deste tipo produz um estado de tensão crônico. Deste grupo fazem parte pessoas que são vítimas de ansiedade e medos de toda sorte. (Medo de elevadores, multidão, micróbios, sexo, loucura, morte e muitos outros fatores). Este sentimento de insegurança as torna sempre irrequietas. Nunca descansam. Permanecem em estado constante de exaustão nervosa.
Os sintomas neuróticos de ansiedade geralmente se desenvolvem em pessoas portadoras de caráter ansioso, ou seja, pessoas que encaram a vida com apreensão, socialmente inseguras, pessimistas e negativistas. Situações vivenciais, perdas significativas, problemas conjugais, crises financeiras e outros conflitos mais sérios, ou ainda, doenças físicas, podem precipitar nestas pessoas um quadro clínico de ansiedade, embora em alguns casos, os sintomas apareçam sem que nenhum fator significativo possa ser evidenciado.
Nossas vivências terão sempre caráter individual e particular em cada um de nós, de acordo com as particularidades de nossos traços afetivos. Os fatos podem ser os mesmos para várias pessoas, as vivências desses fatos, porém, serão sempre diferentes.
Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, propõe em um pequeno artigo datado de 1911 uma análise a respeito de como nos inserimos no mundo e de que maneira nos protegemos daquilo que pode se apresentar como ameaçador ao nosso psiquismo.
Como é possível compreender a relação que o ser humano estabelece com a realidade? Freud se fez estes questionamentos para tentar compreender a realidade e como nos relacionamos com ela, buscando esse conhecimento nos dois princípios que regem o funcionamento mental: o “princípio do prazer” e o “princípio da realidade”.
Freud chama de “princípio do prazer” aos processos primários do desenvolvimento humano, em que o sujeito busca a obtenção de prazer. Caso haja um desprazer, a atividade psíquica se recolhe. A este movimento de recolhimento Freud irá chamar de “recalque”, processo comum no neurótico.
Nem tudo que desejamos podemos concretizar, pois, a realidade (regras morais, cultura, tradição, costumes), regida pelo princípio de realidade, impede que o desejo seja satisfeito de maneira plena, daí a necessidade do recalque. Nesse sentido, o princípio do prazer é uma atividade psíquica, que abdica da imaginação, da fantasia, e concebe o real com todas suas vicissitudes e suas possíveis conseqüências desagradáveis. Daí Freud concluir ser a neurose o resultado de um conflito entre o Ego e o Id, ou seja, entre aquilo que o indivíduo é (ou foi) de fato, com aquilo que ele desejaria prazerosamente ser (ou ter sido).
                   Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                Psicóloga Clínica,

Borderline: entre Neurose e Psicose


Há mais de um século tem se usado o termo borderline, para designar um grupo de pacientes que se caracteriza, basicamente, por apresentar uma alteração mental, patológica, fronteiriça entre a neurose e a psicose.
O termo "borderline" (limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que descreveu esta doença, na década de 1930, como um Transtorno de Personalidade que se situa entre neurose e psicose. O termo carece de maior especificidade daí existir um debate atual com objetivo de renomeá-la.
Pessoas com personalidade limítrofe podem possuir sintomas psiquiátricos diversos, como problemas de identidade e humor instável e reativo, sensações de irrealidade e despersonalização. São pessoas com tendência a comportamento briguento, podendo transformar pequenos problemas em causas extremas (envolvendo autoridades), são impulsivas, sobretudo, autodestrutivas, manipuladoras, podendo apresentar ideação suicida e sentimentos crônicos de vazio e tédio. São exigentes em termos de atenção, e por estarem em freqüentes situações de embates, costumam provocar conflitos, fazer falsas acusações e apresentar comportamento egoísta (narcisista). São vistas como "rebeldes", "problemáticas", geniosas e temperamentais.
Os sintomas aparecem durante a adolescência e se concretizam nos primeiros anos da fase adulta (em torno dos 20 anos), podendo persistir por toda a vida. A fase inicial pode ser desafiadora para o paciente, seus familiares e terapeutas, porém na maioria dos casos a severidade do transtorno diminui com o tempo. Por ser mais evidente na adolescência costuma ser confundida com rebeldia ou descontrole próprio da idade o que leva a família a não se dar conta de estar diante de um distúrbio grave.
Os sintomas mais presentes (nem todos Borderline apresentam todos estes sintomas) são: medo de ser abandonado: necessidade de nunca se sentirem sozinhas, rejeitadas e sem apoio (para estes pacientes a idéia de ficarem sozinhos é torturante), dificuldade de administrarem emoções, atitudes imaturas e inconseqüentes podendo serem confundidos com delinqüentes, coisa que não são. O Borderline, ora é independente e aparentemente seguro, ora é simpático, fragilizado e dependente, porém, seus sentimentos podem variar do amor ao ódio profundo, rapidamente.
 Apresentam instabilidade de humor diferente do Transtorno Bipolar. Enquanto as oscilações deste último duram semanas ou meses, as dos Borderline duram minutos, horas, dias. Essas oscilações de humor são rápidas e incluem depressões, ataques de ansiedade, irritabilidade, ciúme patológico, hetero e auto-agressividade. Por exemplo: uma paciente liga para o consultório pedindo ajuda, desesperada, dizendo estar muito deprimida, que a vida perdeu o sentido e comparece à sessão horas depois, bem humorada, de bem com a vida,
O Borderline apresenta comportamento autodestrutivo (se machuca, se corta, se queima, se arrisca) e quando indagados sobre as causas de tais acidentes informam que assim o fazem para satisfazer uma necessidade irresistível de sentir dor, ou por sentir que a dor no corpo "é melhor que a dor na alma". As tentativas de suicídio, mais freqüentemente são as de impulso, não planejadas. Estes pacientes possuem baixa auto-estima, se sentem desvalorizados e incompreendidos. Desenvolvem admiração e desencanto afetivo por alguém muito rapidamente. Pequenas rejeições provocam grandes emoções. Menos freqüentes são os episódios psicóticos, que podem acontecer em situações específicas quando se sentirem observados, perseguidos, assediados, etc.
O Borderline corre risco aumentado de fazer compras compulsivas, praticar sexo de risco, comer compulsivamente, aderir a Bulimia, Anorexia, desenvolver Depressão, Distúrbios de Ansiedade, Abuso de substâncias, Transtorno Afetivo Bipolar e outros Transtornos de Personalidade.
A causa provável é uma combinação de vivências traumáticas (reais ou imaginadas) na infância, por exemplo, abuso psicológico, sexual, negligência, abandono, terror psicológico ou físico, separação dos pais, orfandade, vulnerabilidade individual, estresse ambiental. É importante saber tratar-se de condição grave que necessita tratamento intenso e contínuo.
São fatores de bom prognóstico: bons relacionamentos familiares, sociais, afetivos, profissionais, participação em atividades comunitárias: igrejas, clubes, associações culturais, artísticas, baixa ou ausência de auto-agressão, baixa ou ausente freqüência de tentativas de suicídio, ser casado, ter filhos, não ser promíscuo.
O tratamento indicado é a associação de Medicamento e Psicoterapia.
A boa notícia é que o Borderline pode ser tratado. O tratamento inclui medicamentos, terapia e o apoio de familiares. “Os sintomas diminuem com a idade e podem até desaparecer completamente entre os 30 e 40 anos”.

           Prova. Dra Edna Paciência Vietta
                   Psicóloga Clínica. 


Reféns do mundo moderno

Tenho observado com certa preocupação mudanças significativas nos hábitos e estilos de vida do homem moderno. Há quem não consiga mais passar um minuto sequer sem o celular, o computador, a internet, vídeo games. Pessoas que viraram reféns das novas tecnologias, que vivem mais no mundo virtual que no mundo real, cujas relações passaram a ser menos presentes fisicamente, que adotam um tipo de convivência superficial, pobre de vínculos afetivos.
Ao mesmo tempo em que as pessoas têm um grande repertório, muita informação, e congregam grandes redes de contato, uma grande porcentagem, geralmente mais jovens, estão se sentindo carentes de apoio social e familiar, dependentes, inseguras, imaturas, incapazes de resolver seus problemas, instáveis emocionalmente ou com tendência a buscar o prazer de forma imediata do celular.
Não há dúvidas de que a tecnologia trouxe conforto e rapidez para a humanidade, por meio dos avanços tecnológicos, a medicina descobriu o tratamento de inúmeras enfermidades, a tecnologia houve grandes progressos para humanidade. Não obstante, assim como os medicamentos que nos ajudam enfrentar doenças, também podem em certas condições apresentar efeitos colaterais. O uso indiscriminado da tecnologia, também pode provocar, quando mal utilizada, seus efeitos indesejáveis. É preciso estar atentos também aos problemas de convivência, comunicação e condutas que possam surgir em conseqüência de certas inovações tecnológica.
Quer um exemplo simples? Ao procurar um emprego, tenha em mente que o técnico de recursos humanos poderá procurar pelo seu nome no Google ou no Orkut. E, nesse caso, você estará exposto a uma avaliação sem muito controle. O que está ali revelado pode ser seu “cartão de visita”. Tanto pode ser uma boa oportunidade como revelar-se uma inconveniência.  Na verdade, devemos navegar dentro de certas regras e limitações.
Muitas pessoas passam horas diante dos dispositivos eletrônicos com sérias conseqüências para a saúde física e mental.
Atualmente, já se incluiu uma nova doença à lista: “esqueleto de notebook”. Trata-se de dor na coluna e cervicais por posturas inadequadas diante do computador.
Outro inconveniente já detectado é a “síndrome da tela” ou incômodo e sequidade ocular, visão embaçada e dupla por fixar a LER (lesão por esforço repetitivo), vista nas diversas telas durante horas. Assim, as lesões por esforços repetitivos, revelam o lado sombrio das novas formas de nos comunicarmos, trabalhar e nos divertir.
O uso incorreto de aparelhos como touchscreen  pode provocar doenças como:  LER, escoliose, lordose. Este recurso consta de tela sensível ao toque, e está presente em diversos aparelhos tais como computadores,  celulares, videogames.
A Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos da Espanha destaca a alta prevalência da síndrome do cotovelo doído, ou “cotovelo de celular”, dada a postura em que usamos o telefone ao falar, provocando uma hiperextensão dos nervos do cotovelo que adormece essa articulação e os dedos. Se a dor se prolonga, o nervo cubital pode se danificar de modo permanente e requerer cirurgia.
O “ouvido de iPod” decorre do tempo prolongado escutando música a mais de 80 decibéis. Isso pode levar a grande perda de audição (o recomendável são 65 decibéis, embora se aceite os 80 como limite).
Algumas dessas patologias – como o “mal do click” – afetam os nervos do pulso e provocam torção nos dedos, tenossinovite (inflamação dos tendões da mão), calcificações ou epicondilalgias (cotovelo de tenista).
Por último, o videogame que simula esportes de verdade (golfe, tênis, boliche…). Muitas vezes o usuário não percebe o esforço e sofre lesões em dedos, pulsos, cotovelos e ombros por não tê-los aquecido.
O que dizer então dos prejuízos emocionais?  Tensões e pressões no trabalho e na família, insônia, depressão e a extenuante possibilidade de não poder desligar, com pena de sentir os efeitos da abstinência. Estamos consumindo muito mais remédios contra a ansiedade. Recebendo informações 24 horas por dia. Estamos muito mais acelerados, conseqüência de mundo veloz e conectado, um ritmo que pode levar grande proporção da sociedade a ter algum distúrbio de ansiedade, por exemplo, síndrome do pânico, fobia social, a depressão ou outro qualquer transtorno mental.
Ninguém está imune ao uso das tecnologias, não há mais como nos livrarmos delas. E contra isso, não há vacinas. Só nos resta prevenir, educar e conscientizar.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica

Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta