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19 de dez. de 2012

ANSIEDADE NO MUNDO PÓS-MODERNO


ANSIEDADE NO MUNDO PÓS-MODERNO





O mundo Pós-Moderno tem sido definido como a Idade da Ansiedade, devido à relação entre esse estado psíquico e o ritmo de vida imprimido pelas sociedades industriais. Nessas sociedades o ser humano é cobrado e pressionado a ser competitivo e consumista de modo que o homem no mundo atual é por si só, fator preditivo para o surgimento da ansiedade, estando todos os seres humanos suscetíveis a ela.
O período em que vivemos tem se estruturado com algumas características bem marcantes: o Materialismo, que associa reconhecimento pessoal através do dinheiro que se tem; o Hedonismo, com a busca de sensações novas e excitantes; a Permissividade, que cria um clima de impunidade e individualismo; o Relativismo, que em articulação com a permissividade predispõe à criação de éticas subjetivas e individuais e o Consumismo, que associado ao materialismo nos fala de uma nova forma de liberdade - a de consumir.
A Pós-Modernidade traz como efeitos colaterais pelo menos dois grandes males relacionados a ritmo de vida: intolerância e ansiedade. A intolerância está geralmente relacionada à espera. Somos cobrados e estimulados a dar conta de nossas tarefas em uma velocidade muito grande, somos presas da intolerância diante da espera. Esta intolerância piora muito as relações humanas, tornando-nos vítimas da pressa. Esta demanda tão incisiva relacionada ao cumprimento de metas, e à velocidade de desempenho tem sido apontada como uma das principais causas de ansiedade no homem pós-moderno.
Ansiedade, é uma característica biológica do ser humano que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis, tais como uma sensação de vazio no estômago, taquicardia, medo intenso, aperto no tórax, transpiração etc.
A ansiedade sempre esteve presente em toda a existência humana, porém somente nos últimos anos vem tomando maior significância para os pesquisadores, que visam à investigação dos efeitos desse estado sobre o organismo e o psiquismo humano.
Ansiedade é um estado interior de pressa permanente. Ocorre como uma necessidade de resolver logo todas as dificuldades, de fazer tudo imediatamente, como se tudo fosse urgente ou indispensável. A pessoa ansiosa quer terminar tudo rapidamente, “tudo para ontem”. Assim, o ansioso nunca consegue relaxar, pois está sempre inquieto, apressado, está sempre vivendo coisas que ainda estão por vir, de forma antecipada. Dessa forma, não consegue viver o presente; nunca está inteiramente envolvido naquilo que está fazendo. Com o tempo este sentimento torna-se tão intenso, que começa a causar incômodo. No entanto, não podemos dizer que a ansiedade seja de tudo mal, na verdade, na dose certa, ela é necessária e até mesmo útil, para nos mobilizar recursos para o enfrentamento do dia a dia, podendo ser considerada como um sinal de alerta, que adverte sobre possíveis perigos e ameaças iminentes.
É importante diferenciarmos a ansiedade recorrente do dia a dia, dos Transtornos de Ansiedade, onde estão inclusos: Ataque de Pânico, com ou sem Agorafobia (ansiedade de estar em lugares onde uma saída emergencial seria difícil; fobia específica (por exemplo, medo de insetos, animais, sangue, avião, elevador); Fobia Social (ansiedade provocada pela exposição a certas situações); Transtorno Obsessivo Compulsivo (mais conhecido como TOC, ocorrem obsessões e/ou compulsões); Transtorno de Estresse Pós Traumático (revivência de eventos traumáticos); Ansiedade Generalizada (ansiedade e preocupações persistentes); Transtorno de Ansiedade de separação; Transtornos de Ansiedade devido a condições médicas; Transtorno de Ansiedade induzido por substâncias.
Transtornos de Ansiedade compreendem os quadros em que há a presença de ansiedade acentuada, que desempenha papel fundamental nos processos comportamentais e psíquicos do indivíduo, causando-lhe prejuízos em seu desempenho profissional e/ou acadêmico e nas relações sociais.
Para definir se o estado ansioso é normal ou patológico, deve-se avaliar a intensidade e freqüência com que ocorre, duração, e a interferência com o desempenho social e profissional do indivíduo. Dessa forma, a ansiedade patológica se diferencia da ansiedade normal, pois paralisa o indivíduo, trazendo-lhe prejuízos e não permitindo sua preparação para lidar com situações de ameaças.
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta