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26 de jan. de 2013

Coping religioso e Saúde Física e Mental


Coping religioso e Saúde Física e Mental


Coping religioso e Saúde Física e Mental

Coping, palavra inglesa sem tradução literal em português, significa grosso modo “lidar com”, “adaptar-se a”, “enfrentar” ou “manejar”. Alguns estudos brasileiros traduzem coping por enfrentamento.
Coping tem um papel central na relação entre religiosidade, espiritualidade e saúde e pode ser melhor definido como o conjunto de estratégias utilizadas por uma pessoa para se adaptar a circunstâncias de vida adversas. Na perspectiva da Psicologia da Religião, Coping significa a busca por significado em tempos de estresse, “um processo através do qual os indivíduos procuram entender e lidar com as demandas significativas de suas vidas” (Pazine, 2004).
A religião oferece uma variedade de métodos ou estratégias de Coping, que, engloba uma série de comportamentos, emoções, cognições e relações.
Já dissemos anteriormente o quanto a religião pode melhorar a saúde promovendo práticas saudáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento psíquico. Portanto, a religião pode ser um fator psicossocial e biológico benéfico na recuperação de doenças físicas e mentais.
Dito em outras palavras, crenças religiosas quando bem orientadas (não fanatismo) podem influenciar a maneira como pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento e problemas vitais. Nessa circunstância a religiosidade pode proporcionar à pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida, gerando paz, autoconfiança e, uma imagem positiva de si mesmo. Podem ainda, reduzir a sensação de desamparo e perda de controle que acompanham doenças físicas. A percepção de uma relação com Deus pode oferecer uma visão de mundo que proporciona socorro e sentido a doença e ao sofrimento humano.
No entanto, crenças religiosas também podem gerar culpas, dúvidas, ansiedade e depressão por aumento da autocrítica e autopunição. Instituições religiosas podem ainda levar pessoas a estabelecer maneiras de agir e pensar extremamente rígidas e inflexíveis, e nesse caso, favorecer o desencadeamento de transtornos emocionais, desestimulando, por exemplo, a busca precoce de tratamento e cuidados médicos necessários.
Profissionais de saúde mental ainda apresentam dificuldades em lidar com a religiosidade e espiritualidade de seus pacientes, no entanto, algumas universidades já despontam o interesse em oferecer treinamento adequado para essa intervenção.
Benefícios que utilizam práticas religiosas bem orientadas são bem vindos desde que não se excluam tratamentos médicos e medicamentosos e sejam respeitadas a individualidade e diversidade de crenças de cada um.
No aspecto negativo encontramos pessoas, que quando enfermas, aderem naturalmente a recursos que possam de alguma forma devolver-lhes rapidamente a saúde e o bem-estar. Estando mais vulneráveis podem ser presas fáceis de manipulação e influências na utilização de métodos que prometem curas milagrosas, retardando, assim, a busca por tratamentos médicos e psicológicos.
 Do lado positivo temos que a aderência a práticas religiosas pode levar as pessoas a adotarem hábitos de vida saudável, como evitar o tabagismo, o alcoolismo, drogadição, promiscuidade. Tais providências podem evitar alguns tipos de cânceres (pulmão, estômago, cavidade oral, faringe, esôfago, laringe e bexiga, AIDS), e outras doenças.
Estudos mostram que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros, “acalmam”, liberando hormônios como acetil colina, endorfina, serotonina, etc., produzindo relaxamento muscular, serenidade, resguardando o corpo físico, melhorando a digestão e absorção de nutrientes, facilitando o sono, aliviando dores físicas, corrigindo a hipertensão arterial, diminuindo a ansiedade, depressão, etc.
Outra função das crenças religiosas pode ser a de alterar a atividade do sistema imunológico, prevenindo dessa forma o estresse. A alteração imunológica do indivíduo poderá levá-lo a maior propensão em apresentar doenças mediadas por fatores de imunidade. Um estudo concluiu que um aumento de interleucina-6 (fator imunológico) está aumentado no sangue de pessoas que não freqüentam regularmente cultos religiosos, quando comparadas com praticantes religiosos. A interleucina-6, geralmente se encontra elevada no plasma de indivíduos submetidos ao estresse constante. Dessa forma, pessoas religiosas teriam mais "resistências" aos fatores estressantes do dia-a-dia, ou seja, melhor adaptação psicológica.
As crenças ou atividades religiosas também podem produzir um estado de relaxamento do Sistema Nervoso Central (SNC), associado a uma diminuição da atividade do Sistema Nervoso Simpático, aumentando assim a resposta imunológica, e evitando-se dessa forma várias doenças psicossomáticas.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
                Psicóloga Clínica

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta