Coping religioso e Saúde Física e Mental
Coping
religioso e Saúde Física e Mental
Coping, palavra inglesa sem tradução literal em português, significa
grosso modo “lidar com”, “adaptar-se a”, “enfrentar” ou “manejar”. Alguns
estudos brasileiros traduzem coping por enfrentamento.
Coping tem um papel central na relação entre
religiosidade, espiritualidade e saúde e pode ser melhor definido como o
conjunto de estratégias utilizadas por uma pessoa para se adaptar a
circunstâncias de vida adversas. Na perspectiva da Psicologia da Religião, Coping significa a busca por
significado em tempos de estresse, “um processo através do qual os indivíduos
procuram entender e lidar com as demandas significativas de suas vidas”
(Pazine, 2004).
A religião
oferece uma variedade de métodos ou estratégias de Coping, que, engloba uma série de comportamentos, emoções,
cognições e relações.
Já dissemos
anteriormente o quanto a religião pode melhorar a saúde promovendo práticas
saudáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em
situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas
cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento
psíquico. Portanto, a religião pode ser um fator psicossocial e biológico
benéfico na recuperação de doenças físicas e mentais.
Dito em
outras palavras, crenças religiosas quando bem orientadas (não fanatismo) podem
influenciar a maneira como pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento
e problemas vitais. Nessa circunstância a religiosidade pode proporcionar à
pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida,
gerando paz, autoconfiança e, uma imagem positiva de si mesmo. Podem ainda, reduzir
a sensação de desamparo e perda de controle que acompanham doenças físicas. A
percepção de uma relação com Deus pode oferecer uma visão de mundo que
proporciona socorro e sentido a doença e ao sofrimento humano.
No entanto,
crenças religiosas também podem gerar culpas, dúvidas, ansiedade e depressão
por aumento da autocrítica e autopunição. Instituições religiosas podem ainda
levar pessoas a estabelecer maneiras de agir e pensar extremamente rígidas e
inflexíveis, e nesse caso, favorecer o desencadeamento de transtornos
emocionais, desestimulando, por exemplo, a busca precoce de tratamento e
cuidados médicos necessários.
Profissionais
de saúde mental ainda apresentam dificuldades em lidar com a religiosidade e
espiritualidade de seus pacientes, no entanto, algumas universidades já despontam
o interesse em oferecer treinamento adequado para essa intervenção.
Benefícios que utilizam práticas religiosas bem
orientadas são bem vindos desde que não se excluam tratamentos médicos e
medicamentosos e sejam respeitadas a individualidade e diversidade de crenças
de cada um.
No aspecto negativo encontramos pessoas, que quando
enfermas, aderem naturalmente a recursos que possam de alguma forma
devolver-lhes rapidamente a saúde e o bem-estar. Estando mais vulneráveis podem
ser presas fáceis de manipulação e influências na utilização de métodos que
prometem curas milagrosas, retardando, assim, a busca por tratamentos médicos e
psicológicos.
Do lado
positivo temos que a aderência a práticas religiosas pode levar as pessoas a
adotarem hábitos de vida saudável, como evitar o tabagismo, o alcoolismo,
drogadição, promiscuidade. Tais providências podem evitar alguns tipos de cânceres
(pulmão, estômago, cavidade oral, faringe, esôfago, laringe e bexiga, AIDS), e
outras doenças.
Estudos mostram que a prática de princípios
religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros,
“acalmam”, liberando hormônios como acetil colina, endorfina, serotonina, etc.,
produzindo relaxamento muscular, serenidade, resguardando o corpo físico,
melhorando a digestão e absorção de nutrientes, facilitando o sono, aliviando
dores físicas, corrigindo a hipertensão arterial, diminuindo a ansiedade,
depressão, etc.
Outra função das crenças religiosas pode ser a de
alterar a atividade do sistema imunológico, prevenindo dessa forma o estresse.
A alteração imunológica do indivíduo poderá levá-lo a maior propensão em
apresentar doenças mediadas por fatores de imunidade. Um estudo concluiu que um
aumento de interleucina-6 (fator imunológico) está aumentado no sangue de
pessoas que não freqüentam regularmente cultos religiosos, quando comparadas
com praticantes religiosos. A interleucina-6, geralmente se encontra elevada no
plasma de indivíduos submetidos ao estresse constante. Dessa forma, pessoas
religiosas teriam mais "resistências" aos fatores estressantes do
dia-a-dia, ou seja, melhor adaptação psicológica.
As crenças ou atividades religiosas também podem
produzir um estado de relaxamento do Sistema Nervoso Central (SNC), associado a
uma diminuição da atividade do Sistema Nervoso Simpático, aumentando assim a
resposta imunológica, e evitando-se dessa forma várias doenças psicossomáticas.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica
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