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29 de abr. de 2012



Tricotilomania: que mania é esta? 





A tricotilomania foi descrita pela primeira vez em 1889, por Hallopeau, sendo atualmente classificada entre os transtornos de hábito e de controle de impulsos. Caracteriza-se por comportamento recorrente de arrancar os próprios cabelos, aumento da tensão imediatamente antes de arrancar (quando a pessoa tenta resistir ao comportamento), e sentimento de prazer, satisfação ou alívio após arrancá-los. Consiste num descontrole recorrente, resultando em perda capilar perceptível.
Os locais de onde os cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.
O ato de arrancar cabelos pode ocorrer em breves episódios ao longo do dia, ou em períodos menos freqüentes, porém mais prolongados, que podem se estender por horas. Algumas pessoas apresentam outros comportamentos associados como: brincar ou esfregar com o polegar e o indicador os cabelos que arrancam, morder a raiz do cabelo, e outras manias como, cutucar a pele ou roer unhas (onicofagia). Circunstâncias estressantes freqüentemente aumentam esse comportamento, mas ele também pode ocorrer em estados de relaxamento e distração, (por ex., assistindo televisão ou lendo um livro.
            Como qualquer outro comportamento desviante, a tricotilomania se apresenta em diversos graus, revelando-se desde pequenas falhas nos cabelos ou áreas de alopecia até a calvície total. Na maioria das vezes, este comportamento começa na infância ou adolescência. As justificativas da pessoa portadora de tal distúrbio são: sensação irresistível de coceira, impossibilidade de resistir ao impulso, ansiedade antes de começar o ato e a sensação de alívio da ansiedade, após arrancar fios de cabelo.
Pessoas com tricotilomania sentem-se envergonhadas pelo seu comportamento e sua aparência, por isso, tendem esconder o quanto possível o problema de sua família e amigos, ou negam o comportamento, daí ser de difícil diagnóstico. Vergonha e desconforto podem ter repercussões graves na auto-estima, na carreira e na vida social do portador, embora este procure disfarçar recorrendo a penteados elaborados, apliques,  perucas, bonés e chapéus.
            O aspecto mais complicado deste distúrbio é a ingestão de partes do cabelo, como as raízes, ou do cabelo inteiro, podendo levar ao desenvolvimento de "bolos" de cabelos no estômago ou intestinos, o que é raro, mas perigoso. Á tricotilomania é mais comum do que se pensa, é um transtorno como outro qualquer, só que um pouco mais esquisita e de tratamento demorado. A causa é desconhecida. Familiares destes pacientes apresentam maior incidência de distúrbios de ansiedade, Tricotilomania, Distúrbio Obsessivo-compulsivo, Síndrome de Tourette, Síndrome do Pânico e Depressão. Provavelmente existe uma combinação de fatores genéticos que provocam a disfunção de Neurotransmissores, associada a problemas emocionais que desencadeiam os sintomas.
Fatores psicológicos e emocionais a serem levados em conta são: emoções desagradáveis, solidão, ansiedade, tensão, raiva, tristeza, rejeição, culpa, carência afetiva. Fatores ambientais como, atividades sedentárias e contemplativas, durante as quais as mãos estão livres e/ou a mente desocupada são agravantes.
Nestes casos, culpar a pessoa por arrancar cabelos é o mesmo que culpar um asmático por não conseguir respirar. Crítica, raiva e acusações não vão diminuir o problema e podem aumentar a vergonha, a depressão, a ansiedade e a baixa auto-estima que freqüentemente acompanham e intensificam a compulsão.
O tratamento mais indicado é a terapia cognitivo-comportamental associada à terapia medicamentosa, com resultados há longo prazo. O diagnóstico não é confirmado se o ato de arrancar os cabelos for explicado pela presença de transtorno mental (por ex., em resposta ao delírio ou alucinação) ou se por condição médica geral (por ex., inflamação da pele ou outras condições dermatológicas). O distúrbio pode causar prejuízos significativos no funcionamento afetivo, profissional, ocupacional e social do indivíduo. Os jovens são os mais atingidos por este transtorno. Por se tratar de patologia com sinais evidentes e repercussão na auto-estima, não deve ser negligenciada, já que é causa de grande desconforto e de perdas consideráveis.


                          Profa.Dra. Edna Paciência Vietta
                                   Psicóloga Clínica



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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta