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29 de abr. de 2012

DISTIMIA

Distimia 

Descrita pela primeira vez nos anos 80, a DISTIMIA foi reconhecida pela medicina como uma forma crônica de depressão leve. O portador de Distimia passa, às vezes, a vida toda sendo considerado pelos outros como sendo “baixo astral”, melancólico, mal-humorado. São pessoas que não têm muita tolerância para com as imperfeições dos outros. Possuem baixa auto-estima e são extremamente autocríticas, têm habilidades sociais pouco desenvolvidas, podendo se prejudicar pelas dificuldades de relacionamentos com colegas de escola, de trabalho, familiares, namorados, companheiros ou cônjuge. Dado seus comportamentos negativistas, rígidos, ranzinzas, acabam recebendo tratamento pejorativo, refletindo em estímulos negativos e reforçando, ainda mais, sua visão negativa do mundo.

Várias são as causas deste transtorno, entre elas, podemos citar: relacionamentos familiares complicados na infância; pais abusivos, agressivos, ausentes, distímicos. Em famílias que tenham mais membros que sofram de Depressão, Pânico, e outros distúrbios que interferem no metabolismo de certas substâncias cerebrais, abuso de álcool, tranqüilizante e/ou drogas ilícitas, reações de estresse extremo, etc. O distímico só enxerga o lado negativo do mundo, são sistemáticos, é o tipo de pessoa que não manifesta alegria por muito tempo, que se queixa da sogra, do chefe, do cachorro, do vizinho. Aborrecem-se quando chove, faz sol, calor, frio, da rotina, enfim é um eterno insatisfeito. Tudo é motivo para reclamação, nervosismo e irritação. Essas pessoas são hipersensíveis e se ofendem com muita facilidade, parecem sempre tensas, contidas, na defensiva, de difícil relacionamento. Reconhecem sua inconveniência quanto à rejeição social, mas não conseguem se controlar. Suas reações são imprevisíveis. Nunca se sabe como agir com elas, daí serem muitas vezes rejeitadas evitadas. Não se sentem doentes, mas sim, prejudicadas, rejeitadas, incompreendidas, injustiçadas. A desculpa recai sempre no ambiente, nas pessoas a sua volta, nas circunstâncias, etc. É comum, a queixa vir de um cônjuge, namorado, ou familiar, geralmente por afetá-lo, ou ser parte de seu problema (conviver com uma pessoa distímica).

O distímico é bastante resistente a tratamento, só buscando ajuda quando sua depressão passa a incomodá-lo, o que geralmente acontece quando esta, já se tornou grave. São pessoas que superestimam os aspectos negativos dos acontecimentos. Qualquer tarefa será sempre considerada “cavalo de batalha”. Tudo é feito por obrigação, nada por prazer. O sentimento de infelicidade o domina o tempo todo. Vivem irritadas, às vezes, fazem grosserias, magoando ou ofendendo pessoas, brigando por qualquer motivo. A pessoa distímica passa a maior parte do dia de mau-humor (ou humor deprimido), além disso, pode sentir cansaço, baixa energia, desânimo, preocupação excessiva, insônia ou sonolência, falta ou excesso de apetite, sensação de inadequação, queixas físicas (náusea, vômito, cefaléia, enxaqueca), dificuldade em tomar decisões, falta de concentração, etc. Como os sintomas são relativamente atípicos, a DISTIMIA pode ser confundida com um traço de personalidade, ou natureza da pessoa. Embora, trata-se de depressão leve, isso não significa ser menos grave, já que estas pessoas apresentam sofrimento razoável, sentem-se rejeitadas, deslocadas, além de correrem 30% mais riscos de desenvolverem quadros depressivos graves, como Transtorno de Pânico, Dependência de álcool e drogas ilícitas, idéias suicidas, daí ser sempre prudente consultar um especialista. Este transtorno atinge pelo menos 180 milhões de pessoas no mundo e 5% da população geral ao longo da vida, acometendo duas a três vezes mais mulheres do que homens. Normalmente, os sintomas aparecem no início da vida adulta perdurando por vários anos, às vezes, a vida toda. Quando não tratada, a depressão interfere de modo significativo na qualidade de vida das pessoas. A diferença entre o distímico e outros mal-humorados é que os últimos reclamam de um problema, mas mudam de humor quando obtém a solução, enquanto o distímico, segue procurando justificativas para continuar mal-humorado. É bom esclarecer que nem todo mal-humorado pode ser considerado distímico. Só podemos afirmar que mau-humor é doença quando estiver acompanhado dos sintomas mencionados e for percebido de forma constante por longo tempo. É importante saber que o distímico não consegue se curar sozinho. A boa notícia é que a doença tem cura quando adequadamente tratada.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta