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13 de set. de 2012


Psicossomática: entre a Psicologia e Biologia



Os chamados "sintomas psicossomáticos", em função de sua natureza, são fenômenos privilegiados para a reflexão sobre as relações entre a mente e o corpo e, portanto, entre a biologia e a psicologia. As doenças psicossomáticas questionam a divisão que se faz entre doenças físicas e psíquicas, como se fossem de natureza diferente. Essa divisão decorre da tradição cartesiana que separa a mente do corpo.
A medicina reconhece que algumas doenças orgânicas têm suas causas relacionadas à vida emocional ou a traumas psíquicos. Por outro lado, é inegável que algumas doenças psíquicas estejam associadas a alterações somáticas, particularmente à atuação de neurotransmissores. Alguns doentes somáticos respondem à psicoterapia, assim como medicações psicotrópicas susta sintomas psíquicos. Portanto, há que se aceder a uma nova ordem epistemológica que supere a tradicional divisão mente-corpo.
Não há mais como se negar a interação profunda entre fatores orgânicos e psíquicos e, portanto, pode-se considerar ao menos em tese que toda doença seja psicossomática."
O uso corrente na literatura médica define somatização como a tendência para vivenciar distúrbios e sintomas que não encontram explicação patológica em exames clínicos e laboratoriais. Como um termo genérico que significa a representação física de uma dor emocional. Essa dor pode ser gerada por conflito, medo, dúvida, ciúmes, inveja, luto ou até mágoa, mas sempre com repercussões no corpo.
Somatizar significa expressar o sofrimento emocional sobre forma de queixas físicas, é transformar problemas de natureza emocional (mal resolvidos) em sintomas ou doenças de natureza física, orgânica ou psicossomática. É, portanto a manifestação de queixas somáticas, sem substrato orgânico, onde se verifica sofrimento psicológico, às vezes intenso, leva como já dissemos em artigo anterior, a pessoa procurar uma confirmação diagnóstica clínica onde , no caso, não existe. Embora pareça repetitivo, o tema da somatização é oportuno no mundo atual, sobretudo, pela presença do estresse da vida moderna, a pressa, a cobrança desenfreada e suas conseqüências somáticas. 
A somatização consiste na manifestação de sintomas físicos em resposta ao estresse emocional. Esses transtornos se expressam sob a forma de queixas (e quem não as tem?) como, dores de estômago, de cabeça, cansaço, dores no peito, dificuldades respiratórias, taquicardia, palpitações, problemas dermatológicos. Entre os exemplos mais comuns estão as síndromes depressivas e ansiosas como o pânico, as fobias. 
Os somatizadores tendem a ser preconceituosos quanto a problemas de natureza psicológica ou emocional, por esse motivo, podem apresentar um curso crônico de doença, o que pode levá-los a grave comprometimento funcional e precária qualidade de vida. .
O conceito de somatização tem sido utilizado com freqüência no meio médico e psiquiátrico, embora sua clara significação permaneça obscura para muitos dos seus usuários.
 A existência de outros conceitos, embora distintos, mantêm correlações, entre os quais podemos citar a conversão, transtornos somatoformes, hipocondria e as chamadas “doenças psicossomáticas”,
É um distúrbio tão freqüente e frustrante para o pacientes, uma vez que as pessoas de seu convívio acabam desconsiderando suas queixas, por vezes repetitivas ou reincidentes. Assim, a somatização pode comprometer a qualidade de vida do paciente e seu relacionamento familiar, profissional e social devendo ser abordada com embasamento científico adequado.
O primeiro princípio na condução destes pacientes é compreender seu sofrimento e desenvolver uma atitude de acolhimento e compreensão. Do ponto de vista médico, os sintomas podem parecer exagerados e as queixas, irracionais, mas o sofrimento apesar de um fenômeno subjetivo - quase sempre é verdadeiro. A incapacidade de reconhecer este sofrimento pode ser interpretada pelo paciente como indiferença, rejeição ou "banalização" de sua doença. Portanto, se você convive ou identifica alguém de sua família com tais características à melhor atitude é procurar compreender seu sofrimento e tentar convencê-lo a procurar ajuda profissional.


      Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
            Psicóloga Clínica

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta