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24 de fev. de 2013

Hoarding ou Síndrome de Diógenes


                                      
                                                                                                              
                                        “Guardiache cosa fa schifo è che dovete”


                                                            
                              “Quem guarda o que não presta, tem o que não precisa”                   
A princípio, não há nada de errado em se colecionar ou guardar objetos, a não ser que o acúmulo passe a ser tal que se torne algo inconveniente, impróprio e incomodo por apresentar problemas de espaço, de acesso, de organização e higiene às pessoas.
Colecionar pode ser uma atividade interessante, um hobby. Nesse tipo de atividade o objetivo a ser alcançado é o de ampliar suas coleções (selos, carros, canetas, etc.). Colecionadores se utilizam desta atividade para interagirem entre si e trocarem informações o objeto de seu interesse. É, também, uma forma prazerosa de competir e exibir publicamente e com orgulho seus espécimes raros. Neste caso, nada há de prejudicial, que possa necessitar da intervenção de especialistas do comportamento.
No entanto, quando em excesso, em exagero e descontrolado vira mania (mania de guardar objetos inúteis), e a prática do colecionismo passa a ser um sintoma de Transtorno mental associado ao transtorno do Obsessivo-compulsivo e à depressão.
Antropólogos dizem não haver vida, nem histórias, isentas de objetos. Objetos são elementos mais simbólicos do que funcionais. Eles são carregados de valor afetivo. Não se trata simplesmente de possuir coisas, mas principalmente de guardar as memórias que esses objetos representam. Daí a existência de museus, as coleções de selo, carros, moedas, e até de pilhas de revistas no canto da estante. Muitos dos acervos de obras de arte expostas ao público resultam do colecionismo de pessoas abastadas.
Enquanto sintoma, o colecionismo refere-se a um padrão de comportamento caracterizado pelo acúmulo de objetos com questionável valor utilitário ou material, associado à intensa dificuldade para fazer o descarte, resultando ao longo do tempo, em prejuízo da qualidade de vida do indivíduo.
O transtorno não deve ser diagnosticado como tal se os itens são colecionados exclusivamente como hobby, ou se o comportamento não resultar em um ambiente doméstico bagunçado ou não causar sofrimento ou comprometimento significativos.
Quando identificado como sintomas ou síndrome (conjunto de sintomas) especialistas afirmam trata-se de uma perturbação definida por três características principais: coleção obsessiva de bens ou objetos que parecem inúteis para a maioria das pessoas, incapacidade de se livrar de qualquer um dos objetos ou bens recolhidos e um estado de aflição ou de perigo de falta permanente.
Nesses casos, a acumulação compulsiva — é também chamada de disposofobia e consiste na aquisição ou acumulo ilimitado de quinquilharias que já foram colocados no lixo. As pessoas que sofrem desta perturbação, na maioria idosa, (embora também acometa pessoas mais jovens, ou de bom nível econômico e intelectual) acumulam tudo o que podem para mais tarde (quem sabe?) solucionar uma “eventual emergência”. Além disso, são incapazes de descartar objetos ou bens mesmo quando eles são inúteis, perigosos ou insalubres. Essas pessoas perdem a noção de organização e higiene e a falta de noção em jogar fora coisas desnecessárias e grande apego por elas.
Em casos graves, o ambiente onde estas pessoas vivem, torna-se intransitável, entulhadas de lixo e sujeira, portas e janelas bloqueadas por objetos e papéis empilhados com riscos de incêndio e infestação de vermes, excrementos e detritos de animais de estimação.
A acumulação compulsiva ficou conhecida como Síndrome de Miséria Senil ou Síndrome de Diógenes, em referência ao filósofo grego, Diógenes de Sinope — que vivia como mendigo, dormia num barril e recolhia da rua inúmeros objetos sem valor.
O acumulador compulsivo no seu extremo é, por vezes, apelidado de “colecionador de lixo”, uma vez que reúne objetos que produzem maus cheiros, atraindo insetos e roedores. Essas pessoas, também podem juntar livros, revistas, ferramentas, recipientes, metais, móveis, eletrodomésticos, entre outros materiais, correspondendo à imagem dos andarilhos que juntam todo o tipo de velharias.
Tal como a maior parte dos comportamentos obsessivos, a acumulação compulsiva começa de uma maneira lenta e desenvolve-se de uma forma progressiva. Quase nunca a solução é simples, isenta de conflitos, hesitação e recaídas. O apoio de especialistas e a orientação da família são fundamentais.
São criadas estratégias para iniciar o descarte, classificar o que deve ser mantido e o que pode ser vendido, reciclado, doado, ou jogado no lixo, sem hesitação. Define-se um limite para o quanto de cada item poderá ser mantido na casa, qual área deverá ser preservada para circulação e outros usos que não o armazenamento. O bloqueio do colecionismo é um projeto amplo, trabalhoso e vale cada minuto do esforço.

                   Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                         Psicóloga Ribeirão Preto

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta