Reféns do mundo moderno
Tenho observado com certa preocupação mudanças
significativas nos hábitos e estilos de vida do homem moderno. Há quem não
consiga mais passar um minuto sequer sem o celular, o computador, a internet,
vídeo games. Pessoas que viraram reféns das novas tecnologias, que vivem mais
no mundo virtual que no mundo real, cujas relações passaram a ser menos
presentes fisicamente, que adotam um tipo de convivência superficial, pobre de
vínculos afetivos.
Ao mesmo tempo em que as pessoas têm um grande
repertório, muita informação, e congregam grandes redes de contato, uma grande
porcentagem, geralmente mais jovens, estão se sentindo carentes de apoio social
e familiar, dependentes, inseguras, imaturas, incapazes de resolver seus
problemas, instáveis emocionalmente ou com tendência a buscar o prazer de forma
imediata do celular.
Não há dúvidas de que a tecnologia trouxe
conforto e rapidez para a humanidade, por meio dos avanços tecnológicos, a
medicina descobriu o tratamento de inúmeras enfermidades, a
tecnologia houve grandes progressos para humanidade. Não obstante, assim
como os medicamentos que nos ajudam enfrentar doenças, também podem em certas
condições apresentar efeitos colaterais. O uso indiscriminado da tecnologia,
também pode provocar, quando mal utilizada, seus efeitos indesejáveis. É
preciso estar atentos também aos problemas de convivência, comunicação e
condutas que possam surgir em conseqüência de certas inovações tecnológica.
Quer um exemplo simples? Ao procurar um emprego,
tenha em mente que o técnico de recursos humanos poderá procurar pelo seu nome
no Google ou no Orkut. E, nesse caso, você estará exposto a uma avaliação sem
muito controle. O que está ali revelado pode ser seu “cartão de visita”. Tanto
pode ser uma boa oportunidade como revelar-se uma inconveniência. Na
verdade, devemos navegar dentro de certas regras e limitações.
Muitas pessoas passam horas diante dos dispositivos
eletrônicos com sérias conseqüências para a saúde física e mental.
Atualmente, já se incluiu uma nova doença à lista:
“esqueleto de notebook”. Trata-se de dor na coluna e cervicais por posturas
inadequadas diante do computador.
Outro inconveniente já detectado é a “síndrome da
tela” ou incômodo e sequidade ocular, visão embaçada e dupla por fixar a LER
(lesão por esforço repetitivo), vista nas diversas telas durante horas. Assim,
as lesões por esforços repetitivos, revelam o lado sombrio das novas formas de
nos comunicarmos, trabalhar e nos divertir.
O uso incorreto de aparelhos como touchscreen pode
provocar doenças como: LER, escoliose, lordose. Este recurso consta de
tela sensível ao toque, e está presente em diversos aparelhos tais como
computadores, celulares, videogames.
A Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos da
Espanha destaca a alta prevalência da síndrome do cotovelo doído, ou “cotovelo
de celular”, dada a postura em que usamos o telefone ao falar, provocando uma
hiperextensão dos nervos do cotovelo que adormece essa articulação e os dedos.
Se a dor se prolonga, o nervo cubital pode se danificar de modo permanente e
requerer cirurgia.
O “ouvido de iPod” decorre do tempo prolongado
escutando música a mais de 80 decibéis. Isso pode levar a grande perda de
audição (o recomendável são 65 decibéis, embora se aceite os 80 como limite).
Algumas dessas patologias – como o “mal do click” –
afetam os nervos do pulso e provocam torção nos dedos, tenossinovite
(inflamação dos tendões da mão), calcificações ou epicondilalgias (cotovelo de
tenista).
Por último, o videogame que simula esportes de
verdade (golfe, tênis, boliche…). Muitas vezes o usuário não percebe o esforço
e sofre lesões em dedos, pulsos, cotovelos e ombros por não tê-los aquecido.
O que dizer então dos prejuízos emocionais?
Tensões e pressões no trabalho e na família, insônia, depressão e a extenuante
possibilidade de não poder desligar, com pena de sentir os efeitos da
abstinência. Estamos consumindo muito mais remédios contra a ansiedade.
Recebendo informações 24 horas por dia. Estamos muito mais acelerados,
conseqüência de mundo veloz e conectado, um ritmo que pode levar grande
proporção da sociedade a ter algum distúrbio de ansiedade, por
exemplo, síndrome do pânico, fobia social, a depressão ou outro
qualquer transtorno mental.
Ninguém está imune ao uso das tecnologias, não
há mais como nos livrarmos delas. E contra isso, não há vacinas. Só nos resta
prevenir, educar e conscientizar.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga
Clínica
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