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16 de nov. de 2009

TDAH : desatenção, hiperatividade e impulsividade

TDAH : desatenção, hiperatividade e impulsividade

Nenhum outro distúrbio tem sido tão estudado nos últimos tempos quanto o TDAH, que atinge cerca de 5 a 10% das crianças em idade escolar, causando grande impacto na infância, juventude e na idade adulta.

Estudos mostram que aproximadamente 60 a 70% das crianças com TDAH evoluirão com sintomas da doença na vida adulta, onde a prevalência mundial para essa faixa etária (adultos) gira em torno de 4%, número bastante expressivo, por sinal. Infelizmente a grande maioria nem sabe que tem o transtorno ou nunca nem ouviu falar de TDAH.

Pesquisas mostram que apenas uma pequena parcela dos nossos adolescentes e adulto recebe diagnóstico correto, algo em torno de 8%. Dos que recebem tratamento, a maioria ainda é submedicada.

Sabe-se que o transtorno acomete de modo adverso a qualidade de vida, não só do seu portador, mas também de toda a família, exigindo de grande esforço para entender e lidar com seus sintomas.

Não é fácil conviver com o indivíduo portador de TDAH e muito menos para próprio

portador. Tanto, que entre portadores de TDAH, o número de divórcios é cerca de quatro vezes mais, quando comparado à população geral. As brigas são constantes, as queixas inúmeras, a falta de dinheiro quase sempre é a regra. Na relação entre esses cônjuges as desavenças são freqüentes e as queixas mais comuns são: atrasos freqüentes, mudanças de plano sem aviso prévio, esquecimentos de datas importantes (aniversário de namoro ou de casamento), falta de atenção quando o/a parceiro/a está de roupa nova, quando a televisão ou o computador se torna mais importante que ela, da impulsividade ou falta de autocontrole, etc.

O portador de TDAH geralmente é rotulado por seu parceiro e familiares como incompetentes, irresponsáveis, preguiçosos e tantos outros adjetivos negativos que fazem sua auto-estima desabar de modo vertiginoso. Na verdade seu problema é de desmotivação, depressão ou outra outro problema emocional ou psiquiátrico.

Segundo a ABDA (Sociedade Brasileira de Deficit de Atenção e Hiperatividade) crescer sem diagnóstico e tratamento para o TDAH pode trazer efeitos devastadores para um adulto. Para alguns, ter um diagnóstico significa colocar a vida inteira dentro de uma perspectiva correta e trazer compreensão para dificuldades sentidas desde sempre. A auto-estima é instantaneamente modificada, pois percepções negativas de si mesmo - "preguiçoso, lerdo, desastrada, avoada, maluco"- não são mais justificadas. Há uma razão para esses comportamentos!

Sabemos que pessoas que possuem o Transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade têm dificuldades em prestar atenção, controlar suas emoções e as atividades excessivas e que existem três tipos de TDAH, o desatento, o hiperativo e o tipo combinado. (desatento e hiperativo).

A falta de atenção sustentada é um problema, a pessoa não mantém a atenção por muito tempo numa reunião, seu pensamento o leva para longe, parece estar no mundo da lua, se distrai com qualquer estímulo externo e não sabe em que ponto parou para reiniciar uma atividade ou conversação, e em conseqüência muda de atividade freqüentemente, deixando as coisas por terminar. Também perde muitos objetos por causa da sua desorganização.

Já falamos em artigos anteriores que o transtorno é caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que associados ao prejuízo das funções executivas, geralmente transformam a vida do portador em um verdadeiro caos, pois geralmente por falta de informação, o parceiro não compreende o cônjuge portador, e este último acaba sentindo-se rejeitado. O casal acaba se cansando da instabilidade que se instala com brigas freqüentes e desentendimentos constantes e a relação se desgasta. É claro que o TDAH não é o responsável por todos os casos de conflitos conjugais e que nem todos os portadores de TDAH apresentam o mesmo tipo de evolução de sintomas. No entanto, o TDAH/DDA deixa seqüelas emocionais crônicas em seu portador, como sentimento de fracasso precoce, baixa auto-estima e autoconfiança, sentimento de humilhação, instabilidade, descrença de si próprio, autocomiseração, entre outros.

A impulsividade no TDAH se traduz pela dificuldade em inibir comportamentos inadequados. Nesses casos costuma-se dizer que uma das características do TDAH é tomar atitudes sem pensar, o que muitas vezes é a causa de conflitos conjugais e até mesmo rejeição por parte das pessoas. É bom lembrar que tais comportamentos podem fazer parte da vida de qualquer um, ou seja, que sintomas isolados não fazem o diagnóstico do TDAH. Só quando os sintomas estão presentes de forma exagerada e prejudicial em vários setores da vida (acadêmica, familiar e social) é que se pode pensar na possibilidade de TDAH.



Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

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Psicoterapia e seus benefícios



Os últimos avanços na área da Psicologia e Psicoterapia têm permitido alcançar resultados cada vez melhores e mais significativos. Apesar de ser considerado um tratamento oneroso, a psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um procedimento econômico. Pesquisas indicam que a aplicação efetiva da psicoterapia diminui os índices de transtornos mentais, internações hospitalares, idas aos prontos socorros, a auto-medicação e seus malefícios, e consumo indevido de psicotrópicos, outros medicamentos, etc.
Além dos benefícios que traz para a saúde psicológica da pessoa, a psicoterapia melhora a qualidade de vida, favorece a aquisição de autonomia, aumento de auto-estima, dando uma nova orientação em relação à vida das pessoas. A psicoterapia tem se mostrado um tratamento economicamente compensador, por prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados adequadamente, trazem enormes prejuízos pessoais, conjugais, sociais e profissionais, com repercussão na situação econômica e afetiva das pessoas (perdas financeiras, compulsões, divórcios, separação, perda de emprego ou de oportunidade de ascensão no trabalho, etc.).
Em nossa atividade profissional, temos observado que a maioria das pessoas que tem comparecido à clínica, em busca de ajuda psicológica, o faz por vontade própria, outros vêm por insistência ou pressão da família. Os que comparecem por esta última via, geralmente, apresentam maior dificuldade em aderirem ao tratamento, neste caso demoram um pouco mais a se engajarem no processo. É importante dizer que a psicoterapia só funciona a partir do momento em que o cliente desejar ser ajudado e aceitar o tratamento, ou seja, sem engajamento não há terapia. A experiência tem mostrado que as pessoas que procuram ajuda espontaneamente respondem melhor ao tratamento e têm melhor aproveitamento que aquelas que se submeteram às decisões de terceiros. Os que tomaram iniciativa própria, geralmente se deram conta de que algo diferente estava acontecendo com elas, sentiram necessidade de buscarem ajuda e obtiveram grande alívio ao poderem expressar seus sentimentos de forma adequada. Alguns destes sentimentos foram manifestos através da verbalização de insatisfação como forma da pessoa reagir a certos acontecimentos, frustrações com sua situação familiar, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, falta de iniciativa ou disposição para realizar atividades cotidianas, posturas habitualmente pessimistas, oscilação de humor, medos irracionais, pânico, timidez, ansiedade, depressão, ciúme, desânimo, entre outros. Ainda, como motivos desta procura foram indicados: a percepção de que o padrão de comportamento utilizado por essas pessoas não lhes proporcionava vida estável e equilibrada, que o jeito habitual de ser, lhes causava problemas e prejuízos consideráveis na vida pessoal, social e profissional, sendo, muitas vezes, impeditivos para o estabelecimento de relacionamentos satisfatórios.
Temos presenciado pessoas que procuram ajuda psicológica por, de repente, se deram conta de que os problemas foram se acumulando ao longo da vida e soluções foram sendo postergadas às expensas do estresse causado, culminando em agravamento de conflitos pessoais, conjugais e profissionais. Algumas pessoas ficaram surpresas em terem permitido que seu estado emocional pudesse chegar a tal nível. Tais pessoas se questionaram como puderam negligenciar sua saúde mental e conviverem com tantos problemas, suportando tantos sofrimentos. Mais surpresas ficaram quando descobriram as conseqüências negativas, que poderiam ter evitado (algumas delas irreversíveis), caso tivessem buscado ajuda apropriada, no momento adequado. As pessoas se mostraram arrependidas por não terem tomado iniciativa antes, tomando consciência do preço que tiveram que pagar por permanecerem em conflitos consigo e com os outros, sobretudo, com os mais próximos e significativos (filhos, pais, cônjuges, etc.). Admitiram o quanto viveram infelizes, derrotadas, amargas, mal-humoradas, quando poderiam ter desfrutado melhor as oportunidades da vida. Pessoas que já poderiam ter alcançado sucesso em sua vida conjugal, familiar, profissional, encontram-se hoje, sem rumo, desorientadas frustradas, sem perspectivas futuras por falta de autoconhecimento e auto-estima. Quantas delas insistem em resolver os problemas por si próprias, sem obterem resultados desejados, se acomodando a eles por medo, orgulho, preconceito, teimosia, ou mesmo, por ignorarem os recursos psicológicos disponíveis. Ainda, assim, muitas resistem recorrerem a esta alternativa, mesmo sabendo ser esta, o recurso efetivo para instrumentá-las a lidarem adequadamente com seus conflitos.

Auto-estima: sucessos e fracassos

A auto-estima é um sentimento essencial à sobrevivência psicológica, no entanto, as exigências do mundo moderno parecem estar tornando tal conquista uma tarefa penosa e difícil de ser atingida. Haja vista suas implicações freqüentemente detectadas nas queixas dos clientes tanto jovens, como adultos e idosos que procuram ajuda psicológica, entre elas: a timidez, a insegurança, a depressão, a dependência afetiva, o ciúme excessivo, etc.
A crise de valores parece ser outra conseqüência desta presença constante, um dos sintomas emocionais freqüentes. Muitos sentimentos de inferioridade podem ser influenciados por valores distorcidos pela mídia, por publicidades apelativas, por apelos ao consumismo, pelo culto ao corpo, por ideologias consumistas.
O mundo moderno supervaloriza o novo, o belo, o perfeito, o forte, os mais jovens, a performance sexual, as proezas atléticas, o poder, as posses materiais, mas não valoriza da mesma forma, o amor, a simpatia, o caráter, a amizade, a alegria, a paz, a fé, a tolerância, a fidelidade, a compreensão, as tradições, a disciplina, os valores morais. Quando falamos de auto-estima estamos referindo-nos ao grau de aceitação de nós mesmos, do grau de estima que adotamos frente ao conceito que fazemos de nós. Nossos sentimentos afetam nossa auto-estima de maneira positiva ou negativa. O sentimento de auto-estima é a percepção valorativa de nosso ser, da importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, e desta, depende toda nossa realização pessoal e profissional. É a partir dela que tomamos decisões, fazemos escolhas e nos relacionamos e interagimos com o meio familiar, profissional e social.
Da auto-estima depende nossos sucessos e fracassos, uma vez que vinculada a um conceito positivo de nós mesmos, pode potencializar nossas capacidades e talentos, desenvolver habilidades, aumentar nosso grau de segurança pessoal e nos levar a postura otimista frente a novas conquistas. Isto implica no sentimento de estarmos de bem com a vida, de sermos aceitos e amados pelo que somos. Por outro lado, também é certo que auto-estima em excesso pode se constituir num transtorno para o relacionamento quando a pessoa se torna convencida, arrogante, egoísta, podendo, muitas vezes, ser confundida com a personalidade narcísica.
Estudos recentes, realizados por pesquisadores da Califórnia, afirmam que auto-estima muito elevada pode levar à frustração e até mesmo à delinqüência. Segundo os pesquisadores, a pessoa que não sabe dosar sua auto-estima traz danos a si própria e à sociedade, pois esta atitude pode extrapolar os níveis saudáveis da competitividade e exacerbar a agressividade e a intolerância. O ideal é a ponderação entre os extremos.
A auto-estima negativa faz com que a pessoa não confie em si própria, nem em suas possibilidades, se desvalorizando e se sentindo inferior às outras pessoas. A pessoa com baixa auto-estima está sempre com a sensação de desvantagem, incapacidade, sentimento de que nunca chegará a ter o mesmo rendimento que os outros e acaba se convencendo disso. A autocrítica dura e excessiva, imposta pela baixa auto-estima, imprime estados de insatisfação da pessoa consigo própria, indecisão crônica, medo exagerado do insucesso, e de equivocar-se, ser criticado, humilhado, rejeitado, etc. Esta condição faz com que o indivíduo se retraia e desista de seus intentos.
O autoconceito e a auto-estima, em dose adequada, favorecem o sentido de identidade, constitui marco de referência, já que interpretar a realidade externa e às próprias experiências, influem no rendimento, condiciona as expectativas e a motivação, contribuindo de forma efetiva para o controle emocional e conseqüentemente para o equilíbrio psíquico.
O autoconhecimento é o caminho para auto-realização e o processo que leva à auto-estima. À medida que a pessoa identifica e aceita suas qualidades e defeitos, estará aberta para o conhecimento e reconhecimento de seus sentimentos, desejos e vontades, estará dando um grande passo para o autoconhecimento. Em geral, experiências positivas, e bons relacionamentos ajudam a aumentar a auto-estima, enquanto experiências e relações problemáticas a diminuem.
Seja uma pessoa bem sucedida cuidando de sua saúde emocional.




Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Psicoterapeuta